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Falecimento

Morre na Capital a historiadora Maria da Glória Sá Rosa

29 Jul 2016 - 19h12
Professora Maria da Glória Sá Rosa deixa grande legado cultural ao Mato Grosso do Sul. - Crédito: Foto: Elvio LopesProfessora Maria da Glória Sá Rosa deixa grande legado cultural ao Mato Grosso do Sul. - Crédito: Foto: Elvio Lopes
A historiadora, professora, escritora, crítica literária, incentivadora cultural e, entre outros atributos que deixam seu nome gravado no memorial histórico de Mato Grosso do Sul, Maria da Glória Sá Rosa, a Glorinha, morreu no início da noite de quinta-feira, no Hospital El Kadri, em Campo Grande, cidade que escolheu para viver, no início de sua carreira no magistério. Ela tinha 88 anos de idade e estava internada desde segunda-feira, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e teve o estado agravado por uma pneumonia.


Glorinha nasceu em Mombaça (CE), a 4 de novembro de 1927 e formou-se em Línguas Neolatinas pela Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), lecionou na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) durante 26 anos, nas cátedras de Literaturas de Língua Portuguesa e História da Arte e, diplomada em francês, fundou e dirigiu a Aliança Francesa em Campo Grande.


Autora de vários livros e artigos sobre cultura em jornais e revistas da Capital e do Estado, Glorinha criou a Revista Estudos Universitários na antiga Fucmat; na mesma instituição, fundou o Teatro Universitário Campo-Grandense (TUC) e o Cine Clube da Capital e dirigiu o projeto Pratas da Casa, que descobriu e incentivou a carreira musical de talentos sul-mato-grossenses, com shows musicais e gravação de discos.


Maria da Glória também ocupou cargos ligados à cultura, como o de presidente do Conselho Estadual de Cultura; diretora-executiva da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), que também presidiu; secretária-adjunta de Estado de Desenvolvimento Social e superintendente da Secretaria de Cultura e Esportes de Campo Grande.


Na área cultural coordenou diversos festivais de música e teatro em Campo Grande, que revelaram vários talentos e também produziu programas de televisão e rádio, além de escrever resenhas sobre artes para diversos artistas plásticos do Estado para divulgarem suas artes no País e no exterior.


Ocupante da Cadeira nº 19 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), Glorinha, entre dezenas de títulos e homenagens, foi agraciada com o Título de Cidadã Campo-Grandense; recebeu a Medalha Centenário de Campo Grande; Medalha do Mérito Legislativo do MS; da Ordem do Mérito do Estado; de Honra ao Mérito e os títulos de Doutora Honoris Causa pela UFMS e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e a comenda Ordem Guaicurus do Mérito Judiciário do Trabalho, outorgada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, em 2013. A mais recente homenagem a Glorinha foi prestada pelo artista plástico Jonir Figueiredo, durante exposição no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do MS (CAU).

Repercussão


Participante ativa da vida cultural de Campo Grande, prestigiando eventos e também recebendo homenagens, Glorinha foi reverenciada ontem, após sua partida, por inúmeros amigos.


O poeta Rubênio Marcelo, seu confrade na ASL, fez um soneto de despedida para Glorinha, um tributo à mestre das letras, afirmando que "aqui você só semeou a virtude e espalhou alegrias aos corações. É esta sua franca alegria que queremos sempre lembrar".


A escritora, atriz, jornalista e bailarina Blanche Torres, que conviveu bastante com Glorinha, deixa como mensagem que ela foi "uma cearense amorosa que escolheu Mato Grosso do sul e valorizou nossos artistas com seu dom de educadora. Revelou muitos talentos e incentivou a produção cultural em todas as áreas artísticas. Contribuiu de maneira sublime para a identidade cultural do estado".


Outro poeta, Ruberval Cunha, também fez um poema de despedida e destacou que "a marca na história de MS já está gravada em cada ação que ela fez em prol de nosso Estado. Professora Glorinha será sempre uma referência cultural de MS".


Também confrade na ASL, o desembargador aposentado Rêmolo Leteriello afirmou que Maria da Glória Sá Rosa é "um nome que ficará imortalizado na história deste Estado que ela tanto amou e dignificou".


O artista plástico e produtor cultural Jonir Figueiredo, que está em Bonito, para o Festival de Inverno, afirmou que o show de abertura também foi dedicado a ela, como ela gostaria que fosse um evento cultural, com alegria. "Ela deixou a vida e seu espírito veio comemorar conosco mais um evento da cultura no Estado".


Américo Calheiros, que teve prefácio de livro assinado por Glorinha, lembrou que toda a vida cultural de Campo Grande e do Sul do Mato Grosso passava pelas mãos, pela mente e pelo dínamo da professora Maria da Glória de Sá Rosa. "Eu a considero responsável por me incentivar a adentrar ao mundo da cultura".


O sepultamento de Glorinha aconteceu no meio da tarde de ontem, no Cemitério Santo Antônio, na região central de Campo Grande e muitos amigos foram lhe prestar as últimas homenagens.

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