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Francisco O. Castelon

Rio de Janeiro – o Maracanã, o Carnaval e o Samba

01 Mar 2016 - 09h37
Rio de Janeiro – o Maracanã, o Carnaval e o Samba -
Francisco O. Castelon

Por ocasião da Copa do Mundo de 2014, o suíço Joseph Blatter, com a conivência de autoriadades brasileiras, destruíram o Maracanã, maior e mais renomado estádio de futebol do mundo. O Maracanã que, a princípio, comportava 200 mil pessoas, hoje, tem capacidade para apenas 60 mil pessoas. Pirlo, renomeado craque do futebol italiano, quando entrevistado, certa vez, disse: “Tenho a honra de pisar no santuário do futebol mundial”.


Lembro-me das marchinhas da “Rainha do Carnaval”, Emilinha Borba, em 1962: “Foi ele sim, foi ele que jogo pó em mim... quero ver Brigitte Bardot...”.


Agora, salto para 1990, época dos carnavais mais exuberantes da história. Num domingo de carnaval, minha mulher e filhas foram assistir o Carnaval de rua em Marília (SP). Fiquei em casa para ver a transmissão do Carnaval do Rio de Jáneiro, pela Globo. Por volta das 23h, a porta da minha casa foi aberta. Minha filha Marta, com apenas 4 anos, vendo a apresentação de duas sambistas seminuas, disse: “Pai, para de ver essas mulheres, senão, o senhor vai pôr defeito em minha mãe!”. O ritmo mavioso, exibido com mirífico samba no pé, era inenarrável. Trazia o céu, a terra, ou o inferno, se quiseres.


As mulheres hoje são exibidas com alegorias que cobrem o corpo inteiro, os braços cobertos até os punhos.
A Estação Primeira de Manqueira – verde e rosa – não exibiu samba nenhum. Havia um bloco de mullheres correndo de um lado para outro, sem nenhuma coreografia definida. Não era frevo, não era bolero e, muito menos, samba.


Em 1980, voltei de Aparecida, à noite, pois sou o maior romeiro do Brasil. Fiz quatro romarias de 620 Quilômetros, a pé, cada uma. Fui à Avenida Paulista (SP) assistir o show das “Mulatas do Sargentelli”. Naquele dia, foi a Embaixada da Venezuela que patrocinou o evento. Aliás, o saudoso Sargentelli foi o maior embaixador do samba. Os argentinos viajam com o tango. Não podemos permitir que destruam o nosso samba.


No dia da premiação do Carnaval do ano corrente, o apresentador do programa “Brasil Urgente” , da Band, José Luiz Datena, repercutiu, ao vivo, o diálogo com a sambista carioca Beth Carvalho, tecendo os mais calorosos elogios pela premiação, enaltecendo a escolha da baiana Maria Bethânia como a inspiradora da Mangeira. Datena é um homem sério. No entanto, dessa vez, ele fraquejou e não foi verdadeiro.


Na minha casa, todos somos cultores do samba. Minha mulher, negra, é primor; a filha, advogada desinibida dá o recada; outra filha, médica, rouba a cena, humilha, arrebata.


O Maracanã, como vimos, é assunto vencido. Fomos vencidos. É usurpação inglória querer roubar do Rio a beleza inefável de suas belas praias, o Carnaval da Marquês do Sapucaí, suas mulatas e seu samba. Irei ao Rio, alavancarei juntamente com Elza Soares, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Lecy Brandão, etc, uma cruzada contra àqueles que estão destruindo o Carnaval e o nosso imperecível samba, que é o ritmo mais belo do mundo.


A desgraça é que todo torpedamento que o samba sofre no Rio, se expande infinitivamente até São Paulo e pelo Brasil afora. Todo porco quer levar o outro porco para a lama. Faremos o samba ressurgir como a Fênix, ave mitológica, que morria queimada e, após 500 anos, ressurgia das próprias cinzas.


Vendedor

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