Homem deixa agência bancária fortemente policiais nesta segunda-feira - Crédito: Foto: AP
A procuradoria geral do Egito pediu que os bens no exterior do ex-presidente Hosni Mubarak e de sua família sejam congelados, informou nesta segunda-feira (21) o procurador-geral, Abdel Meguid Mahmud.A medida inclui as contas da mulher de Mubarak, Suzanne, dos dois filhjos, Alaa e Gamal, e das mulheres deles.
Mubarak renuniou ao governo egípcio em 11 de fevereiro, após 18 dias de violentos protestos populares, que encerraram um governo de quase 30 anos. Ele entregou o poder a uma junta militar, que se comprometeu em fazer a transição para a democracia em seis meses.
A revolta popular inspirada pelo Egito e pela Tunísia se espalhou pelos países da região, inclusive a Lívia, que enfrenta uma sangrenta repressão aos protestos de rua, segundo testemunhas.
Nesta segunda, a Irmandade Muçulmana, principal grupo organizado de oposição no Egito, rejeitou uma reforma ministerial e pediu o afastamento de ministros que tenham sido indicados por Mubarak.
Alguns oponentes de Mubarak foram incluídos no gabinete anunciado na noite de domingo pela junta militar que controla o Egito depois da rebelião popular que encerrou 30 anos do governo de Mubarak. Mas as pastas da Defesa, Relações Exteriores, Interior e Finanças continuaram nas mãos de ministros ligados ao antigo regime.
\'Ninguém nos ofereceu nenhum cargo, e se tivessem oferecido teríamos rejeitado, porque... o público exige que este governo saia, já que é parte do antigo regime\', disse Essam El Arian, dirigente da Irmandade Muçulmana, que era proibida no governo Mubarak. \'Queremos um novo governo tecnocrata, sem conexão com a antiga era.\'
A Irmandade, que diz defender uma democracia com princípios islâmicos, está representada num comitê que prepara emendas constitucionais e num conselho de \'defesa da revolução\', e deve se registrar como partido político assim que as novas regras permitirem.
Temendo ser reprimida, a Irmandade adotou uma postura cautelosa no início da rebelião contra Mubarak, e pouco a pouco assumiu um papel mais proeminente. Mas o grupo -- visto com preocupação pelos EUA e outros governos ocidentais -- nega ter a intenção de apresentar candidato a presidente ou fazer maioria no Parlamento.
Uma grande incógnita no cenário político egípcio é o papel que os militares reservarão para si. Na sexta-feira, uma gigantesca passeata comemorou a queda de Mubarak, mas também lembrou aos militares que as manifestações populares poderão recomeçar se os generais renegarem as promessas de democratização do país.
Na segunda-feira, as Forças Armadas anunciaram uma anistia para armas roubadas durante a revolução, e o primeiro-ministro Ahmed Shafiq ordenou que ruas sejam rebatizadas em homenagem a alguns dos 356 \'mártires\' da revolta. No domingo, as autoridades haviam anunciado a libertação de 108 presos políticos.
A reforma ministerial de domingo trouxe para o gabinete algumas caras novas, inclusive três políticos de partidos legalizados da oposição, o que é uma notável mudança no Egito, onde apenas quatro semanas atrás os grupos contrários ao regime eram perseguidos, fragmentados e enfraquecidos.
Os novos líderes militares do país, que assumiram o poder após 18 dias de protestos, disseram que as mudanças na Constituição que viabilizam as eleições em seis meses deveriam estar prontas em breve, e que as leis de emergência seriam suspensas antes da votação.
#####Pressão britânica
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pressionará pela suspensão das leis de emergência no Egito durante sua visita oficial ao Cairo nesta segunda, disse uma autoridade britânica.
A suspensão das leis de emergência tem sido uma das principais exigências dos manifestantes que lançaram uma revolta massiva que derrubou o presidente Hosni Mubarak este mês.
Cameron será o primeiro líder estrangeiro a visitar o Egito desde a queda de Mubarak, que inflamou o Oriente Médio e obrigou o Ocidente a repensar suas políticas na região.
Durante sua visita, o premiê britânico se reunirá com membros da antiga oposição contra Mubarak, mas não com a Irmandade Muçulmana.
(g1)