Muito se discute, há séculos, o papel que os padres da Companhia de Jesus desempenhou na América portuguesa e espanhola. O problema é que, pesquisadores e estudiosos do assunto, costumam julgar tal papel com base nas concepções sociais e culturais de hoje - e não da época em que isso ocorreu (1549 a 1773).
No Brasil, principalmente, é comum se dizer que os padres jesuítas, em sua ação evangelizadora, ajudaram a destruir a cultura indígena. Pode até ser, sob as concepções sociais, religiosas e culturais atuais. Mas, nos séculos 16 e 17, as reduções jesuíticas na América eram a única proteção que os indígenas contavam contra a violenta perseguição dos colonos europeus, especialmente dos bandeirantes brasileiros.
Vale lembrar também que, no Brasil, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores no período colonial. E foram os maiores responsáveis pela preservação da língua tupi-guarani. Sem eles, nem o principal idioma dos índios teria sobrevivido até os dias atuais.
A Companhia de Jesus, no século 16, era considerada uma ordem religiosa "progressista", com padres cultos e comprometidos com sua missão evangelizadora. Chegaram ao Brasil em 1549, junto com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Souza. Não ficaram restritos aos templos: logo, em 1554, fundavam o Colégio de Piratininga, núcleo original do que é, hohe, a cidade de São Paulo.
Aliás, a data de fundação da cidade não foi escolhida ao acaso: coincide com a data da conversão (25 de janeiro) de Paulo de Tarso (depois apóstolo e santo Paulo), considerado o maior disseminador da fé cristã, em todos os tempos.
Além disso, os jesuítas tiveram, no Brasil, três grandes educadores e evangelizadores: os padres José de Anchieta (1534-1597), Manoel da Nóbrega (1517-1570) e Antônio Vieira (1608-1697).
Os jesuítas foram expulsos do Brasil por ordem do secretário de Estado do Reino de Portugal (reinado de D. José I), o marquês de Pombal, em 1759, a pretexto de melhor controlar a administração colonial, pela coroa portuguesa.
Vítima de uma onda de boatos e perseguições na Europa, a ordem foi extinta pela Igreja Catolica em 1773, e reabilitada pelo papa Pio VII, em 1814. Retornou ao país e à América espanhola nos dois séculos seguintes. Atualmente, atua em vários países do mundo, tendo como seu principal expoente o atual papa Francisco.