Se observarmos com mais cuidado a vida moderna, verificamos que a pressa é o sentimento que predomina. Parece que a humanidade está prevendo ser contemporânea dos “últimos tempos”. Todos têm pressa para tudo e, coisa interessante, a maioria que antes nem se preocupava com a existência ou não de Deus agora está voltando seus pensamentos na busca da Divindade. Nunca em outras épocas o mundo esteve tão ávido de espiritualização. Os templos vivem cheios. Há como uma ansiedade de encontrarem o conforto à alma inquieta pelos excessos praticados na vida. Os sacerdotes cantores de várias denominações religiosas enchem campos de futebol e são seguidos por mentes exaltadas no sentido místico. Essa exaltação faz com que o crente se ache dono de parte de Deus e até como um Seu empresário. Já não se encontram mais os ateus puros de há pouco mais de meio século e são raros os agnósticos. Todos acreditam em alguma virtude de Deus. Os materialistas mais recalcitrantes ainda discutem Seus “defeitos e virtudes”. Reclamam de injustiça divina. Portanto crêem em Deus.
Todo espírito tem a visão interior de um ser superior. Conhece a existência dEle, pois quando desencarnado, passa por aprendizados durante alguns anos. Volta à terra com aquela intuição de que existem “companheiros” invisíveis à sua volta. Todos sentem. O orgulho, porém, faz com que negue essa sensação. Mas todos têm certo receio de seres desconhecidos e, principalmente, impalpáveis. É muito rara a pessoa que não acredite pelo menos em abusões. O medo de fantasmas é geral.
A ansiedade na procura de Deus deve ser pelo fato de que tudo no mundo, agora, é acelerado e com isso as pessoas têm pressa em achar alguma coisa que conforte seu coração e preencha o vazio de sua existência. Com o desenvolvimento veio a vida solitária. É muita gente vivendo só. Em cidades de milhões de habitantes há uma grande parte que vive em solidão. É empregada, tem boa situação financeira, praticamente nada tem a reclamar, mas vive em um apartamento cujas companhias são apenas os programas de televisão e, às vezes, o computador. Para preencher esse vazio muda de namorado, vai a cinemas, teatros, festinhas de todo tipo, mas quando volta para casa tem por companhia a solidão e muitas vezes a insônia. O tempo vai passando e a busca deixa de enfocar os lazeres comuns, ouve falar em algo mais elevado, por exemplo, um terreiro de umbanda e vai ver. Se gostar, alia-se àquelas pessoas e passa a ter um incentivo para a vida e uma ocupação para o tempo. Desenvolve seu psiquismo e afugenta a solidão. Faz parte de uma comunidade que está a caminho de Deus. Pode ser para qualquer denominação religiosa, pois todas dão conforto à alma e ocupação para a mente. Às vezes, pode procurar sem sucesso em várias religiões, mas um dia acha a que está em sintonia com seu estado evolutivo e se torna uma pessoa feliz. Quando a pessoa encontra o ambiente apropriado ao seu padrão espiritual, torna-se uma nova criatura. Passa a encher um templo e dele fazer parte. Todas as religiões são boas. Cada uma serve a uma fração da humanidade que nela se sente bem. Devemos respeitar a todas, bem como aos seus adeptos. Todos nós estamos na busca de Deus, não importa qual nome tenha. Na verdade Ele sempre esteve dentro de nós.
Médico. Escreve às quartas-feiras. e-mail: [email protected]
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