Dourados – MS domingo, 05 de maio de 2024
35º
Direitos humanos

Uma em dez famílias enfrenta insegurança alimentar moderada ou grave

Mais de 20 milhões de brasileiros convivem com o problema, diz IBGE

25 Abr 2024 - 14h45Por Vitor Abdala, Agência Brasil - Rio de Janeiro
Uma em dez famílias enfrenta insegurança alimentar moderada ou grave
 - Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A insegurança alimentar moderada ou grave atingia 7,4 milhões de famílias brasileiras (ou 9,4% do total) no último trimestre de 2023. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (25).

Segundo o IBGE, esses mais de 7 milhões de lares que convivem com a redução na quantidade de alimentos consumidos ou com a ruptura em seus padrões de alimentação abrigam 20,6 milhões de pessoas.

A metodologia da pesquisa envolve um questionário sobre a situação alimentar do domicílio nos 90 dias que antecederam a entrevista. “A gente não fala de pessoas [individualmente], a gente fala de pessoas que vivem em domicílios que têm um grau de segurança ou insegurança alimentar”, destaca o pesquisador do IBGE Andre Martins.

O domicílio é, então, classificado em quatro níveis, segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O grau segurança alimentar demonstra que aquela família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente.

De acordo com o IBGE, 56,7 milhões de famílias brasileiras (que reúnem 152 milhões de pessoas) encontram-se nessa situação.

O grau insegurança alimentar leve afeta 14,3 milhões de famílias (43,6 milhões de pessoas) e significa que há preocupação ou incerteza em relação aos alimentos no futuro, além de consumo de comida com qualidade inadequada de forma a não comprometer a quantidade de alimentos.

Já a insegurança alimentar moderada atinge 4,2 milhões de famílias (11,9 milhões de pessoas) e demonstra redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos.

Por fim, a situação mais severa é a insegurança alimentar grave, que representa uma redução quantitativa de comida e ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. São 3,2 milhões de famílias, ou 8,7 milhões de pessoas, que se encontram nesse cenário.

Orçamentos familiares

Na comparação com o último levantamento sobre segurança alimentar, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada em 2017 e 2018, no entanto, houve uma melhora na situação.

O percentual de domicílios em situação de segurança alimentar subiu de 63,3% em 2017/2018 para 72,4% em 2023. Já aqueles que apresentavam insegurança alimentar moderada ou grave recuaram de 12,7% para 9,4%. A insegurança alimentar leve também caiu, de 24% para 18,2%.

“A gente teve todo um investimento em programas sociais, em programas de alimentação, principalmente esses programas de [transferência de] renda. Isso reflete diretamente na escala de insegurança alimentar, que responde bem a esse tipo de intervenção”, afirma Martins. “A recuperação da renda, do trabalho também se reflete na segurança alimentar”.

Outro indicador que provoca melhora da situação é a redução dos preços dos alimentos. Em 2023, por exemplo, os produtos alimentícios para consumo no domicílio tiveram queda de preços de 0,52%.

O pesquisador do IBGE Leonardo de Oliveira ressalta, no entanto, que não é possível atribuir apenas ao ano de 2023 o avanço ocorrido, uma vez que se passaram cinco anos entre a POF 2017/2018 e a Pnad Contínua do quarto trimestre de 2023. E não houve nenhuma pesquisa do IBGE sobre segurança alimentar entre essas duas.

“É importante ter em mente que esse movimento não são melhorias de um único ano. O resultado aqui é consequência de todos os movimentos da renda e movimentos de preço que aconteceram entre esses dois períodos”, destaca Oliveira. “Esse resultado não é apenas do que aconteceu no último ano, embora coisas que tenham acontecido nesse último ano são importantes”.

A situação de segurança alimentar, no entanto, ainda está inferior àquela observada no ano de 2013, quando o assunto foi abordado pela Pnad. Naquele ano, a segurança alimentar era garantida a 77,4% dos lares, enquanto a insegurança alimentar leve atingia 14,8% dos domicílios, a insegurança moderada, 4,6% e a insegurança grave, 3,2%.

Deixe seu Comentário

Leia Também

Em um mês, mais de 4 mil pessoas registraram em cartório desejo de doar órgãos
Solidariedade

Em um mês, mais de 4 mil pessoas registraram em cartório desejo de doar órgãos

05/05/2024 13:30
Em um mês, mais de 4 mil pessoas registraram em cartório desejo de doar órgãos
Show de Madonna reúne 1,6 milhão de pessoas em Copacabana
Rio de Janeiro

Show de Madonna reúne 1,6 milhão de pessoas em Copacabana

05/05/2024 11:30
Show de Madonna reúne 1,6 milhão de pessoas em Copacabana
Cheia do Guaíba coloca Porto Alegre em alerta de mais inundação
Rio Grande do Sul

Cheia do Guaíba coloca Porto Alegre em alerta de mais inundação

05/05/2024 10:15
Cheia do Guaíba coloca Porto Alegre em alerta de mais inundação
Mortes por chuvas no RS chegam a 66 e ultrapassam tragédia de 2023
Rio Grande do Sul

Mortes por chuvas no RS chegam a 66 e ultrapassam tragédia de 2023

05/05/2024 09:45
Mortes por chuvas no RS chegam a 66 e ultrapassam tragédia de 2023
MTur disponibiliza R$ 100 milhões para empreendedores turísticos afetados pelas chuvas no RS
Turismo

MTur disponibiliza R$ 100 milhões para empreendedores turísticos afetados pelas chuvas no RS

05/05/2024 09:00
MTur disponibiliza R$ 100 milhões para empreendedores turísticos afetados pelas chuvas no RS
Últimas Notícias