O Centro Médico e de Reabilitação e Oficina Ortopédica da APAE de Campo Grande (CER/APAE), tem transformado vidas e realizado sonhos, por meio do Método Therasuit®. Programa intensivo individual que potencializa o ganho de força, funcionalidade, endurecimento, coordenação e equilíbrio.
O Método Therasuit® foi criado nos Estados Unidos, baseado numa veste criada por pesquisadores russos para contrapor os efeitos negativos vividos pelos astronautas (atrofia muscular, osteoporose) devido à falta de ação da gravidade em suas viagens espaciais. Um casal de fisioterapeutas e pais de uma criança com paralisia cerebral, estudaram e desenvolveram este novo método de tratamento para reabilitar sua filha.
O progresso das evidências científicas associado à melhora significativa dos pacientes faz deste método o preferido nos EUA para tratar pessoas com desordem neuromuscular, que precisam de repetições intensas de exercícios para aprender a adquirir nova habilidade motora.
O TheraSuit é um programa intensivo individual elaborado a partir de avaliação específica e minuciosa para a identificação dos reais déficits do paciente. Com a duração de quatro semanas e sessões diárias de 3 horas.
O CER/APAE conta com uma equipe de fisioterapeutas treinada e capacitada para realizar o Método Therasuit®em crianças. Para realizá-lo na instituição, o usuário precisa estar em tratamento na fisioterapia da unidade. O setor encaminha aos profissionais do Therasuit, que avaliam a pessoa para saber se é apta ao método, de acordo com os critérios de elegibilidade.
A usuária do CER/APAE, Maria Clara Escobar, de 3 anos, que tem microcefalia, epilepsia e paralisia cerebral, realizou o II módulo do método na instituição em dezembro, junto à Fisioterapeuta Camila Soares.
Durante as quatro semanas, Maria Clara contou com o apoio fundamental do seu gatinho Miau, da mãe Ivelyn Escobar e da sua irmã Isabela Escobar.
Maria Clara é usuária no CER/APAE desde o seu primeiro ano de vida, onde faz reabilitação com a equipe multiprofissional, utilizando os serviços de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição, além de receber órteses, cadeira de rodas e andador da oficina ortopédica do CER/APAE. Maria também tem todo respaldo da APAE de Campo Grande em relação a médicos, como neurologista, geneticista e pediatra.
Iniciando o método, no primeiro dia Maria Clara foi avaliada pela fisioterapeuta Camila Soares, que traçou objetivos de como trabalharia com a criança.
Para Maria Clara, haviam dois objetivos traçados: o da família e o da fisioterapeuta. “Para a família, o objetivo é que ela consiga andar sozinha com o andador. Já o meu objetivo, como fisioterapeuta, é que a Maria seja capaz de levantar do chão com apoio, andar segurando nos móveis e com apoio do andador. Para isso, ela precisa ganhar força muscular, integrar reflexos primitivos, melhorar propriocepção, equilíbrio estático e dinâmico, ter noção de espaço e integrar sistema sensorial”, explicou Camila Soares.
A Maria Clara iniciou o método já conseguindo sentar sozinha e engatinhando, como forma de deslocamento. “O que queremos agora é que ela perca o medo e consiga se levantar do chão e andar segurando nos objetos ao redor, para que tenha mais independência”, contou a fisioterapeuta.
O Método Therasuit® tem ajudado a Maria Clara no ganho de força muscular, nas integrações de reflexos primitivos ainda presentes, que atrapalha no ganho de função, também ajuda no ganho de propriocepção e ajustes dos sistemas sensoriais. “Esse medo que ela tem e o desequilíbrio em pé, por exemplo, no Therasuit conseguimos organizar todos os sistemas e integrá-los para melhor desempenho da função”, destacou Camila Soares.
A fisioterapeuta utilizou os exercícios resistidos com sistema de polias, que é possível usar pesos e ter ganho de força muscular, também o sistema de spider, em que conseguiu manter a Maria Clara fixa nas posturas desejadas, que sem os elásticos não seria possível pela falta de força que ela apresenta, e o traje com cordas elásticas em locais específicos para ativar musculaturas desejadas, com melhora na postura e ganho de funções motoras.
Resumidamente, as sessões consistiram em fortalecimento muscular, treino proprioceptivo (elástico) onde fica em pé sozinha e treino da função (caminhar com o andador).
De acordo com Camila Soares, ao final do método, nas primeiras semanas de janeiro de 2024, Maria Clara teve uma melhora significativa na locomoção com o andador. Ela foi capaz de levantar do banco segurando no andador e andar empurrando-o. Melhorou a força muscular, o equilíbrio, alinhamento postural, principalmente da perna direita que se apresentou no início com flexão de joelho, fazendo pouca descarga de peso neste membro e, ao final, ela já mantinha em repouso as duas pernas estendidas. “Além disso, a Maria agora consegue ficar em pé apoiada em uma mão só para brincar com a outra, anda de lado segurando nos móveis, engatinha, se está no chão ela se levanta e fica em pé com apoio, o que significa que o medo que a mãe relatou no início ela não sente mais. Agora, a Maria não fica mais parada numa posição, ela mesma tem interesse em sair do lugar, está mais ativa”, avaliou a fisioterapeuta.
Coordenador Técnico do CER/APAE, Leonardo Moreira Leal, destacou a importância do método feito pela unidade da APAE de Campo Grande para as crianças com deficiência do Estado de Mato Grosso do Sul. “O método não é invasivo, busca a evolução do usuário e apresenta resultados que impressionam e encantam, ocasionando grandes conquistas, antes inimagináveis, num curto espaço de tempo. Ficamos extremamente felizes pelo fato de, por meio do nosso trabalho, conseguir proporcionar o desenvolvimento das habilidades motoras e melhorar a qualidade de vida dessas crianças”, afirmou.
A mãe Ivelyn Escobar comemora a evolução da Maria Clara, por meio do Método Therasuit®. “A Maria começou a subir e a descer do sofá sozinha e está dando alguns passos se apoiando. A APAE de Campo Grande tem nos ajudado muito, a Camila fez com que ela ganhasse massa muscular, adotou métodos excelentes durante o tempo que ela ficou fazendo o Therasuit e trouxe benefícios para a Maria, que até comer sozinha e querer colocar a roupa já está começando”, comemorou.
Para Maria, a mãe acredita que o céu é o limite e sonha em vê-la andar, falar e socializar melhor com outras pessoas.
Sobre os serviços da APAE de Campo Grande, Ivelyn agradece pela ajuda recebida, não somente com a sua filha, mas, com todas as crianças que passam pela instituição. “Parabéns a todos os colaboradores da APAE/CG por me proporcionarem um atendimento qualificado e com profissionais excelentes, se tornaram para Maria e para mim a nossa segunda família”, agradeceu.
Sobre a veste TheraSuit: A veste TheraSuit é uma órtese dinâmica, constituída de cordas elásticas específicas e antialérgicas, ajustadas de acordo com a necessidade do paciente. A veste auxilia emitindo informações contínuas dos proprioceptores do alinhamento correto. Assim são inibidos movimentos reflexos e há uma maior permanência no padrão postural mais próximo do normal, aprendendo ou reaprendendo alguns movimentos. Com o auxílio da veste o tronco ganha maior estabilidade e coordenação das extremidades.
*Com informações PROsense.
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