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Editorial

Rodovias Sucateadas

15 Set 2012 - 07h05
Rodovias Sucateadas -


Dois dias após o Diário Oficial da União publicar a resolução que determinou a suspensão por até 180 dias do cum-primento da Lei do Descanso dos Caminhoneiros, atendendo decisão do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulga o resultado de um novo estudo sobre a situação das rodovias bra-sileiras e, para variar, pouca coisa mudou nos últimos anos. O próprio Contran, ao suspender a aplicação da Lei do Des-canso dos Caminhoneiros, reconheceu que as rodovias brasileiras não estão preparadas para a execução da nova norma, ou seja, não existe locais de parada para repouso dos motoristas, portanto, o governo não tem como cobrar o cumpri-mento da nova legislação.

O estudo da CNA revela que apenas 13,4% da malha rodoviária brasileira são consideradas ótimos; enquanto 29% foram classificadas como boas; 31,5% ficaram como regulares; 17,4% aparecem como ruins e 9,5% estão em péssimas condições. A constatação não é surpresa para ninguém, mesmo porque até mesmo as pessoas que não têm o hábito de viajar pelas estradas brasileiras sabem que elas estão sucateadas.

Foram avaliados 94.356 quilômetros de rodovias, o que representa 100% da malha federal pavimentada, além das principais rodovias estaduais pavimentadas e as concessionadas, ou seja, aquelas que são mantidas por empresas privadas em troca do direito de cobrar pedágio dos motoristas. Organizado em cooperação com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), o estudo é realizado anualmente com o objetivo de avaliar as condições das rodovias brasileiras pavimentadas segundo aspectos perceptíveis aos usuários, identificando as condições das vias em relação ao pavimento, à sinalização e à geometria, fatores que afetam o conforto e a segurança dos condutores.

Em linhas gerais, o resultado da avaliação foi péssimo. As equipes da CNT que percorreram o Brasil com-provaram que a região Sudeste do país é a que apresenta as melhores condições de rodovias, tanto que do total de 26.778 quilômetros avaliados, 24,6% são classificados como em ótimo estado; 30,7% como bom; 28,2%, regular; 13,2%, ruim e apenas 3,3% como péssimo.

A região Sul aparece em segundo lugar com 19,7% do total de 16.199 quilômetros analisados como em ótimo estado; 40,7% em bom estado; 26,3% classificados como regulares; 10,7% como ruins e 2,6% como péssimas. Na região Nord-este ocorre o inverso, ou seja, com 25.820 quilômetros avaliados, apenas 3,8% das estradas foram consideradas ótimas; enquanto 33% foram classificadas como boas; 32,8% como regulares; 17,7% como ruins e 12,7% estavam péssimas condições.

A região Centro-Oeste, que teve 14.151 quilômetros de rodovias avaliados, tem apenas 6,4% em ótimas condi-ções; 22,7% em bom estado; 35% em situação regular; 26,7% classificadas como ruins e 9,1% em péssimo estado de conservação. Como não poderia ser diferente, a região Norte aparece em pior situação no estudo realizado pela Confede-ração Nacional do Transporte, tanto que dos 9.799 quilômetros de estradas analisadas, apenas 0,8% foram classificadas como ótimas; 12,7% como boas; 31,4% foram avaliadas como regulares; 31,8% classificadas como ruins e, acreditem, 23,2% das estradas federais da região Norte do Brasil são consideras péssimas.

Um exemplo de rodovia federal em situação delicada em Mato Grosso do Sul é a BR-163, que nasce em Mundo Novo, na divisa com o Paraná, e corta 848 quilômetros pelo meio do Estado até chegar ao vizinho Mato Grosso. Números recentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que mais de 90 pessoas perderam a vida em acidentes registrados na BR-163 no ano passado, somente no trecho sul-mato-grossense. Sozinha, a rodovia respondeu por 49% do total de óbitos em acidentes automobilísticos nas estradas federais que cortam o Mato Grosso do Sul.

Importante para o escoa-mento da produção rural, já que liga os Estados do Norte ao Porto de Santos, a BR-163 chegou a registrar 20 mortes em um único mês em Mato Grosso do Sul, sendo que o trecho mais perigoso é formado por 200 quilômetros de extensão entre as cidades de Pedro Gomes, Coxim e Rio Verde, no norte do Estado. Todos os dias a Polícia Rodoviária Federal registra, pelo menos, um acidente grave na estrada que é o retrato do descaso do governo federal com as rodovias de Mato Grosso do Sul.

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