Aeronave usada pela quadrilha; no detalhe dinheiro e granadas antitanque
Foto: PF / Divulgação
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CAMPO GRANDE - Vinte e duas pessoas foram presas ontem, a maioria em São Paulo, acusadas de pertencer a uma quadrilha de tráfico internacional de drogas, durante a Operação Deserto, da Polícia Federal (PF), entre os presos está um empresário douradense, do ramo de revenda de veículos usados.
A Operação Deserto foi deflagrada com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa formada por brasilei-ros, colombianos, bolivianos e europeus, baseada na capital de São Paulo, especializada no tráfico internacional de en-torpecentes.
Após um ano e meio de investigações, que contaram com importante cooperação de organismos policiais de países da América do Sul e da Europa, a PF cumpriu 50 mandados de prisão temporária, com prazo inicial de 30 dias, e mais 38 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Minas. Segundo a PF, dos 50 mandados de prisão, 20 pessoas já estavam detidas, entre elas sete estrangeiros.
Durante o período investigativo da operação, que durou 18 meses, foram presas 21 pessoas em flagrante e apreendidas duas toneladas e 350 quilos de cocaína, grande quantidade de produtos químicos e maquinários destinados à preparação e adulteração de drogas, armas e munições, incluindo armamento bélico - dez granadas antitanque, 33 veículos, uma aero-nave avaliada em R$ 250 mil e aproximadamente R$ 500 mil.
A atividade da organização criminosa envolvia desde a internação no Brasil da cocaína proveniente da Bolívia até sua remessa para a Europa e África, e contava, ainda, com a distribuição em menor escala da droga no mercado interno do tráfico. A quadrilha era composta por quatro células.
A primeira célula formada pelos fornecedores da cocaína na Bolívia, local de armazenamento até que houvesse a re-messa para o Brasil. Dois irmãos colombianos residentes em Santa Cruz de La Sierra atuavam intensamente nessa fase.
A segunda célula constituída pelos compradores da droga, traficantes brasileiros e estrangeiros, com atuação concen-trada nos grandes centros, especialmente na cidade de São Paulo. A terceira célula coordenava os negócios do grupo no Brasil e tinha como gerente o investigado que, sob o pretexto de atuar como advogado e assessor parlamentar na região de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, funcionava, na verdade, como homem de confiança dos irmãos colombianos que chefiam o grupo.
A quarta e última célula é integrada pelos intermediários, uma verdadeira rede de colaboradores, componentes da en-grenagem necessária para que o ciclo do narcotráfico internacional pudesse ser completado, o que envolvia o transporte aéreo e terrestre da cocaína e a guarda do entorpecente antes da efetiva entrega a compradores. (AE)