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Saúde do Trabalhador ainda é precária

23 Mai 2011 - 02h10
Na clínica de Fisioterapia, Conselho verifica aparelhos danificados - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSONa clínica de Fisioterapia, Conselho verifica aparelhos danificados - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSO
DOURADOS – Sem médicos e enfermeiros, o atendimento no Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Dourados ainda é precário. De acordo com o presidente da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist), Ronaldo Ferreira, os pacientes que chegam no programa para serem avaliados pelo médico, são inseridos numa lista de espera que já acumula 40 nomes. Destes pelo menos 20 precisam passar por um profissional de Enfermagem. “Não há como fazer o encaminhamento destes pacientes antes que passem por um médico do programa”, informa.


Segundo ele, em reunião no último dia 17, ficou constatado que a estrutura do corpo clínico não está obedecendo nem ao menos o exigido pela legislação que regulamenta as atividades do Cerest, que visam ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos trabalhadores urbanos e rurais. “Também faltam psicólogos e assistentes sociais, já que os disponíveis não atendem a demanda”, alerta.



Outro agravante, segundo o Cist, é que desde a gestão do então prefeito Ari Artuzi, o Cerest passou por três gestões, o que “inviabiliza a implantação de qualquer plano de ação contínuo para a saúde do trabalhador em Dourados”, destacou.

Por conta disso, segundo Ronaldo, metade do Plano de Ação do Programa não teria sido cumprido nos últimos anos. Um ofício foi encaminhado para o Conselho Municipal de Saúde, representado por João Alves de Souza, para que as informações fossem confirmadas e que a atual coordenadora, que está há seis meses a frente do programa fosse mantida. Isto porque de acordo com Ronaldo, se houver mais uma troca de comando, o programa começará da estaca zero mais uma vez. De acordo com ele, a média de atendimento diário do programa é de 10 a 14 encaminhamentos, que não estariam sendo realizados.

O Conselho de Saúde fez vistorias no programa e constatou a problemática. Conforme João Alves, além da falta de profis-sionais, o Sistema da Regulação de Consultas (Sisreg) não estaria agendando os pacientes para serem atendidos na clínica de Fisioterapia que funciona no Pronto Atendimento Médico.
O setor é apenas um dos atendimentos do Cerest. Em média 30 pacientes por dia. Este quadro poderia ser ampliado para 50, se não houvesse problemas com os agendamentos. O Conselho constatou ainda que problemas simples de serem resolvidos atrapalham o bom andamento dos serviços na clínica do Pam. Há dois anos, não há manutenção nos eletrônicos.

Um deles, o Termopulse, só precisa de um plug para funcionar, mas está parado no local. O Termotran, utilizado para tratamento de quebraduras, torções e luxações, também está sem funcionamento. Dois aparelhos de ultrasom estão sem manutenção. Outro aparelho, utilizado para reabilitação de tendões e ligamentos não conta com uma peça que reproduz o laser; uma espécie de “caneta”.
De acordo com o Conselho, o programa recebe em média R$ 30 mil por mês para manter os atendimentos. “Se o programa não está funcionando é preciso descobrir no que está sendo investida a verba. Por isto o Ministério Público Estadual e Federal serão comunicados sobre a problemática”, avisa João.

MAPA

Os acidentes de trabalho estão vitimando cada dia mais trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Em Dourados, no ano passado, 81 pessoas foram vítimas de acidentes de trabalho em Dourados. Destas, 9 por exposição a material biológico, 10 casos por transtorno mental relacionado ao trabalho, lesões por esforço repetitivos somaram 18 casos e 44 trabalhadores sofreram acidentes graves, como por exemplo, amputações e casos de óbitos. Recentemente, para o auditor fiscal Roberto Magalhães, o acidente de trabalho é uma tragédia para o trabalhador. Isto porque, segundo ele, a vítima começa a ganhar menor remuneração e gastar mais com tratamento de saúde.

OUTRO LADO

A Secretéria de Saúde de Dourados Sílvia Bosso, anunciou uma reestruturação no Cerest de Dourados. Ela reconhece que existe um problema em se localizar médicos interessados nas vagas doisponíveis, mas diz que não está medindo esforços para fazer as contratações necessárias. Em relação a demais profissionais que estariam faltando, a secretária garante que todos serão efetivados depois do concurso público que já está sendo organizado pela prefeitura de Dourados. Outros com concurso em aberto serão chamados nos próximos dias.

Ela garante que o programa nunca parou de atender; pelo contrário, estaria, segundo Sílivia, funcionando normalmente. Diz que houve um problema com os agendamentos de consulta no Sisreg, mas que esta questão já foi resolvida.
O coordenador de Vigilância em Saúde, Eduardo Arteiro Marcondes, disse ao O PROGRESSO que a reformulação do Cereste já está acontecendo. Eduardo diz que a estrutura organizacional “está sendo modificada para atender a todo o vapor. Com a mesma seriedade que estamos cuidando da vigilãncia em saúde, vamos cuidar do Cerest”, garante.

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