Dourados foi escolhido como sede em Mato Grosso do Sul para lançamento de campanha contra assédio a policiais federais, disse Sinpef. - Crédito: Foto: Hedio FazanForam distribuídos bombons em alusão a um recente caso de abuso de poder por parte de um delegado contra uma faxineira que comeu um chocolate, em Boa Vista (RR), e que chamou a atenção da população, que, até então, achava que se tratava de um caso isolado. “Temos que estancar esses problemas e para isso a categoria dos policiais deve estar unida. Todos os cargos devem ser tratados como iguais”, disse o vice-presidente nacional.
A cidade foi escolhida, segundo o Sindicato dos Policiais Federais (Sinpef/MS), por ter o maior número de agentes envolvidos em casos de assédio no Estado. Segundo o Sinpef, os casos registrados são coletivos e individuais.
Dourados lidera o ranking de assédio desde 2013, segundo o presidente do Sinpef/MS, Jorge Luiz Caldas, quando foi realizada paralisação no município. Desde então, policiais militantes no sindicato são os mais visados, porém, demais agentes respondem aos mais diferentes procedimentos de forma coletiva. Os casos em Dourados chamaram a atenção da Federação Nacional dos Policiais Federais e o vice-presidente do órgão, Luis Antônio de Araújo Boudens, esteve presente no lançamento da campanha.
Os policiais defendem uma ampla reforma, baseada em boas práticas, tendo como exemplo países onde os índices de elucidação de homicídios são eficientes, como no Chile, que chega a 98%.
No Brasil não passa de 8% as elucidações. Marcos Peixoto, do sindicato da PF em Dourados, diz que os policiais querem trazer esse debate em nível nacional, mas são barrados, segundo eles.
A campanha é nacional e se estenderá para todos os municípios brasileiros onde há delegacia da Polícia Federal. O sindicato defende que o motivo do ato é trazer à tona os assédios que ocorrem dentro da Polícia Federal, situações que têm feito, segundo o Sinpef, policiais abandonarem a profissão em razão da pressão que sofrem.
Peixoto diz que vários são os problemas que, ao invés de melhorar os trabalhos e ações dentro da instituição, acabam desmotivando a categoria. Ele diz ter sido vítima de assédio quando teve que cumprir missão de 60 dias em Rondônia. “Consegui dois outros policiais que se dispuseram a ir no meu lugar, mas os superiores negaram e fui obrigado a ir”, relatou o agente, lembrando que a mulher dele estava grávida no período.
Peixoto disse ainda que um colega de carreira responde a quatro procedimentos disciplinares e dois inquéritos policiais pelo que chamou de “motivos corriqueiros, sem necessidade”. Um deles por acusação de imprimir uma página de documento em impressora da delegacia.
Presente ontem no lançamento da campanha, o presidente do Sinpef/MS, Jorge Luiz Caldas, de Campo Grande, também diz ter sofrido assédio. Em razão dos outdoors colocados em Dourados, ele foi chamado na Superintendência Regional do órgão, na quinta-feira da semana passada, na Capital, para prestar esclarecimentos sobre a campanha.
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