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“Voz é cartão de visita, uma arma poderosa”

04 Nov 2015 - 07h00
“Voz é cartão de visita,  uma arma poderosa” -
Toda alteração vocal é vivida com angústia, ansiedade e, geralmente, é agravada pelo comportamento emocional. Segundo o fonoaudiólogo Ademir Garcia Baena, é fundamental lembrar que a voz revela saúde, segurança, confiança, credibilidade, sobriedade, conhecimento, principalmente o nosso estado emocional; é o cartão de visita, uma arma poderosa. “Na voz é possível detectar as sombras e a luminosidade de cada um”, pondera Baena.

Ademir Baena foi professor do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Unigran (Voz na Mídia – Rádio e TV). É graduado em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, especialista em Fonoaudiologia Clinica e Voz com aperfeiçoamento em Distúrbios de Aprendizagem e Dislexia; aprimoramento em Eletroestimulação Aplicada às Disfagias e Disfonias.

Fez estágio em Voz na Universidade Estadual do Arizona, em Tempe (EUA), Centro de Voz da Universidade de Medicina de Pittisburgh (EUA), Universidade British Columbia, em Vancouver (Canadá) e no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Santa Maria da Faculdade de Medicina de Lisboa (Portugal).

É sócio fundador da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, criou o Serviço de Atendimento Fonoaudiológico Público de Dourados em Unidade de Saúde, o Projeto Estadual de Saúde Vocal do Professor, o Programa de Saúde Vocal do Professor do Município de Dourados e o Programa de Saúde Vocal “Viva Voz” da Universidade Estadual (UEMS). Confira a entrevista.

Distúrbio na voz tem relação com "estado de espirito"? Como otimizar esta postura?

Com certeza, a voz é emoção, traduz o nosso “estado de espirito”, revela o que somos, o que sentimos e como enxergamos o mundo. A voz é considerada uma das extensões mais fortes da nossa personalidade e alterações emocionais podem comprometer a qualidade desta. Diante de um quadro de disfonia (distúrbio), classificada como psicogênica, necessário se faz investigar e buscar atendimento apropriado.
Toda alteração vocal é vivida com angústia, ansiedade e geralmente é agravada pelo comportamento emocional. Fundamental lembrar que a voz revela saúde, segurança, confiança, credibilidade, sobriedade, conhecimento, principalmente o nosso estado emocional. Na voz é possível detectar as sombras e a luminosidade de cada um.

Quais os fatores determinantes? E no trabalho?

Traumas emocionais: perda de um ente querido, fim de um relacionamento, doenças, problemas financeiros, quadros depressivos, entre outros. No trabalho, podemos considerar a falta de reconhecimento profissional, problemas de relacionamento, adversidades outras encontradas no ambiente de trabalho, estresse, fatores estes que podem desencadear a chamada Disfonia Psicogênica, e outros tipos de disfonias.

Como prevenir? O que empregadores podem fazer para evitar este tipo de distúrbio laboral?
A melhor forma de prevenção é a informação, levar conhecimentos sobre a Saúde Geral e sobre o uso adequado da voz, isto pode ser feito através de programas preventivos através de cursos e palestras.
Os empregadores deveriam adotar tais posturas, fomentar atividades anti-estresse como caminhadas, ciclismo, eventos culturais (canto, pinturas, artesanatos) que podem ajudar diminuir o estresse, prevenindo distúrbios vocais, desencadeados por fatores emocionais, lembrando que este distúrbio é resultado de estresse psicossocial crônico ou agudo.

Qual faixa etária atinge? E na infância?
Há uma predominância no sexo feminino, na faixa de idade entre 30 e 50 anos. Na infância, caso de Disfonia Psicogênica não é muito comum, mas podem ocorrer casos durante a “muda vocal”, conhecida como Falsete Mutacional.
No entanto, vale lembrar que aqueles casos que apresentam rouquidão persistente devem ser encaminhados para uma consulta com especialista da voz. Considerando que a criança encontra-se em fase de formação de caráter e personalidade, os problemas vocais na infância, requerem investigação precisa e uma atenção especial.

Que sinais devem ser investigados? Que especialistas se deve procurar?

Perda súbita da voz, cansaço e esforço vocal, voz sussurrada, soprosidade, tensão, rouquidão, ardência, falhas na voz e desconforto laríngeo, quadros de afonia etc. Sempre que houver problemas de voz, deve-se procurar o médico otorrinolaringologista ou o fonoaudiólogo, que são os profissionais capacitados para avaliar a voz.

Há tratamento pelo SUS? Qual o caminho?
A saúde é um direito de todos e dever do Estado, Atualmente, vários municípios propiciam o atendimento fonoaudiológico coberto pelo SUS. Todos aqueles que apresentam problemas fonoaudiológicos, especialmente os casos de voz, devem ser avaliados primeiramente pelo otorrinolaringologista, que deverá encaminhar ao setor de fonoaudiologia para o atendimento adequado.
Apontamos para a urgência na planificação da oferta do atendimento fonoaudiológico público.

Existem exercícios e/ou dietas para preservar e corrigir a Saúde Vocal?

Sim, existem orientações e exercícios variados e que são personalizados, respeitando a individualidade de cada um, considerando a patologia, a demanda vocal. Portanto, cabe ao fonoaudiólogo orientar e direcionar os procedimentos que cada caso requer, visando a reabilitação, preservação e prevenção da Saúde Vocal.

Qual a relação entre problemas na voz e câncer de laringe?

A laringe é o órgão responsável pela produção da voz, onde se situam as pregas vocais. Problemas vocais, especialmente quando há presença de rouquidão persistente por mais de duas ou três semanas, dificuldades ou dor para engolir, cansaço vocal, e outros, especialmente nos fumantes e usuários habituais de bebidas alcoólicas, devem ser investigados. Lembrando que essa associação é a causa principal do Câncer de Laringe, merece avaliação, diagnóstico e acompanhamento médico e fonoaudiológico.

Como fazer da voz uma aliada à uma melhor condição de vida, em geral, inclusive socioeconomicamente?

A saúde vocal é considerada um aspecto importante da saúde geral e qualidade de vida. Os problemas vocais, principalmente entre os professores, atinge relevância social, pois a voz é o instrumento de trabalho, de expressão e comunicação desta importante classe, um dos primeiros elos da relação professor e aluno e recurso do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Por isso, há que se buscar caminhos metodológicos que possibilitem, através de propostas e ações voltadas para a promoção da saúde do trabalhador, melhor qualidade de vida. O ganho socioeconômico seria evidente, todos ganhariam, basta incrementar tais ações.

A voz é um cartão de visita, é uma arma poderosa, revela nossos sentimentos, veiculando as palavras materializa nossas idéias, ela nos representa e nos apresenta ao mundo por meio de sons, é uma tradução da nossa personalidade, é uma “impressão digital”, um “segundo rosto”, a voz nos revela, é a nossa identidade. Cuidemos da voz como quem afina um instrumento precioso, pois investindo no aprimoramento vocal teremos maiores condições de sucesso profissional.

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