![O luthier Gustavo Crespe em seu ateliê onde além de violões fabrica também alaúdes e outros instrumentos pouco convencionais - Crédito: Divulgação](https://cdn.progresso.com.br/img/pc/780/530/dn_arquivo/2021/10/gustavo-crespe.jpg)
Dourados possui vários luthiers (nome dado aos que se especializam na construção, de modo artesanal, dos instrumentos de corda, além de fazer o reparo e regulagem de instrumentos como violão, violinos, violas, contrabaixos, e todos os tipos de guitarras) bons. No caso do luthier (e também virtuose no violão clássico) Gustavo Crespe, o mínimo que se pode dizer é que ele é certamente um profissional diferenciado. Gustavo é exímio na atividade, mas vai muito além, como verá o leitor no decorrer desta reportagem.
A trajetória de Gustavo no ramo da confecção de instrumentos começou meio que por acaso, fazendo uma “gambiarra” no violão de um amigo. Deu certo: pelo menos conseguiram encordoar e afinar o violão. Mas a vocação Gustavo já tinha. Quando teve umas aulas de capoeira, por exemplo, seu principal gosto era dar uma “geral” nos berimbaus.
Mais tarde, Gustavo passou a frequentar a luthieria de João Domingos, um espaço meio improvisado e com ferramentas criadas pelo próprio João. O olhar curioso e a vocação se uniram e chegou um momento em que o rapaz curioso foi orientado a seguir seu próprio caminho. Gustavo não teve dúvidas: juntou uma “grana” e comprou as ferramentas fundamentais para iniciar a atividade: uma serra circular, uma plaina manual, formão, lixadeira e outros pequenas ferramentas úteis para dar acabamento e etc nos instrumentos. Isso aconteceu em 2008, ano que Gustavo considera marco inicial da sua carreira como luthier.
Claro que, já dominando o violão clásssico e conhecendo vários músicos e o próprio mercado musical voltado para música clássica, sobretudo no que tange à oferta de bons (e acessíveis) instrumentos, Gustavo não tomou a decisão de investir em material e em estudo apenas “por poesia”. “Raramente um violonista consegue extrair um bom som, passar a mensagem, se não tocar com m um violão artesanal, feito à mão e com a observância de cada detalhe. Notei que aqui havia poucas marcas efetivamente boas e as que haviam eram muito caras. Vi então que eu poderia fazer bons violões, que não ficassem nada a dever às marcas tradicionais, e a preços mais acessíveis, já que segundo meus próprios amigos músicos o custo era o grande entrave para que eles tivessem bons violões”, contou Gustavo em entrevista a O Progresso concedida no espaço no qual confecciona os instrumentos. Gustavo leva cerca de três meses na confecção de um violão, tempo que seria menos, exp0lica, se não tivesse que dividir entre outras atividades, como consertos e reparos e também à sua carreira como instrumentista.
Quando no início desta reportagem afirmou-se que Gustavo é um luthier “diferenciado” é porque o moço não “estacionou” após aprender o ofício e pela dedicação a estudar e fazer intercambio de conhecimento com músicos da estirpe de Eduardo Martinelli, uma das referias da música clássica de MS, com músicos de São Paulo e outros estados. É um dos poucos a confeccionar (e tocar com maestria) alaúdes, instrumento que, assim como o violão e a viola, possui um braço com trastos, sendo mais largo e curto. A extremidade deste braço, que é onde se localizam as cravelhas para a afinação das cordas, é muito inclinada. Em geral tem onze cordas, sendo cinco duplas e uma simples. Tocá-lo não é para amadores. Fazê-lo menos ainda. Gustavo Crespe deu uma “palhinha” para reportagem nesse tipo de inestrumento lendo uma tablatura escrita à mão no ano 1750. Sem dúvidas, um dos melhores luthiers da cidade. Em termos de amplitude de conhecimentos, é certamente um dos melhores do estado.
Serviço
O atelier do luthier Gustavo Crespe fica localizado na Rua Brasil, 1400, Dourados-MS, e o contato é (67) 99345-3223.
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