Até mesmo o Minha Casa Melhor, uma linha de crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos para participantes do Minha Casa Minha Vida, lançado em 2013, está suspenso desde 2015 por falta de recursos. Em melhor situação está o Programa de Financiamento estudantil (Fies) que recebeu R$ 13,7 bilhões em 2014 e pouco mais de R$ 14 bilhões em 2015, enquanto o Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo sofreu cortes de 10,67% em 2015. O fato é que os recursos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, o Leite Fome Zero, o Vale Gás, o Forças no Esporte, o Agente Jovem, o ProJovem Adolescente, o Territórios da Cidadania, o Luz para Todos, o Brasil Alfabetizado, o Prouni e o Bolsa Universidade, entre tantos outros, estão sofrendo com a escassez de recursos. Uma prova da ineficiência de algumas iniciativas está no Programa de Apoio à Conservação Ambiental, também conhecido como Bolsa Verde, que faz parte do Plano Brasil sem Miséria, que foi lançado com festa pelo Palácio do Planalto mas não decolou.
A promessa era R$ 300 por trimestre a famílias em situação de extrema pobreza que vivam em unidades de conservação e desenvolvam ações para preservá-las. Se o tal do Programa de Apoio à Conservação Ambiental tivesse, de fato, como principal objetivo aliar a preservação ambiental à melhoria das condições de vida e a elevação da renda das famílias que residem nessas áreas, não seriam os R$ 300 por trimestre, ou R$ 100 mensais, que resolveriam os problemas dessas pessoas. No fundo, trata-se de mais uma forma de transformar essas unidades em verdadeiras favelas rurais, como o próprio Incra já fez que os assentamentos rurais, onde famílias que receberam terra do governo federal não estão conseguindo produzir nem mesmo para a subsistência. O mais grave é que o Programa de Apoio à Conservação Ambiental também prometeu premiar com R$ 300 trimestrais aqueles que moram em áreas invadidas, aos ribeirinhos, extrativistas, populações indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais que não têm fonte de renda, ou seja, o governo usou dinheiro público para incentivar as ocupações de propriedades particulares sob o argumento que essas áreas são de proteção ambiental.
O exemplo mais contundente dos cortes federais em programas sociais foi o Minha Casa, Minha Vida, que até o momento investiu apenas R$ 5 bilhões de um orçamento total de R$ 25,4 bilhões, ou seja, passados quatro meses do ano os gastos não atingiram 20% do total previsto. Para que o leitor tenha ideia do peso eleitoral deste programa, somente nos primeiros três meses do ano eleitoral, o Minha Casa, Minha Vida investiu R$ 6,1 bilhões e beneficiou milhares de famílias em todo o território nacional. Neste ano, a maior parte dos cortes atingiu os repasses correspondentes à participação da União no Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), mediante integralização de cotas excedentes ao necessário para manutenção do controle acionário. Com isso, o FAR, que visa à aquisição e requalificação de imóveis destinados à venda para as famílias beneficiárias do Minha Casa, Minha Vida, perdeu quase R$ 1 bilhão somente no primeiro trimestre deste ano, prejudicando os agricultores familiares que têm casas construídas a fundo perdido.