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Opinião

A nossa parte na mudança

11 Fev 2016 - 11h46
A nossa parte na mudança -
Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Estamos vivendo uma grave crise institucional por conta da corrupção e políticos inescrupulosos, uma crise social e econômica sem fim com o desemprego crescendo a cada dia. Apontamos dedos, acusamos, chamamos de ladrão e corrupto, mas será que temos espelho em casa?


O brasileiro é bom para reclamar seus direitos, mas quando se fala em deveres a coisa muda um pouco. Claro que não podemos generalizar afinal, muitos brasileiros são honestos e cumpridores de seus deveres civis, muitas vezes fazendo muito mais, ajudando as pessoas, o meio ambiente sem receber nada em troca, ações que seriam obrigação do Estado, fazendo pelo prazer de ajudar e participar.


Mas a lei do Gerson, uma propaganda de cigarros do final da década de setenta, do século passado, que dizia: “você gosta de levar vantagem em tudo, certo?”, ainda predomina.


Durante a crise da água em Governador Valadares com a lama da Samarco que destruiu o Rio Doce e o abastecimento de água da cidade, alguns comerciantes aumentaram o preço da água mineral em 100%, tirando proveito do caos vivido na cidade. A ação rápida da policia e do Ministério Público acabou com este delírio de enriquecimento rápido às custas da desgraça alheia. A conta é simples: o comerciante terá as suas vendas aquecidas vendendo mais água mineral, pelo mesmo preço, mas a ganância faz com que também queira supervalorizar o seu produto.


Outros fatos são de menor gravidade mas que demonstram que tendo a oportunidade, o individuo vai querer levar vantagem sobre os demais cidadãos.


No supermercado mães que colocam seus filhos para guardar lugar na fila do caixa e quando chegam com o carrinho furam a fila na maior cara dura. Cidadania e moralidade nesta hora são inexistentes. Aceitar troco a mais sem se manifestar, parar em vaga de deficiente e outras pequenas ações que demonstram como funciona a nossa sociedade.


Chegamos aos alimentos orgânicos. Saudáveis, nutritivos, mas com um preço mais elevado pois o seu sistema de produção requer mais cuidados e a produtividade é menor. Mas quem garante que o comerciante está realmente vendendo para você um alimento orgânico? O fantástico mostrou as falcatruas de produtores rurais que vendem produtos com o se fossem orgânicos, mas na verdade tem agrotóxico até no pensamento. Em quem poderemos confiar? E a fiscalização? E as análises químicas?


A crise de confiança no Brasil e no brasileiro é grande. O Brasil precisa mudar. Nós precisamos mudar. A ideia de pão e circo para o povo funciona, afinal o carnaval está aí. “Desemprego no Brasil? Não tem problema, eu estou empregado. Saúde? Não preciso do SUS, eu tenho plano de saúde”. E assim um dos países mais corruptos e desiguais do mundo vai trilhando o seu caminho.


Prof. Adjunto - Univ. Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. e-mail: [email protected]

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