Reunião na tarde de ontem criou minuta para preparar eleição direta nas escolas - Crédito: Foto: Hedio Fazan
DOURADOS – A escolha para o cargo de direção nas escolas indígenas municipais de Dourados é um caso sério. Das seis existentes nas aldeias Jaguapiru e Bororó, uma delas, a Ramon Martins, corre o risco de atrasar o início do ano letivo, em 7 de fevereiro. Sem diretor, pais dos alunos não querem matricular seus filhos.O cargo mais alto nas escolas indígenas sempre foi decidido por meio de acordo, com exceção da Tengatui Marangatu. Somente nesta tem eleição com votação direta para a escolha de diretor que ocupa a função por três anos. As demais elegem seus representantes por meio de reunião que não envolve toda a comunidade escolar.
O PROGRESSO apurou com professores das escolas que o problema é antigo. Como essas não têm respaldo específico que trata exclusivamente sobre a educação indígena, acabam seguindo a lei orgânica do município que rege sobre as escolas de Dourados. O problema é que a maioria não segue, e por ter autonomia própria administram a instituição de acordo com cada política interna.
Isto dá brecha para a nomeação de diretores de escolas que não possuem o ensino superior, muitas vezes nem preparado para o cargo. Denominados como coordenadores administrativos, assumem a função de diretor por um período de um ano. Vencido o prazo, indicam uma outra pessoa próxima a ela.
#####DEBATE
A questão que envolve a escolha de diretor nas escolas indígenas municipais foi tema de debate numa reunião na tarde de ontem. Professores, ex-diretores, representante da Funai (Fundação Nacional do Índio) e a secretária de Educação, Margarida Gaigher, estiveram presentes.
A proposta foi criar uma minuta para que os coordenadores administrativos das cinco escolas que não têm diretores criem este ano uma documentação para preparar os colégios para eleições diretas, possivelmente a partir do ano que vem.
De acordo com o professor Aguilera de Souza, um dos realizadores do debate, a proposta é fazer com que todas as escolas sigam as diretrizes da educação no que diz respeito a escolha de diretor: tem que ser um profissional concursado e com formação superior em curso de licenciatura.
Resolvendo esse entrave, as cinco escolas terão que aceitar que os professores que nestas lecionam lancem seus nomes para postular o cargo de diretor. Todas contam com indígenas formados com licenciatura.