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OMS: Destruição do hospital Al-Shifa "arranca o coração" do sistema de saúde de Gaza

Local foi alvo de cerco e operação militar que durou duas semanas, deixando 21 pacientes mortos; o hospital tinha uma capacidade de 750 leitos, 25 salas de cirurgia e 30 salas de terapia intensiva

03 Abr 2024 - 19h45Por ONU News
Imagens da destruição do hospital Al-Shifa em Gaza, após o fim do último cerco israelense. A Organização Mundial da Saúde, OMS, reiterou que os hospitais devem ser respeitados e protegidos; eles não devem ser usados como campos de batalha - Crédito: ONU NewsImagens da destruição do hospital Al-Shifa em Gaza, após o fim do último cerco israelense. A Organização Mundial da Saúde, OMS, reiterou que os hospitais devem ser respeitados e protegidos; eles não devem ser usados como campos de batalha - Crédito: ONU News

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, lamentou nesta quarta-feira que o hospital Al-Shifa esteja agora inoperante e afirmou que sem esta unidade de saúde a situação em Gaza é ainda mais “desastrosa”.

Tedros Ghebreyesus disse que a OMS está buscando acesso ao local para avaliar o que sobrou e o que pode ser aproveitado. Ele enfatizou que “hospitais não devem ser usados como campos de batalhas” e ressaltou a preocupação com o aumento do número de pessoas que precisarão de evacuações médicas.  

Gaza perde seu maior hospital

Al-Shifa era o maior hospital de Gaza e uma das mais antigas instituições de saúde palestinas. Na terça-feira, a porta-voz da OMS, Margareth Harris, afirmou que o sistema de saúde do enclave teve “o coração arrancado”. 

O local foi alvo de uma operação militar e um cerco que durou duas semanas. Durante este período, segundo a OMS, pelo menos 21 pacientes morreram. O hospital possuía 750 leitos, 25 salas de cirurgia e 30 salas de terapia intensiva. 

De acordo com profissionais humanitários da ONU, os impedimentos de acesso continuam comprometendo gravemente a capacidade das organizações humanitárias de alcançar as pessoas necessitadas na Faixa de Gaza. 

Um membro da equipe da UNRWA em Gaza presta cuidados médicos a um meninoUm membro da equipe da UNRWA em Gaza presta cuidados médicos a um menino - Foto: UNRWA

 

27 crianças mortas pela fome

A organização Save the Children confirmou que até agora 27 crianças já morreram devido à fome e doenças e alertou que os menores em Gaza não estão recebendo os alimentos e cuidados médicos de que precisam para sobreviver, com alimentos sendo bloqueados a todo momento e o sistema de saúde destruído. De acordo com o Unicef, mais de 13 mil crianças foram mortas em Gaza desde 7 de outubro.

Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, alcançou mais de 1,8 milhão de pessoas, ou 85% da população, com auxílio alimentar desde o início do conflito. 

Quase 600 mil pessoas receberam cestas básicas emergenciais e 3,6 milhões de atendimentos foram realizados em postos e postos de saúde. A Unrwa continua apoiando o armazenamento e distribuição de produtos alimentícios para outras agências.

US$ 18,5 bilhões em danos à infraestrutura

O custo dos danos às infraestruturas críticas em Gaza é estimado em cerca de US$ 18,5 bilhões, de acordo com um novo relatório divulgado na segunda-feira pelo Banco Mundial e pelas Nações Unidas, com apoio financeiro da União Europeia. O valor equivale a 97% do PIB combinado da Cisjordânia e Gaza em 2022.

relatório de Avaliação Interina de Danos usou fontes de coleta de dados remotas para medir os danos à infraestrutura física em setores críticos entre outubro de 2023 e o final de janeiro de 2024. O relatório conclui que os danos às estruturas afetam todos os setores da economia. 

A habitação representa 72% dos custos. As infraestruturas de serviços públicos, como água, saúde e educação, representam 19% e os danos em edifícios comerciais e industriais representam 9%. 

Estima-se que 26 milhões de toneladas de detritos e escombros tenham sido deixados após a destruição, uma quantidade que levará anos para ser removida.

Pessoas transportam os seus bens através de Khan Younis, no sul da Faixa de GazaPessoas transportam os seus bens através de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza - Foto: Unicef/Eyad El Baba

 

Falta de acesso a moradia e serviços

O relatório também analisa o impacto sobre o povo de Gaza. Mais da metade da população está à beira da fome e toda a população está passando por insegurança alimentar aguda e desnutrição. 

Mais de 1 milhão de pessoas estão sem casa e 75% da população está deslocada. Com 84% das unidades de saúde danificadas ou destruídas, e falta de eletricidade e água para operar as instalações restantes, a população tem acesso mínimo a cuidados de saúde, medicamentos ou tratamentos que salvam vidas. 

O sistema de água e saneamento quase entrou em colapso, entregando menos de 5% de sua produção anterior, com as pessoas dependendo de rações de água limitadas para sobreviver. O sistema educacional entrou em colapso, com 100% das crianças fora da escola.

O relatório também aponta o impacto nas redes de energia, bem como nos sistemas gerados por energia solar e o apagão quase total desde a primeira semana do conflito. Com 92% das estradas primárias destruídas ou danificadas e as infraestruturas de comunicações seriamente prejudicadas, a prestação de ajuda humanitária básica às pessoas tornou-se muito difícil.

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