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Budista

‘Equilíbrio garante conquista da entrega’, diz monja

06 Mai 2016 - 06h10
Zen budista ministrou palestra em Dourados para mulheres empresárias. - Crédito: Foto: Marcos RibeiroZen budista ministrou palestra em Dourados para mulheres empresárias. - Crédito: Foto: Marcos Ribeiro
Casa, família, trabalho, contas para pagar. A lista de preocupações para quem entrou na vida adulta é considerada grande. São responsabilidades que precisam ser administradas de forma que consigamos dar conta de cada uma delas. Mas como fazer isso de forma equilibrada? Para a Monja CoenRoshi não há um segredo, mas é possível treinarmos a mente para conseguir se doar por completo e assim realizar as atividades de maneira eficaz.


Durante passagem por Dourados na quarta-feira, a monja CoenRoshi, zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu com sede no Japão, atendeu a reportagem de O PROGRESSO. Ela veio à cidade para ministrar palestra a convite do Sebrae para mulheres empresárias. O assunto em pauta foi "Como manter o equilíbrio para vida, família e negócios".


Com a entrada da mulher cada vez mais no mercado de trabalho e com a responsabilidade de liderar negócios, muitas delas se dizem sobrecarregadas e não conseguem equilibrar a dedicação para as responsabilidades que também assumem no cuidado da casa, dos filhos, do marido. Dar conta de todas as tarefas de forma equilibrada não é fácil, mas possível a partir do momento que cada pessoa se faz presente por inteiro naquilo que faz. A dedicação torna-se maior e o resultado, melhor.


"Temos que nos autoconhecer, perceber quando estamos saindo de nosso eixo principal. Não significa que para a pessoa manter o equilíbrio tem que ser rígida, dura, a ponto de seguir única maneira. Eu digo que é como se estivesse andando numa corda bamba onde você é o equilibrista e esta reequilibrando a sua vida, de saber se não está indo muito para um lado ou para outro; e poder voltar ao centro. Mas para isso é preciso conhecer este centro. A minha técnica principal é a meditação, a respiração consciente, para conseguir a percepção de estar presente e inteiro onde se está. Essa é a grande diferença e eu a chamo de presença absoluta. Quando se está absolutamente presente se faz algo melhor. É preciso treinar a mente para estar presente onde se está", ensina a Monja Coen.


Numa sociedade em que o homem foi treinado a ser cuidado pelas mulheres e de não ter responsabilidades de preocupar-se com a rotina da casa e dos filhos, sobra para a mulher a tarefa de se multiplicar. Mas como dar conta de tudo e de forma equilibrada? "Faça uma de cada vez", responde a Monja. "Quando estiver com o marido, com o filho, esteja inteira para eles, mesmo que seja em poucos minutos. Vale mais poucos minutos de completa entrega do que horas com a atenção dividida com outros afazeres e preocupações. É preciso organizar o tempo para dar atenção devida a todas as pessoas que precisam de nossa atenção", reitera.


Mas quem trabalha com mulheres (pode acontecer também com homens) tem que ter a consciência que pode haver contratempos e que ela pode sair do trabalho, por exemplo, para resolver uma situação referente ao filho (receber ligação da escola) e depois voltar. "A visão feminina é mais larga, abrangente, a masculina é mais pontual. E trabalhando juntos temos uma combinação e uma sociedade que cresce e desenvolve", explica a Monja, referindo-se que não deve existir uma competição entre homem e mulher, de quem é o melhor, faz melhor.

Relações humanas


Saber se relacionar com as pessoas de forma a absorver apenas as coisas boas que o outro tem também é uma forma de manter o equilíbrio, para isso é preciso estar preparado a enxergar o próximo por inteiro. "Um coração que está amoroso não agride, não inveja, não tem ciúmes. Mas tem pessoas que são gananciosas e querem atrapalhar. Comece a querer bem essa pessoa, por mais que seja difícil, pois não sabemos o que esse ser humano passou para estar se manifestando de tal forma", ensina.


Outro ponto fundamental, segundo a Monja, é ter a humildade de reconhecer as próprias falhas e de corrigi-las. "Hoje as pessoas são muito rígidas. Dizem eu sou assim, penso assim. Mas não somos assim, estamos o tempo todo se refazendo. Temos que compreender o outro e respeitar pessoas que pensam de maneira diferente. Podemos não concordar, mas temos que saber que a maneira de pensar do outro também existe. Se a pessoa tem um ponto de vista diferente do meu, ao invés de eu entrar num embate, vou analisar como é que ela pensa", propõe, referindo-se que, "quando ficarmos mais flexíveis não fazemos ninguém sofrer e nem vamos sofrer". Surge, a partir daí, o diálogo, e ao invés de convencer o outro sobre determinado ponto de vista,irá dialogar. Com isso não haverá briga, nem discussão. Esta é uma técnica que para a Zen Budista precisa ser reconquistada. E isso é treino.

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