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Memória

Nos 60 anos do golpe militar, USP completa novas etapas de reparação

Realizadas pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, ações seguem recomendações do relatório da Comissão da Verdade da USP

01 Abr 2024 - 08h00Por Michel Sitnik/Jornal da USP
Memorial aos membros da USP perseguidos pela ditadura militar  - Crédito:  Marcos Santos / USP ImagensMemorial aos membros da USP perseguidos pela ditadura militar - Crédito: Marcos Santos / USP Imagens

Completam-se, em 1º de abril de 2024, 60 anos do golpe de estado que instituiu o regime militar no governo do Brasil em 1964. Após um período turbulento, em 1979 a Lei da Anistia começou a mudar a situação vivida na Universidade, por um lado trazendo maior grau de normalidade, mas, por outro, protegendo agentes do Estado envolvidos no cometimento de crimes. Buscando a reparação histórica às vítimas desses crimes, foi instituída, em 2012, a Comissão Nacional da Verdade, que reabriu arquivos e voltou a discutir as questões relacionadas aos direitos no período ditatorial. 

A USP criou a sua própria Comissão da Verdade em 2013 e em 2018 foi divulgado um relatório, que trouxe 14 recomendações a respeito da reparação. E no ano em que se completam os 60 anos do golpe, a Universidade prevê concluir mais duas dessas recomendações.

A primeira delas, que é a recomendação de número 9 no relatório, diz respeito à diplomação póstuma dos estudantes que morreram ou desapareceram em razão daviolação de seus direitos humanos pela ditadura militar. A proposta, iniciada ainda no final de 2023, é chamada de “Diplomação da Resistência”, e já concedeu os títulos a dois alunos, Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Queiroz, ambos do Instituto de Geociências (IGc), que foi a unidade inaugural do projeto. Agora, ao longo de 2024, outras faculdades e institutos serão contemplados, chegando a 33 estudantes diplomados. 

Já a recomendação de número 8 sugere a “Inclusão, no Memorial aos Membros da Comunidade USP Vítimas do Regime da Ditadura Militar – 1964/1985, do nome de mais nove vítimas do regime militar, já que essas pessoas tiveram em alguma fase de suas vidas vínculo com a USP”. O Memorial foi inaugurado em 2011, na Praça do Relógio, em frente ao Auditório Camargo Guarnieri, no campus do Butantã. Composta de placas de concreto, a obra foi idealizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade e é uma homenagem aos professores, funcionários e estudantes que foram mortos ou desapareceram durante o período da ditadura militar. Os nomes a serem incluídos são os de: Alexander José Ibsen Voerões, Boanerges de Souza Massa, Henrique Cintra Ferreira de Ornellas, Jane Vanini, Juan Antonio Carrasco Forrastal, Maria Regina Marcondes Pinto, Miguel Pereira Dos Santos, Sérgio Roberto Corrêa e Wânio José de Mattos.

Renato Cymbalista – Foto: Acervo Pessoal

Segundo o diretor de Direitos Humanos e Políticas de Reparação, Memória e Justiça da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP, Renato Cymbalista, esta ação também incluirá uma restauração e recuperação do monumento e ocorrerá nos próximos meses, em uma cerimônia especial. “Essas são iniciativas que mostram que a USP reconhece injustiças do passado e busca agir no presente para construir um futuro melhor, mais democrático, mais diverso e tolerante”. Cymbalista comenta que o objetivo da PRIP é finalizar essas duas ações em 2024, ano da efeméride dos 60 anos do golpe, mas ressalta o caráter perene do trabalho de memória: “É um trabalho que nunca acaba, afinal a reparação histórica é uma tarefa permanente e a USP está engajada neste processo”.

Para marcar a data de aniversário do golpe, a PRIP produziu um hotsite e um vídeo que explica ao público o contexto dos eventos históricos que impactaram a USP e a importância da memória e das políticas institucionais de reparação.

 

 

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