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Jovem é refém das drogas e álcool

18 Abr 2011 - 21h50
Jovem é refém das drogas e álcool  - Crédito: Foto : Hedio Fazan/PROGRESSO Crédito: Foto : Hedio Fazan/PROGRESSO
DOURADOS – Sem assistência adequada por parte dos órgãos responsáveis pelos povos indígenas, um jovem doente de 17 anos vive praticamente abandonado na aldeia Bororó em Dourados. Usuário de drogas há aproximadamente dez anos, o rapaz também sofre negligência por parte da família, que perdeu o controle da atenção básica que poderia ser dada ao indígena. O problema é tão grave que ele desenvolveu problemas mentais devido às drogas e hoje sofre ataques de nervo, destruindo o que vê pela frente. Também agride os próprios familiares.

Há dois anos O PROGRESSO esteve na residência de Nestor Cavalcante, pai do rapaz de 17 anos. Na época o garoto vivia dentro de um buraco, cavado com as mãos, ao lado da casa da família. Ele recebia cuidados da mãe, morta no final do ano passado. Ela teria sido arrancada de dentro de casa, numa madrugada, por outros indígenas, arrastada pelo matagal e violentada. Seu corpo foi achado pela família. Havia sinais de estrangulamento.

A cena de violência contra a mãe foi vista pelo rapaz e seus cinco irmãos pequenos, com idades entre 4 e 10 anos. Nestor, pai das crianças, disse que na noite do assassinato da esposa não estaria em casa. “Foi só os meninos que viram a tragédia. Eles estão assustados até hoje”, diz Nestor.

Por presenciar a morte da mãe, as crianças teriam ficado com receio de morar na casa da família. O imóvel de alvenaria é popular, construída com recursos do governo federal. A partir daí a casa de dois quartos, sala, cozinho e banheiro passou a ser a moradia oficial do rapaz de 17 anos, dependente químico.

Nestor e as cinco crianças pequenas, além da filha mais velha, de 15 anos, que está gravida, foram morar numa tapera de chão batido, coberta por sapê. Foi Nestor que construiu, ao lado da casa de familiares, a pouco mais de cem metros da antiga casa.

Acontece que o rapaz depredou a residência de alvenaria. Antes, quando não dormia no buraco, ele vivia na cozinha da, cujo os móveis teriam sido retirados para não ser destruídos pelo dependente químico. A família vivia dentro dos quartos, trancafiados na época por cadeado.

Ontem O PROGRESSO se deparou com uma cenário ainda mais crítico em relação a dois anos atrás. Não há nenhum tipo de mobília na casa. O rapaz, que só tem uma muda de roupas e aparentava não tomar banho a semanas, dorme em trapos de cobertor, espalhado em um dos quartos.


No casebre do pai dele, a situação também é critica. Não há moveis na tapera de um cômodo e as sete pessoas da família vive amontoadas em colchões sobre o chão batido. Há dois a família tinha camas, televisão e outros pertences.
Nestor disse que sustenta a família com a pensão de um salário mínimo (R$ 545) e cesta básica que recebe do governo do estado. Ele também tem o Bolsa Família, em razão das crianças menores, porém não quis dizer o valor. Esse benefício é repassado a famílias carentes de acordo com o número de crianças pequenas. Nestor deve receber algo em torno de R$ 200. Questionado se com o dinheiro que recebe daria para sustentar a família, disse apenas que é difícil.
#####DOENÇA
O filho de seu Nestor sofre de problemas mentais, devido ao uso de drogas desde a infância. O diagnóstico, segundo o pai, foi feito por médicos. No ano passado o garoto chegou a ficar pouco mais de dois meses internado em Campo Grande. Foi medicado, se comportou bem e liberado.

De volta à casa tornou a ter contato com as drogas. “A noite, aqui na aldeia, não falta má companhias para levar meu filho ao caminho errado”, disse Nestor. “Quando ele não está drogado está bêbado”, conta o pai.
Ontem o rapaz estava calmo e aparentava estar bem. Na sexta-feira, segundo o pai, equipe de saúde da Funasa - Fundação Nacional da Saúde – teria aplicado no garoto a injeção Haldol – medicamento destinado a tratamento de sintomas psicóticos, para o controle de agitação, agressividade, devido a perturbações mentais.

Praticamente sozinho, o rapaz de 17 anos vive perambulando pelas matas da aldeia Bororó sem noção das suas ações e de seu futuro. Mata o tempo com bebidas alcóolicas, adquiridas através da troca de presentes que recebe. Há quinze dias recebera um colchão da prefeitura de Dourados. O produto não se encontra mais com ele. Também retira mantimentos da casa do pai para trocá-los por produtos do vício.

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