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Profissional de governança ou conselho consultivo? Entenda as principais diferenças

Profissional de governança é uma atuação que tem se destacado nos últimos anos, principalmente no ramo das PMEs brasileiras.

09 Mai 2024 - 09h45Por Daiana Barasa
Profissional de governança ou conselho consultivo? Entenda as principais diferenças -


O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define a atuação do profissional de governança como responsável pelo apoio direto a todas as atividades relacionadas ao funcionamento do sistema de governança, com o objetivo de facilitar a comunicação entre os agentes e os órgãos, principalmente envolvendo o conselho e a diretoria.

Com ampla experiência no cenário corporativo, desempenhando papéis de conselheiro consultivo e consultor à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, Carlos Moreira tem dedicado sua trajetória a auxiliar empresas, especialmente da modalidade familiar e, hoje, gostaria de abordar sobre a atuação do profissional de governança e qual a relação com o conselho consultivo.

Profissional de governança e conselho consultivo – qual a ligação entre os dois?

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 49% das empresas industriais têm área específica ou profissional responsável pelo segmento de governança corporativa/compliance.

Afinal, o que faz um profissional de governança? Quais as diferenças entre o profissional de governança e o conselho consultivo? A atuação deste especialista exclui a necessidade de adotar o conselho consultivo?

Ainda, segundo o IBGC, de acordo com a publicação Boas práticas para secretaria de governança, as principais atribuições do profissional de governança, são:

Habilidades de comunicação eficaz e integração

Um aspecto crucial para o desempenho eficiente da função de profissional de governança é a capacidade de facilitar o diálogo e integrar os diversos agentes no processo. Essas competências estratégicas, aliadas à empatia e à compreensão das necessidades individuais de cada parte envolvida, são fundamentais para uma atuação eficaz.

Princípios éticos e confidencialidade

É essencial tratar as informações com discrição, garantindo a confidencialidade dos dados sensíveis e privilegiados. Além do compromisso com a ética e a transparência, é necessário lidar com conflitos de interesses de maneira justa e imparcial.

Visão estratégica e sensibilidade

Antecipando potenciais obstáculos na comunicação entre os agentes, é importante agir com o intuito do alinhamento de interesses, esclarecendo dúvidas e fornecendo informações relevantes.

Inteligência emocional e discernimento

Em momentos de tensão, a habilidade de discernir e gerenciar emoções é crucial para evitar conflitos e garantir tomadas de decisão conscientes.

Comprometimento, credibilidade e independência

Inspirar confiança, demonstrar dedicação aos resultados e manter independência em relação a influências externas são pilares para a preservação e para agregar valor ao negócio.

Vale ressaltar: o profissional de governança (PG) e o conselho consultivo (CC) embora tenham atribuições similares não são a mesma coisa.

Vamos compreender as principais diferenças?

Função e responsabilidades

PG – desempenha papel executivo ou gerencial dentro da empresa e está diretamente ligado à implementação de políticas e diretrizes de governança, além de supervisionar seu desempenho no negócio.

CC – formado por um grupo de profissionais externos ou misto (externo e interno), o conselho consultivo tem o papel de fornecer orientação e conselhos estratégicos à alta gestão. Ainda que não tenha autoridade executiva, o órgão é responsável por apresentar insights valiosos e recomendações.

Sobre estrutura e composição

PG – pode ocupar cargos como diretor de governança, secretário de governança, diretor de compliance ou diretor de riscos dentro da empresa.

CC – composto por profissionais experientes e respeitados em suas áreas de atuação, podendo incluir comumente ex-CEOs, especialistas em marketing, finanças, entre outros, contribui suprindo a empresa de visão estratégica em áreas deficientes.

Tomada de decisões

PG – pode participar ativamente da tomada de decisões estratégicas e operacionais na empresa, de maneira que estejam alinhadas com os princípios de governança.

CC – propõe recomendações e sugestões à alta gestão, mas a decisão final é de responsabilidade da área executiva do negócio.

Relacionamento com a empresa

PG – compõe a equipe de liderança ou a diretoria da empresa, tendo acesso direto e contínuo com a gestão e todos os colaboradores envolvidos.

CC – tem um relacionamento menos formal com a empresa e sua participação é requerida em reuniões periódicas ou em ocasiões em que há necessidade de consultoria em questões específicas.

Profissional de governança ou conselho consultivo?

Esta é uma dúvida recorrente entre empresas, principalmente entre aquelas que ainda não possuem um sistema de governança instaurado. Acredito que o profissional de governança e o conselho consultivo podem se complementar e juntos desempenhar um excelente papel no negócio.

Ambos são importantes para o bom funcionamento e sustentabilidade empresarial em seus respectivos papéis.

Enquanto o profissional de governança atua de maneira interna e possui caráter executivo com autoridade, inclusive, para tomadas de decisão, o conselho consultivo é uma entidade externa que oferece conselhos e orientações estratégicas.

Ainda que não tenha autoridade executiva, o conselho consultivo é essencial para oferecer à empresa um panorama geral de sua realidade e sobre o que deverá ser realizado para atingir os objetivos que se deseja.

Em muitos casos, o profissional de governança mergulhado na rotina da gestão da empresa, não consegue visualizar amplamente os processos no negócio, estando focado principalmente nas questões de governança, sendo assim, o conselho consultivo atua como importante órgão de apoio à sua atuação.

Além disso, também é atribuição do profissional de governança, como brevemente mencionado, facilitar a comunicação da empresa com os diversos órgãos, inclusive, com o conselho consultivo, ou seja, a parceria entre ambos é essencial e pode render bons frutos ao negócio à medida que estão comprometidos com a transparência, responsabilidade corporativa, cumprimento do ESG e, claro, com a longevidade da empresa através das gerações.

Abordagem multidisciplinar para uma governança corporativa eficiente

E para concluir, a empresa pode desfrutar de benefícios significativos da parceria do conselho consultivo com o profissional de governança, afinal, uma abordagem multidisciplinar e adaptativa é fundamental. Essa colaboração permite combinar o melhor de dois mundos: a expertise interna da equipe da empresa com a experiência externa do conselho consultivo e especializada do profissional de governança.

Esses profissionais podem oferecer sua valiosa perspectiva sobre tendências de mercado, regulamentações em evolução e estratégias competitivas, contribuindo assim para a geração de valor tanto para a empresa quanto para os demais públicos de interesse.

Além disso, a atuação do conselho consultivo junto ao profissional de governança pode conferir à empresa vantagem competitiva, já que auxilia na identificação e mitigação de riscos, na otimização de processos internos, na promoção da transparência, prestação de contas e para o fortalecimento da reputação do negócio.

Essa sinergia entre conhecimento interno e externo pode impulsionar o crescimento sustentável e a longevidade da empresa no mercado. Sua empresa tem dedicado esforços para se profissionalizar e para transmitir um legado sólido por meio de uma governança eficaz?

Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.

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