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Questionário ajuda a detectar pacientes com sintomas da hanseníase

Desenvolvido por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, questionário foi distribuído em todo o Brasil

28 Jan 2024 - 07h45Por Kaelaine Olive*/Jornal da USP
Dia Mundial do Combate a Hanseniase, 28 de janeiro - Crédito: Ary Portugal/PMSJP via Governo do BrasilDia Mundial do Combate a Hanseniase, 28 de janeiro - Crédito: Ary Portugal/PMSJP via Governo do Brasil

O Questionário de Suspeita de Hanseníase (QSH) tem sido distribuído à população que busca uma das 47 unidades de Atenção Primária da Saúde em Ribeirão Preto. A iniciativa faz parte do Janeiro Roxo, dedicado ao combate à doença, sendo o último domingo deste mês marcado como Dia Mundial de Combate à Hanseníase.

O objetivo é chegar a 2 mil questionários respondidos na cidade ao longo deste mês e cerca de 15 mil questionários em todo o País. É uma tentativa de se retomar o controle da doença, perdido em função da pandemia de covid 19. 

Marco Andrey Cipriani Frade, coordenador do Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH), dermatologista e docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, desenvolveu o questionário junto com pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC) da FMRP. O QSH é simples, contém 14 questões que abordam sintomas típicos da hanseníase e que ficam por muito tempo quase despercebidos e sentidos pelos pacientes.  “Ele foi pensado no sentido de se tornar um instrumento que pudesse ajudar os profissionais de saúde a fazer o diagnóstico da forma mais fácil,” explica o dermatologista.

Professor Marco Andrey da FMRP – Foto: Vladimir Tasca – SCS-PRP

 

De acordo com o médico, esse é um esforço para retomar o controle da doença após a pandemia de covid. “Até o ano de 2019 nós tínhamos 28 mil casos novos no País, porém com a pandemia houve uma redução absurda do número de casos, cerca de 10 mil. Ou seja, passamos a diagnosticar em torno de 18 mil novos casos e isso tem se mantido nos últimos anos. Quatro anos após a pandemia, nós temos 40 mil diagnósticos que não foram detectados nas unidades de saúde do Brasil”, explica Frade.

Em Ribeirão Preto, a realidade é diferente do cenário nacional. “É importante falar que em Ribeirão Preto o número de casos não sofreu a queda que nós tivemos no Brasil, porque desde 2018 a Secretaria de Vigilância Epidemiológica do município tem trabalhado em parceria com o HC. Temos treinado as equipes de Saúde da Família do município, desde 2018”. 

Segundo Frade, esse treinamento constante permitiu que a cidade não sentisse os efeitos da pandemia com relação à hanseníase e, por isso, não houve redução do número de casos por não notificação. “Pelo contrário, em 2021 tivemos um número muito grande de casos que mudou o perfil epidemiológico da cidade”, assegura.

Hanseníase

A hanseníase, conhecida também como lepra, é uma doença contagiosa e infecciosa que afeta os nervos, traz lesões na pele, olhos e nariz por conta de microrganismos bacterianos. A doença mal tratada pode levar a lesões irreversíveis e incapacidade física. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países que mais registram casos novos da doença.

Sintomas e contágio

Os principais sintomas são dormência nas mãos e pés, dores nos nervos e cãibras. O sinal mais clássico são as manchas na pele que podem variar de manchas esbranquiçadas até placas avermelhadas. Essas lesões apresentam alteração de sensibilidade que vai da diminuição à perda total da sensibilidade ao calor, ao frio e à dor. “Temos que lembrar que a hanseníase pode acometer também os nervos motores”, explica Frade.

A hanseníase é contagiosa e passa do doente ao indivíduo saudável por vias aéreas respiratórias. “Um grande fator de propagação da doença é a pessoa conviver com quem tem a hanseníase e não se tratar, principalmente quando os pacientes apresentam carga bacilar mais alta. O grande problema da hanseníase é o convívio em aglomeração de pessoas. Ou seja, se tiver um indivíduo doente o risco de transmissão aumenta. A ferramenta mais efetiva que nós temos para controlar essa transmissão é fazer as campanhas de busca, onde estão esses doentes e tratar essas doenças o mais cedo possível.”

Tratamento 

O tratamento da hanseníase é feito à base exclusivamente de antibióticos. “Nós temos um kit, constituído de três antibióticos. Infelizmente é o único tratamento que nós temos e ele é usado há mais de 40 anos, então são drogas antigas, mas ainda são eficazes na maioria dos casos, ele é encontrado em toda a rede SUS, o tratamento vai variar de seis a doze meses”, afirma o médico.

Frade alerta que o QSH não é usado apenas no Janeiro Roxo, mas ao longo de todo ano nas visitas domiciliares feitas pelos médicos de Saúde da Família. “Além disso, existe a campanha Todos Contra a Hanseníase, um canal para obter informações”, conclui.

*Estagiária sob supervisão de Ferraz Junior

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