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A destruição da soberania nacional

09 Jul 2016 - 06h00
A destruição da soberania nacional -
Marilena Chauí, livre docente, professora titular da USP, catedrática da disciplina História da Filosofia Moderna escreveu 27 livros.


Chauí expressa o seu modo de pensar e sua irreverência de forma contundente. Em 2013 criticou o comportamento da "classe média", dizendo que "o conceito de classe média deve ser problematizado, sobretudo para explicar casos extremos em que membros da classe média assumem comportamentos inadequados em espaços públicos e incongruentes à vida em sociedade", no entanto apenas parte dessa palestra foi amplamente divulgada em vídeo pelas redes sociais, no qual ela afirma que "(...) a classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta e é uma abominação cognitiva porque é ignorante."


Não sou de generalizar, mas tenho observado que a "classe média", de fato, constrói para si uma ideologia difícil de se aceitar. Oriunda, das camadas populares, rejeita os pobres por julgá-los incompetentes para ascenderem socialmente e coloca-se ao lado da plutocracia dominante muito embora diante dela seja apenas e simplesmente a prima pobre.


Agora Marilena Chauí tem circulando nas redes um outro vídeo, produzido pela Nocaute, onde afirma que "A Operação Lava Jato é pra tirar de nós o pré-sal (...) Sergio Moro foi treinado nos EUA pelo FBI para realizar essa operação. E nós sabemos que as chamadas Seis Irmãs do petróleo lutaram pelo pré-sal desde a descoberta dele, e os governos petistas e, em particular, a presidente Dilma fizeram pé-firme em relação ao pré-sal como soberania nacional".


Caiu o mundo. Reinaldo Azevedo, colunista da Veja e da Folha, representante da mais extremada Direita brasileira, afirma que Marilena Chauí é uma piada. O articulista, como é praxe da Direita, parte para a desqualificação, não respondendo às críticas com argumentos, como caberia ser feito por um crítico sério.


Por outro lado, ao contrário de desqualificar Marilena Chauí, Paulo Nogueira, do Vi o Mundo, afirma que "Moro foi um personagem central no enredo sinistro que destruiu 54 milhões de votos. Sua parceria com a Globo, da qual a apoteose foi o vazamento de conversas entre Lula e Dilma, ficará marcada como um dos episódios mais indecentes da história política nacional".


Considero Moro um Juiz parcial, seletivo, que condena e prende ou mesmo prende antes de condenar, visando desconstruir o PT, Lula e Dilma. Com isso está arrebentando com a Petrobrás e com várias firmas que constroem a infraestrutura brasileira. Ao tentar matar carrapatos acaba matando as vacas.


Hoje herói para muitos, Moro responderá à história. No dizer de Paulo Nogueira, "A posteridade não perdoará Moro, como não perdoou Lacerda, Roberto Marinho e os militares golpistas".


Documentos vazados pelo Wikileaks, mostram de fato como os EUA treinaram agentes judiciais brasileiros, entre eles Sérgio Moro (www.esquerdadiario), no entanto há argumentos mais sólidos: com 95% das reservas mundiais de Nióbio, com o pré sal, minério de ferro e uma população consumidora de 206 milhões de habitantes, é óbvio que os Estados Unidos estão por trás do golpe, como diz Miguel do Rosário (Brasil 247): "Sergio Moro, assim como as castas burocráticas brasileiras, não precisam, necessariamente, ter recebido instruções normativas de como se portar no golpe; eles se alinham aos interesses americanos de maneira orgânica, instintiva, ideológica, porque os EUA tem hoje, mais que nunca na história, instrumentos poderosos para seduzir as novas repúblicas de banana".


Serra é um dos seduzidos, todas as suas ações levam o Brasil de volta à dependência norte-americana. Projeto de sua autoria que vai ao plenário, entrega o pré sal às multinacionais. Nessa semana levou o ex-presidente FHC ao Uruguai para impedir que a Venezuela exercesse a presidência do Mercosul e embora tenha recebido retumbante não do presidente Tabaré Vazquez, que afirmou que as regras devem ser cumpridas, não há como deixar de antever a atual política brasileira de romper com o Mercosul.


Estão vendendo o Brasil, ridicularizando a democracia, arruinando nossas instituições, matando nossos índios, empobrecendo nosso povo, arrasando o nosso futuro, tão promissor. Lamentável. Enfim, como diz Chauí, vivemos "o prelúdio da grande sinfonia de destruição da soberania brasileira".


Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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