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Doações de comida e tempo trazem vida nova aos desabrigados no PR

15 Mar 2011 - 18h15
Doações de comida e tempo trazem vida nova aos desabrigados no PR -
Um dos bairros mais afetados com as chuvas do fim da semana passada em Antonina (no litoral do Paraná) foi o Laranjeira. As casas foram construídas na encosta de um morro há cerca de 40 anos, confirma o professor de geologia da Unicamp Jefferson Picanço. Ele nasceu em Antonina e está na cidade com um grupo de estudiosos.

Com os deslizamentos da última sexta-feira (11), a lama primeiro levou uma casa. Então começou o efeito dominó. Uma das residências, que ficava em um terreno mais baixo, foi completamente coberta. Duas pessoas morreram. “Meu avô não quis sair de casa. A gente insistiu”, conta ao G1 o neto de uma das vítimas.

No dia do acidente, 26 famílias foram recebidas na 1ª Igreja Batista de Antonina. “Nós providenciamos pão e fizemos um café”, lembra a pastora Terezinha Meirelles. Segundo ela, “algumas [mães] criaram os filhos naquelas casas [destruídas]. Elas estavam muito abatidas”. A cada dia foram chegando mais famílias, agora dos bairros Graciosa de Cima e Graciosa de Baixo. Na contagem desta terça-feira (15), são 39 famílias ao todo.

Para dar conta da cozinha (são quatro refeições diárias) e da limpeza, 50 voluntários trabalham em turnos. “Nem todo mundo é da igreja. Tem gente que chega aqui e diz ‘quero ajudar’, então ajuda”, diz a pastora. Os hóspedes também trabalham.

“Aqui [na igreja] estão abrigadas 83 pessoas, mas o número aumenta na hora das refeições. Chega a cem. Tem gente que tem onde ficar, mas não tem o que comer”, explica uma voluntária. Ela emenda: “A maior parte dessas pessoas saiu de casa com a roupa do corpo”.

Toda a comida chega por doações. Como as aulas estão suspensas, a prefeitura cedeu a merenda escolar para os desabrigados. Caminhões carregados vêm da capital com mantimentos, mas as ruas em Antonina estão em péssimas condições e a logística é feita no braço.

“Uma mulher trouxe aqui um pote de margarina e cinco pães. Disse que era o que podia ajudar”, dizia a pastora quando, poucos minutos depois, uma outra mulher passou na igreja e doou R$ 1,40. “É a história bíblica da viúva pobre, que doou tudo que tinha”, completa.

Três áreas servem de armazém. Um para remédios e produtos de higiene pessoal, outra para alimentos e uma terceira para roupas e calçados. A maior necessidade deles, segundo todos os entrevistados, é água. De acordo com o relatório do Corpo de Bombeiros, divulgado nesta terça-feira (15), o abastecimento não foi totalmente restabelecido em Antonina.

Uma médica e uma assistente de enfermagem voluntárias atendem em um consultório improvisado. Elas fazem exames simples, como medir a pressão, e também dão recomendações importantes sobre como cuidar da saúde em uma situação tão adversa. “Principalmente leptospirose e hepatite”, ensina a assistente. “É preciso manter os pés sempre calçados e lavar bem as mãos”, insiste.

Família muito unida

Nascida em Antonina, Adir de Freitas Dutra fez aniversário de 70 anos no dia em que perdeu a casa e tudo que tinha dentro. Dos oito filhos vivos que tem, cinco estão com ela no abrigo, sem contar os netos. Ao todo, são 10 pessoas da mesma família. A filha Tânea Mara Freitas Dutra apela: “Ponha minha foto na internet, porque meu filho está na Inglaterra e, mesmo falando comigo por telefone, está preocupado demais”.

Angélica Nanci de Freitas Santos, de 16 anos, e Bruna Batista da Silva, de 17 anos, perderam o material escolar, incluindo os uniformes. Mas as duas estão preocupadas com os computadores, que dizem ter comprado em vezes. As meninas tem o apoio de Laurita Pereira de Oliveira, de 68 anos. Ela confirma a perda dos computadores.

Em uma roda entusiasmada, Laurita pede às amigas que parem de falar. Relembra a chuva, na sexta-feira, quando a neta, de 6 anos, debruçada na janela da sala, gritou “o morro está caindo”. (G1)

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