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Saúde

Aliadas ao envelhecimento da população, doenças neurológicas estão se tornando cada vez mais comuns

Luiz Henrique Martins Castro explica nova visão que estudo publicado em revista médica trouxe para a neurologia e para os tratamentos de doenças do sistema nervoso

28 Mar 2024 - 08h00Por Jornal da USP no Ar
Acidentes vasculares cerebrais são a causa mais comum do acometimento do cérebro - Crédito: kjpargeter  FreepikAcidentes vasculares cerebrais são a causa mais comum do acometimento do cérebro - Crédito: kjpargeter Freepik

 

Segundo estudo publicado no periódico The Lancet Neurology, 43% da população mundial em 2021 — ou 3,4 bilhões de pessoas — enfrentou doenças do sistema nervoso, como demências, cefaleias ou acidentes vasculares cerebrais. Essa condição aponta uma emergência neurológica na população e alerta que os governos devem focar com urgência nessas doenças ligadas ao envelhecimento da população.

Dados do estudo

De acordo com o professor Luiz Henrique Martins Castro, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e chefe do Grupo de Epilepsia da Divisão de Neurologia Clínica do Hospital das Clínicas (HC), o estudo traz uma nova visão sobre as doenças que acometem o sistema nervoso, colocando doenças que eram colocadas em outras áreas, como a cardiologia e a psiquiatria, na área da neurologia. O especialista afirma que isso, aliado ao envelhecimento da população, transforma as doenças neurológicas nas mais comuns do mundo.

Luiz Henrique Martins Castro – Arquivo pessoal – Reprodução ABN

 

“O que também é interessante nesse estudo é que ele usou a metodologia da Organização Mundial da Saúde (OMS) e avaliou isso globalmente, em países de alta, baixa e média renda. Isso coloca um desafio de estar preparado, atender adequadamente, prevenir essas doenças e tratá-las, e isso envolve um grande esforço em termos de formação dos médicos e da saúde pública para atender essa demanda populacional que estava mascarada em outras áreas”, explica.

Castro comenta que, apesar do estudo abarcar diversas doenças que envolvem crianças, adultos e idosos, o declínio cognitivo nos pacientes de idade avançada é, muitas vezes, encarado como um envelhecimento normal. “E nem sempre isso acontece, então é um dos aspectos que esse artigo chama atenção, para que os médicos que estão na primeira frente de atendimento reconheçam os sinais mais precoces para fazer as intervenções adequadas, minimizar e, eventualmente, com as perspectivas que estão aparecendo, tratar essas doenças”, alerta.

“A grande inovação desse estudo foi que ele analisou 37 doenças neurológicas. Na faixa etária pediátrica, as mais importantes são as encefalopatias infantis e o autismo; no adulto jovem, eu destacaria, principalmente entre as mulheres, as dores de cabeça, cefaleias e enxaquecas, que são muito comuns e uma causa importante de incapacidade; e nos idosos eu destacaria os acidentes vasculares cerebrais, que são a causa mais comum do acometimento do cérebro e os quadros de declínio cognitivo, dos quais se destaca a doença de Alzheimer. Então são dados muito importantes para que os especialistas em saúde pública organizem o sistema de saúde entendendo a prevalência”, informa. O professor adiciona que, além da variação na faixa etária na análise, a variação do nível de renda dos diferentes países também foi um ponto importante para complementar o estudo.

Prevenção e tratamento

Sobre a prevenção, Castro exemplifica com o acidente vascular cerebral (AVC), doença cerebrovascular: “Um grande papel é na prevenção primária, com o controle da pressão arterial, controle das taxas de diabetes, do colesterol, da redução de tabagismo, da alimentação saudável, da prática de atividade física, da manutenção do peso corpóreo e da detecção de doenças cardíacas que possam aumentar o risco de acidentes vasculares cerebrais”. O especialista complementa que essa é uma intervenção já existente, mas agora, sabendo da dimensão e impacto dessas doenças no sistema de saúde, é evidente a importância da saúde primária e da detecção precoce, a fim de aumentar a efetividade das intervenções e impedir a mortalidade e o comprometimento funcional.

O professor volta a falar sobre a perda cognitiva nos idosos não ser algo normal para explicar a importância de intervenções precoces. “Qualquer esquecimento, sintoma de perda cognitiva ou de funcionalidade definitiva no dia a dia deve ser trazido à atenção do médico. Qualquer acometimento súbito de funções neurológicas deve acender uma lâmpada de que o indivíduo possa estar sofrendo um acidente vascular cerebral e deve procurar prontamente o atendimento médico, porque as intervenções precoces podem prevenir as situações mais graves”, finaliza.

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