Dourados – MS terça, 11 de fevereiro de 2025
22º
caso petrolão

Delator diz que Cunha recebeu U$ 5,1 milhões em propina

07 Abr 2016 - 11h02
A defesa de Cunha chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal - Crédito: STFA defesa de Cunha chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal - Crédito: STF


# Título

####Subtítulo


Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara nesta quinta-feira (7), o empresário Leonardo Meirelles disse ter comprovantes de depósitos bancários, totalizando US$ 5,1 milhões, de valores que recebeu em suas contas no exterior e que teriam como destinatário final o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Meirelles afirmou que transformou esse dinheiro em reais e o entregou em espécie ao doleiro Alberto Youssef, que depois informou a ele que seria destinado para o parlamentar.

Delator na Operação Lava Jato, Meirelles é ex-sócio de Youssef e cedia empresas para que o doleiro fizesse repasses de recurso ao exterior que seriam destinados depois a supostos beneficiários de propina.

Cunha é investigado no Conselho de Ética pela suspeita de manter contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras e de não as ter declarado no Imposto de Renda. O presidente da Câmara nega ter conta, mas apenas o usufruto de fundos geridos por trustes.

Meirelles disse aos deputados do colegiado não ter feito nenhum depósito diretamente em contas de Cunha e relatou não saber se ele tem ou não conta no exterior.

Ele contou, porém, que, a pedido de Youssef, recebeu três transferências em 2012 de uma empresa do empresário Júlio Camargo, totalizando US$ 5,1 milhões, na conta de uma empresa sua, chamada RFY, na China. Meirelles relatou que transformou esse dinheiro em reais e o entregou em espécie a um entregador de Youssef, chamado Jayme Careca.

Na ocasião, ele disse que não sabia o destinatário do dinheiro, mas que, dias depois, em um almoço informal, Youssef disse que os US$ 5,1 milhões seriam destinados a Cunha. Relatou ainda que, quando teve conhecimento das delações do próprio Youssef e do Júlio Camargo, associou as acusações feitas por eles contra Cunha com as operações que tinha feito.

"Uma semana após a operação, almoçando com o Alberto, nesse mesmo dia eu vi o Júlio [Camargo] saindo do escritório do Alberto, fomos almoçar e ele me disse: 'Você nem imagina a pressão que eu estava sofrendo'. E disse que era do investigado [no Conselho de Ética], que era de Eduardo Cunha", afirmou.

Segundo Meirelles, após virem à tona as delações do Júlio Camargo e de Youssef, que mencionavam esse pagamento de propina a Cunha, ele pediu autorização ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, para buscar extratos na China das transações bancárias e que toda a documentação foi entregue à Procuradoria.

De acordo com a investigação dos procuradores, os recursos dizem respeito a propina recebida por Cunha em contratos da Petrobras de dois navios-sondas da empresa coreana Samsung Heavy Industries Co. e da japonesa Mitsui.

Defesa de Cunha

A defesa de Cunha chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para cancelar o depoimento de Meirelles e de todas as outras sete testemunhas da acusação arroladas pelo relator, Marcos Rogério (DEM-RO), sob a alegação de que nada teriam a esclarecer sobre o objeto do processo no conselho. No entanto, a ministra Cármen Lúcia negou o pedido, liberando, assim, as oitivas.

O advogado de defesa de Cunha, Marcelo Nobre, alegou que Meirelles era suspeito para prestar depoimento porque teria interesse pessoal e sustentou ainda que, quando o relatório preliminar foi aprovado, os deputados rejeitaram o trecho que pedia investigação sobre o suposto recebimento de propina. "Não é justo porque decidem que não querem investigar isso e agora querem mudar isso aqui. É o interesse do delator depoente em vir aqui falar. Ele mesmo aga as suas despesas e vem aqui com interesse", afirmou Nobre.

Houve bate-boca entre deputados aliados do presidente da Câmara e adversários dele para que o depoente assinasse um termo de compromisso atestando que dirá somente a verdade. Como a presença dele no conselho é como testemunha, o advogado dele, Haroldo Nater, de início não quis que ele assinasse o documento, mas, diante do protesto de aliados de Cunha, acabou cedendo.
O próprio Meirelles arcou com as despesas da passagem aérea de São Paulo a Brasília para que pudesse comparecer ao conselho. Normalmente, é praxe que a Câmara banque com os custos do transporte de depoentes, mas o pedido feito pelo colegiado não obteve resposta da Mesa Diretora, presidida por Cunha.

O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), criticou o comando da Casa e disse que o conselho iria agora pleitear agora o ressarcimento. O relator também acusou o presidente da Câmara de mais uma vez tentar atrapalhar o andamento. "É, claramente, uma tentativa de obstrução dos trabalhos", afirmou.

Deixe seu Comentário

Leia Também

Marçal convida e Pudim aceita ser o líder do prefeito na Câmara
Dourados

Marçal convida e Pudim aceita ser o líder do prefeito na Câmara

10/02/2025 18:00
Marçal convida e Pudim aceita ser o líder do prefeito na Câmara
Prefeitos de todo o país se reúnem a partir desta terça em Brasília
Política

Prefeitos de todo o país se reúnem a partir desta terça em Brasília

10/02/2025 10:30
Prefeitos de todo o país se reúnem a partir desta terça em Brasília
Reunião da Comissão de Acompanhamento das Mães Atípicas é destaque
ALEMS

Reunião da Comissão de Acompanhamento das Mães Atípicas é destaque

10/02/2025 07:00
Reunião da Comissão de Acompanhamento das Mães Atípicas é destaque
Bancada da Bíblia consolida força, mas vive novos desafios
Política

Bancada da Bíblia consolida força, mas vive novos desafios

09/02/2025 20:00
Bancada da Bíblia consolida força, mas vive novos desafios
Romário apresenta relatório da CPI da Manipulação de Apostas na terça
Senado

Romário apresenta relatório da CPI da Manipulação de Apostas na terça

09/02/2025 06:40
Romário apresenta relatório da CPI da Manipulação de Apostas na terça
Últimas Notícias