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CONFLITO EM CAARAPÓ

PF aguarda vídeos para avançar em investigação sobre morte de indígena

15 Jun 2016 - 13h57
Policiais na estrada de acesso à fazenda
 - Crédito: Foto: Gabriela Pavão/ G1 MSPoliciais na estrada de acesso à fazenda - Crédito: Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS
A Polícia Federal (PF) aguarda vídeos feitos por indígenas do confronto com fazendeiros ocorrido nessa terça-feira (14), em Caarapó, a 264 quilômetros de Campo Grande, para avançar nas investigações sobre o caso.

Policiais federais e militares estiveram na manhã desta quarta-feira (15) no local do conflito, a fazenda Ivu, por duas horas, e conversaram com os indígenas sobre os vídeos. Eles também pediram aos índios as quatro armas de fogos e os dois coletes balísticos tirados de policiais feridos na tarde dessa terça-feira.

A informação foi dada ao G1 pelo delegado da PF de Dourados, Marcel Maranhão, que acrescenta ainda que a devolução das armas é uma das condições para a PF continuar as investigações sobre a morte.

"O que foi conversado agora é que a gente precisa da devolução dessas armas para ter condições de segurança para continuar as investigações sobre o índio que foi morto e os que foram feridos. Eles se comprometeram a se reunir e tentar localizar e a gente vai retornar para continuar investigação. Eles ficaram também de levantar algumas provas. Eles disseram que tem videos e a gente vai recolher tudo isso e vai continuar investigando", afirmou Maranhão.

As imagens podem servir como prova para a investigação e devem ajudar a esclarecer o conflito que deixou também outros seis índios feridos.

"O que aconteceu foi que diversos índios fizeram vídeos. Solicitei que eles reunissem todos esses videos e me repassassem. Todo esse material vai ser analisado na investigação policial", esclareceu.

O delegado da PF ressalta que, até o momento, somente a morte do agente de saúde foi confirmada. "Por enquanto só uma morte, mas estamos levantando números, confirmando se todos esses feridos foram na situação que houve conflito, então está tudo em apuração", finalizou.

Força Nacional

Em nota oficial divulgada na manhã desta quarta-feira (15), o governo de Mato Grosso do Sul afirma que pediu ao Ministério da Justiça a presença da Força Nacional de Segurança Pública na região.

No comunicado, o Executivo diz ainda que estão sendo realizadas investigações para identificar os autores das agressões policiais, o roubo das armas e os danos causados à viatura policial e que a PF apura a morte do agente de saúde indígena Claudione Rodrigues de Souza, de 26 anos.

Confronto

Por conta do conflito, o clima é de tensão nesta quarta-feira na fazenda Ivu e no acesso à propriedade. Índios estão pintados e armados com arco e flecha e pedaços de pau. Os indígenas estão na fazenda desde segunda-feira (13).

Os seis índios feridos por tiros durante o confronto com fazendeiros continuam internados. Cinco estão no Hospital da Vida, em Dourados, sendo que três deles passaram por cirurgia. Todos estão bem e não correm risco de morrer, assim como a índia atingida por tiro de raspão questá no hospital de Caarapó.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Justiça e até a publicação desta reportagem não obteve retorno. A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que a área em conflito está na Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá. Conforme o órgão, ela é tradicionalmente ocupada e está em estudo para regularização fundiária.

Em nota publicada no Facebook, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirmou que homens armados chegaram em 60 camionetes e atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território perto da aldeia Te' Ýikuê. A Funai também afirma que os índios foram atacados.

Reféns

Após confronto dessa terça-feira, militares acabaram rendidos pelos indígenas por duas horas após o pneu da viatura furar. Eles tiveram as armas de fogo e coletes tomados, a viatura queimada e três sofreram ferimentos leves.

"Os policiais não esperavam esse tipo de situação de quem eles foram ajudar. Apanharam com pedaço de pau. Algemaram eles com as próprias algemas", afirma o comandante da Polícia Militar (PM) de Dourados, que responde pelo município, tenente-coronel Carlos Silva.

Ainda segundo o tenente-coronel, a equipe foi recebida a tiros e há suspeita de que índios paraguaios estejam entre os indígenas brasileiros. "Os indígenas falavam que iam atear fogo nos policiais. Chegaram a jogar gasolina neles. O que mais nos deixou preocupados foi que a polícia foi garantir a vida dos indígenas e foi atacada por aqueles que visavam salvar", fala o oficial.

Em nota, a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ABSSMS), seccional Dourados, repudiou "as ações de extrema violência contra a integridade física de policiais militares".

Mortes

Em agosto de 2015, cerca de 80 indígenas ocuparam cinco fazendas vizinhas à aldeia em Antônio João (MS). Durante retomada feita por fazendeiros, os dois grupos entraram em confronto e um indígena foi encontrado morto perto de um córrego, dentro de uma das fazendas.

Em maio de 2013, confronto entre indígenas e policiais durante a reintegração de posse de uma fazenda ocupada em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, deixou um índio morto e vários outros feridos.

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