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Água de Dourados está no mapa da contaminação por produtos tóxicos

O levantamento divulgado no ‘Mapa da Água’ aponta que na água que consumimos em Dourados foi detectada 1 substância que gera riscos à saúde acima do limite de segurança

11 Mar 2022 - 17h00
Teria sido detectada pelo menos uma vez 1 substância que gera riscos à saúde acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde - Crédito: Agência SenadoTeria sido detectada pelo menos uma vez 1 substância que gera riscos à saúde acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde - Crédito: Agência Senado

Reportagem da ONG Repórter Brasil/Agência Pública revelou que, durante os anos de 2018 e 2020, 763 cidades brasileiras, uma em cada quatro, apresentaram produtos químicos e radioativos na água que sai da torneira. Os dados teriam sido compilados do Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do Ministério da Saúde). O Sisagua reúne dados sobre o tratamento de água empregado nos sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água para consumo humano, informados pelo prestador de serviço dos municípios em frequência anual.

O levantamento divulgado no ‘Mapa da Água’ (https://mapadaagua.reporterbrasil.org.br) aponta que na água que consumimos em Dourados foi detectada 1 substância que gera riscos à saúde acima do limite de segurança pelo menos uma vez no período de três anos. A substância encontrada são os ácidos haloacéticos total (subprodutos da desinfecção). Segundo a publicação “os ácidos dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e dibromoacético são classificados como possivelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde”. 

Conforme os dados, “em altas concentrações, os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso. Os ácidos haloacéticos são classificados como subprodutos da desinfecção, formado quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos patogênicos”.

Se essas substâncias químicas e radioativas estiverem acima da concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde, podem oferecem risco à saúde. “Quando essas substâncias estão acima do limite, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo”, afirma a publicação.

Outro lado
Em contato com a Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul, responsável pelo abastecimento de água em Dourados, O PROGRESSO obteve a seguinte resposta sobre a divulgação da ONG: “Em resposta, a Sanesul informa que: Em uma pesquisa feita na base de dados informada na matéria “https://dados.gov.br/dataset/controle-semestral”, e em conferência com a base de dados da Sanesul, dos relatórios de ensaio da cidade de Dourados com relação ao parâmetro “ácidos haloacéticos”, não localizamos esses valores acima do VMP (valor máximo permitido pela legislação de potabilidade), conforme cita a matéria.

Os resultados dos ensaios das amostras realizados pelos 11 laboratórios da Sanesul são disponibilizados à população mensalmente, nas contas de água de todas as localidades, e anualmente através do relatório anual entregue em cada domicílio até o mês de março de cada ano. O consumidor pode acompanhar o trabalho de controle de qualidade também por meio site “https://dados.gov.br/dataset?tags=SISAGUA”.  

Agrotóxicos
Os dados mostram que a água que sai da torneira para consumo dos douradenses apresentou 62 substâncias químicas e radioativas, sendo quase a metade (27) agrotóxicos. Apesar de apenas uma estar acima do limite permitido e que foi classificada como risco à saúde, os dados são preocupantes. Além dessa classificação, existe outra tipificação alarmante das “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer”.

As amostras analisadas da água de Dourados contêm 31 substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer, sendo 11 tipos de agrotóxicos, 9 substâncias orgânicas, 8 substâncias inorgânicas, 2 atividades de radioatividade e 1 subproduto da desinfecção. Dentre essas substâncias estão: Atrazina, Glifosato + AMPA, Diuron, atividade de radioatividade alfa, Arsênio, Chumbo, Cromo, Níquel e Benzeno. Do total, 30 substâncias são consideradas de risco à saúde, sendo 16 agrotóxicos, 6 substâncias inorgânicas, 6 substâncias orgânicas e 2 subprodutos da desinfecção. Estavam presentes na água elementos como Carbofurano, Molinato, Tebuconazol, Trihalometanos Total, Bário, Cianeto, Cobre, Mercúrio, Urânio, 1,1 Dicloroeteno e Triclorobenzenos.

Monitoramento
do Rio Dourados
A Embrapa Agropecuária Oeste realizou recente pesquisa que mediu o nível de contaminação por agrotóxicos no Rio Dourados, por meio de um acordo de cooperação de 2017 entre MPF, MPT, MP-MS e Prefeitura de Dourados. Segundo a Embrapa, “durante o período de um ano (10/12/2019 a 11/12/2020), 46 diferentes agrotóxicos e seus produtos de degradação, todos registrados no Brasil, foram monitorados”. Os compostos são os mais comercializados em Mato Grosso do Sul, utilizados nas culturas de soja, cana-de-açúcar e milho. 

“De um total de 46 diferentes agrotóxicos e seus produtos de degradação considerados nesse estudo, encontrou-se 32 desses compostos em pelo menos uma amostra, resultando na frequência de ocorrência igual a 70% dos compostos analisados. Desses 32, apenas um possui (atrazina) valores máximos permitidos em águas superficiais previstos na legislação”, diz a pesquisa da Embrapa.

Dos produtos analisados, 14 não foram detectados. Entre os químicos encontrados, 15 são herbicidas, 8 são inseticidas, 3 são fungicidas e 6 são produtos de degradação. A atrazina, 3º agrotóxico mais vendido no estado, foi o principal composto encontrado durante o monitoramento, em concentrações, conforme a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

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