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As crises passam, as gerações se sucedem

23 Jan 2016 - 07h00Por Do Progresso
As crises passam, as gerações se sucedem -
Wilson Valentim Biasotto


Não há na história da humanidade um único reino, império, ou república, que não tenha passado por crises, variáveis é verdade, umas mais leves e outras tão intensas que provocam mudanças profundas na economia e na sociedade em que atingem. Desde as mais remotas descobertas históricas assistimos a períodos de desenvolvimento, estabilidade e crises. Alguns historiadores franceses chegaram a classificar dois tipos de crises, as de longa duração e as de curta duração. Também registraram esses ciclos os historiadores alemães denominando-os de ondas longas e curtas.


Tomemos o exemplo de uma crise de longa duração: o declínio e queda do Império Romano. Há historiadores que atribuem o início do declínio romano em 278, quando foi criada a tetrarquia (governo exercido por quadro dirigentes), outros apontam o ano 395, ano em que o Império foi dividido entre Oriente e Ocidente. A queda definitiva do grande império deu-se em 476, portanto durante quase dois séculos os romanos viveram um período de crise de longa duração, intermeado por ciclos de curta duração, ou seja, com pequenos períodos de recuperação e outros de crise mais sofrida.


No mundo capitalista o quadro não se apresenta diferente. Particularmente penso que estamos vivendo desde a grande quebra de 1929, um período favorável, só que intermeado por crises de curta duração, a exemplo da crise atual, da crise de 2008 e também da de 1973. Quem, em idade adulta nesse ano, não se lembra da dificuldade que tínhamos em abastecer nossos carros. Em decorrência dessa crise do petróleo é que nasceu o Proálcool, programa que tornou o Brasil pioneiro na fabricação de carros movidos à álcool e depois o desenvolvimento dos carros flex.


Quando ocorrem as crises de curta duração, muita gente acha que o mundo vai acabar, e algumas acabam com o seu próprio mundo, cometendo suicídio. Quantos cafeicultores não deram fim à própria vida quando a crise da bolsa norte-americana atingiu em cheio o Brasil em 1930?


As pessoas que estudaram o processo histórico sabem que por mais que as crises de curta duração tragam sofrimento, elas são passageiras. A humanidade tem sido suficientemente capaz de combater e superar crises, ou adaptando o modo de produção existente ou contribuindo, até inconscientemente, para a formação de um novo modelo de produção. Assim é que já tivemos o modo de produção primitivo, o modo de produção escravagista, o modo de produção feudal e vivemos atualmente sob a égide do modo de produção capitalista.


Tenho insistido em minhas últimas crônicas que a crise pela qual estamos passando é uma crise do capital e não desse ou daquele país, muito embora a grande mídia, especialmente a Globo, insista em tentar transferir apenas para o governo brasileiro o ônus da crise. Quase não assisto à televisão, mas é praticamente impossível deixar de ver vez ou outra um noticiário ou programas comandados por analistas globais. Fico impressionado em verificar como a Globo conseguiu, ao longo dos anos, formar uma equipe tão homogênea. Não há uma única exceção, são todos defensores do neoliberalismo ou ao menos do liberalismo econômico e, pior, dificilmente levam para os debates alguém que fuja dessa linha de pensamento.


Há um ou outro caso em que o convidado ousa discordar do comentarista/entrevistador. Dias atrás tive a oportunidade de testemunhar uma dessas exceções. O comentarista tentava mostrar que a crise é profunda e que o governo brasileiro é o responsável por ela. O entrevista, um embaixador, cujo nome não memorizei, disse algo que muita gente deixa passar despercebida: daqui há uns anos o mundo terá nove bilhões de bocas ávidas por comida, e você pode derrubar o preço do aço, do ferro, do petróleo, mas a demanda por comida será tão crescente que os preços, mesmo variando um pouco para baixo (como ocorre agora), não deixará de contribuir positivamente na balança comercial de países como o Uruguai, a Argentina (quem nem adubo precisa para produzir bem), Paraguai e, especialmente o Brasil.


Não errou quem profetizou que o Brasil seria o celeiro do mundo. Quanto ao petróleo, parece-me que a sua extração nunca teve custo tão baixo. Sejamos, portanto, otimistas, vamos produzindo para o consumo interno e reservando para o futuro as nossas jazidas.

Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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