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Igrejinha de pedra é atrativo para ciclistas douradenses

Cicloturismo virou moda e praticantes conhecem um pouco mais da história e cultura através das pedaladas

12 Abr 2021 - 16h22Por Noemir Felipetto | advogado e jornalista, adepto a atividades esportivas
Igrejinha de pedra’ ou ‘capelinha’, como é chamada, virou ponto turístico para quem pedala - Crédito: DivulgaçãoIgrejinha de pedra’ ou ‘capelinha’, como é chamada, virou ponto turístico para quem pedala - Crédito: Divulgação

O ciclismo a cada dia ganha mais praticantes, isso é fato. Em grupos, adeptos de mountain bike vivenciam um pouco da história e cultura de Dourados. Os cicloturistas, como são chamados, fotografam e postam em redes sociais imagens deslumbrantes. Dois pontos “descobertos” e “obrigatórios” para visita são uma igrejinha e um cemitério distantes cerca de 20 quilômetros da cidade, na região da UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados, no trecho de acesso a BR-463.

‘Igrejinha de pedra’ ou ‘capelinha’, como é chamada, virou ponto turístico para quem pedala. Construída em 1990, a estrutura representa o jesuítico espanhol, encontrado no sul do Brasil, precisamente na região das Missões, de onde vieram imigrantes da família Mattos nos idos de 1900. Ao lado existe o cemitério, construído bem antes, no início do século XX. Lá estão sepultados pioneiros da família Mattos.

Turismóloga e professora, Alaíde Brum de Mattos relata que em 1901 uma numerosa caravana da família Mattos desloca-se de São Luís Gonzaga, RS, para a região de Dourados. Liderados por José de Mattos Pereira, mais de 100 pessoas viajaram em carros de boi. Alaíde que é neta do também pioneiro Amândio de Mattos Pereira, conta que a viagem que durou mais de seis meses, ceifou algumas vidas, principalmente por doenças da época como malária e pneumonia. Os Mattos além da esperança em uma vida melhor, trouxeram equipamentos e apetrechos para a nova morada, “todavia traziam consigo o sonho de reencontrar paz e prosperidade nas novas terras”, conta, Ênio, também neto de Amândio.

José, o líder da caravana, veio acompanhado de 13 dos seus 16 filhos, ainda vieram famílias de ex-escravos agregados aos Mattos. Todos conseguiram títulos de propriedade de terras devolutas da região. Alaíde conta que além do avô Amândio e José, se instalaram Francisco e Bento Mattos Pereira, todos no local chamado de Lote Antolin. Adiante acrescentou-se a denominação “Cuê”, que na língua guarani significa ‘velho’. Os Matos então reservaram meia hectare para a instalação de um cemitério na propriedade. Com a morte de Amândio, em 1928, as terras foram vendidas a Celso Müller do Amaral, que posteriormente deixou a seus descendentes.

Em 1990, a Antolin Cuê passa a pertencer a Mardônio Alencar, este edifica a igrejinha ao lado do cemitério, também utilizando pedras que circundavam a área. Mardônio, segundo Alaíde, mostrou-se arrojado ao identificar o cemitério como célula viva do patrimônio histórico de Dourados, em homenagem aos Mattos, reconhecendo seu papel no contexto histórico de Dourados.

No cemitério estão sepultados o avô de Alaíde e Enio, Amândio, além de Bento de Matos Pereira, Francisco de Matos Pereira, Clarida Augusta de Mattos, Piragibe Pereira Mattos, Jobe Alves de Mattos, José Augusto de Mattos, Doralina Albuquerque de Mattos. Em 2013 foi celebrada uma missa na igrejinha, no sepultamento de Jobe Alves de Mattos.

Jericó Vieira de Mattos, neto de Bento de Mattos Pereira também é outro que destaca que a história de Dourados precisa ser amplamente divulgada, para que não caia no esquecimento. Alaide ainda conta que no passado, com o abandono do cemitério, muitos túmulos foram violados e depredados. “Os incêndios também contribuíram para queimar cruzes de madeira que permitiriam a identificação de outras pessoas que ali foram sepultadas”, conta a turismóloga. Atualmente a Fazenda Antolin Cuê, destinada à agricultura, pertence a Cláudio Gali.

Para os cicloturistas, o cemitério e a igrejinha, é um lugar aprazível. Nos finais de semana eles vão em grupo para contemplar. “Gosto muito de ir lá, é um lugar de energia forte”, comenta Neiva Salazar, servidora da UFGD e adepta ao cicloturismo. Outro frequentador assíduo é o militar da reserva Manoel Santos Neto, dizendo que isso precisa ser mostrado, “pois aliamos atividade física, a amizades e ainda conhecemos um pouco da história de Dourados”. A comerciária Carina Perez Rubio, que entrou na onda do pedal há pouco mais de um ano, disse que o cicloturismo tem mostrado locais interessantes pelas andanças que faz. “A igrejinha é apenas um, mas já me deparei com outros locais maravilhosos”, afirmando que pedalar tornou-se um sacerdócio. Outro que se diz entusiasmado é Thiago Pedroso Zanchet do Vale, um dos idealizadores do grupo de pedal Dourados Mountain Bike, para ele as pessoas estão descobrindo a alegria e o prazer do cicloturismo, “pois fazemos amigos, cuidamos de nosso físico e ainda podemos conhecer o quão rico culturalmente é o município de Dourados”. Para Thiago, cada pedalada que começa sempre nas madrugadas de fim de semana, “é uma viagem ao tempo e uma forma de contemplar a natureza”. 

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