Crédito: Álvaro Herculano
Na quarta-feira, 22, cerca de 20 participantes da Universidade Aberta à Pessoa Idosa (Unapi) percorreram a Trilha da Memória, uma experiência pelo tempo e o espaço, passando pelos principais monumentos e prédios da Cidade Universitária, que marcam os 45 anos de Federal. A Unapi é um programa institucional de extensão que tem por objetivo organizar, promover e fortalecer o desenvolvimento de ações integradas com foco na valorização da pessoa idosa.
O grupo foi acompanhado pelo servidor da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte, Jefferson Silva de Pádua Melo, que desenvolve a atividade Idoso em Ação. “Nosso objetivo é permitir às pessoas idosas maior entendimento da realidade na qual estão inseridos. São realizadas diversas ações durante o semestre para divulgar também o conhecimento científico produzido na UFMS, pelas diversas áreas do conhecimento”, explica.
Além de Jefferson, a arquivista Débora Resstel também acompanhou os participantes, que percorreram o caminho com apoio de um micro-ônibus. A cada parada, o grupo descia para escutar atentamente às explicações. O Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, foi o primeiro local a ser visitado. “A Trilha foi um projeto que criamos no ano passado, durante a Semana Nacional de Arquivos, para apresentar a Universidade à comunidade. A procura tem sido grande e, em contato com o Jefferson, iniciamos a visita com os participantes da Unapi. Então, essa é a segunda turma que faz o percurso conosco”, fala Débora.
Segundo a arquivista, as experiências com a Unapi são muito interessantes, pois além de escutarem atentos às informações, as pessoas idosas compartilham suas memórias com a equipe da UFMS, já que muitos deles têm uma relação de proximidade. “Eu tinha quatro páginas de informações, hoje, tenho 14. São informações que eles passam para a gente, nós repassamos para quem vem visitar a Trilha. Assim, eles passam para a gente, eles aprendem com a gente, eles nos ensinam e passamos de volta para a comunidade o que conseguimos com eles”, salienta Débora.
Ao visitar o Morenão, inaugurado em 1971, Doris Leiner relembrou da infância. “Minha avó morava aqui em frente. Lembro que íamos catar goiaba aqui. Eu atravessava a rua e vinha pra cá. Havia muitas minas de água, então era tudo brejo. Eu até vim, com minha família na partida de inauguração do Morenão, mas não consegui entrar, porque, na época o único acesso asfaltado era pela Avenida Costa e Silva. A Rui Barbosa nem era asfaltada ainda. Depois de enfrentar o engarrafamento, quando chegamos já estava tudo muito cheio e não conseguimos entrar”, recorda.
Além do Morenão, Débora também falou sobre a região do Autocine e depois o grupo foi até o Monumento Símbolo. Após explicar sobre o projeto e construção, bem como o significado do monumento, Débora conduziu os idosos até a Concha Acústica, inaugurada na década de 1990, e a passarela que dá acesso aos tanques de psicultura.
Já em frente à passarela que dá acesso ao setor 3, onde está localizado o Lago do Amor, a arquivista contou ao grupo sobre a construção e algumas curiosidades do Complexo Aquático, do Restaurante Universitário e do Teatro Glauce Rocha. Enquanto falava do Teatro, a participante Maria das Dores se emocionou. “Em 1974, casei e me mudei, com meu marido, de Rondonópolis para Campo Grande. Em 1975, fiquei grávida e, durante os passeios na Universidade, me encantei com a história do Teatro e decidi colocar o nome da minha filha de Gláucia. Hoje, ela é pedagoga e reside em Várzea Grande. É gratificante ver o rosto da Glauce Rocha e perceber que minha filha até parece com ela. Glaucia inclusive foi criada passeando pela Universidade, pelo Lago Do Amor. Relembrar essa história é muito bom. As lágrimas até vieram quando vi o Teatro”, relembra.
Os estudantes percorreram a passarela ecológica de uma ponta a outra e foram até às margens do Lago do Amor, para, finalmente, conhecerem a sede do Arquivo Central, onde tiveram um encontro com documentos históricos da UFMS e puderam fazer um lanche.
“A sala de aula é prazerosa, mas conhecer a Universidade assim de ponta a ponta como conhecemos é muito diferente. Eu chamaria até de um passeio turístico. Na companhia do Jefferson e da Débora foi muito gostoso. Vou fazer sempre que tiver”, relata Rui Watanabe. Ele frequenta a Unapi desde 2019 e seus dois filhos foram formados pela UFMS, um em Administração e a filha em Medicina Veterinária. “Eu praticamente não conhecia a UFMS. Apenas a Unapi e seus setores. Foi muito bom”, conclui.
Fotos: Álvaro Herculano
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