De maneira simples e acertada, sempre relacionando educação e sociedade, nosso querido e eterno filósofo nos leva a pensar sobre a fundamental importância da educação e daquelas(es) que a edificam na luta por uma sociedade justa e pacífica.
Dia 15 de outubro é o nosso dia, e temos de celebrar com todas as forças de nossas existências. Contudo, sabemos que o teor do trabalho docente não cabe em um só dia, por que é feito de métodos, de técnicas de teorias, mas também de sonhos, esperança e de lutas que transcendem a aula, a sala de aula, os muros da escola.
Muito embora, tenhamos grandes companheiros na luta da educação, a história da educação se confunde com a história das mulheres. Somos a grande maioria no exercício da profissão e em alguns momentos e locais, a educação é/foi exercida somente pelas mulheres. A desigualdade de gênero é percebida na valorização do trabalho da educação, que em muitos momentos é invisível aos olhos das políticas construídas especialmente por homens brancos e ricos.Um desses, Paulo Maluf, em um discurso extremamente preconceituoso, chegou a dizer que “professora não é mal paga, é mal casada.”
Num passado recente, as professoras eram chamadas de “tias”, trazendo para o contexto da sala de aula o não reconhecimento da profissão “professora”. Após anos de luta e debate sobre o tema, conquistamos o direito de sermos chamadas de professoras e junto com este direito conquistamos a visibilidade da educação e a necessidade de investimento na mesma.
Junto com nossos companheiros, conquistamos a escola pública como um direito universal para toda as crianças e adolescentes, a lei do piso nacional com direito a salário mínimo educacional e maior tempo para a preparação das aulas, com um terço da hora atividade, capacitações, melhores condições de trabalho, salas de tecnologias, mais recurso para a merenda escolar, livros na maioria dos componentes curriculares e conquistamos, por um tempo, o direito a sonhar alto com a educação.
Quando o Brasil descobriu o Pré-sal e colocou a educação como prioridade nos Royaltes, nós acreditamos que o país iria finalmente todas as nossas expectativas seriam atendidas. Professoras e professores sonharam, lutaram, conquistaram, mas a história é cíclica e,infelizmente com a mudança da política econômica, esse sonho não se concretizou.
Nos últimos anos, acompanhamos o desmonte da educação, da ciência e da tecnologia. Professoras e professores sofreram duros ataques com as reformas do ensino médio, da previdência, trabalhista e com a terceirização. Neste momento, temos um novo desafio, lutamos contra a PEC32, que prevê a privatização das escolas públicas. Tal reforma é o maior de todos os ataques até o momento. Por meio desta política,corremos o risco de ver nossas escolas públicas não serem totalmente gratuitas e voltarmos ao tempo em que a escola não era lugar para todas as crianças e adolescentes.
Os efeitos catastróficos da pandemianos trouxeram novos desafios para a luta. Permitiu-nos descobrir que a educação a distância não funciona e não há qualquer possibilidade de transformar uma nação por meio dela. Também experimentamos as salas de aulas com números reduzidos de estudantes e, junto com estudantes, constatamos que é possível melhorar a qualidade da educação com salas de aulas adequadas.
Ainda que o momento seja difícil, nós seguimos lutando e acreditando que outro Brasil é possível. Juntas(os) venceremos! Abraços paulofreirianos.