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Lar Santa Rita chega aos 58 anos de fundação com GAAD sendo "mão na roda" da adoção

16 Fev 2024 - 13h30Por Redação
Lar Santa Rita chega aos 58 anos de fundação com GAAD sendo "mão na roda" da adoção -

Fundado em meados de 1965, quando o então que o Juiz de Direito Rafael Arcanjo de Arruda desencadeou um movimento social para criar uma entidade beneficente de proteção aos menores abandonados da cidade, o Lar Santa chega aos 58 anos de atividades ininterruptas como a principal referência regional de serviço de acolhimento provisório para as recém nascidos, crianças e adolescentes de ambos os sexos, que se encontram afastadas do convívio familiar por medida protetiva (ECA, Art. 101).
    

As paredes da edificação construída na área de mil metros quadrados que ladeia o Hospital da Vida guardam histórias que emocionam e que comprovam que é possível, através da abnegação da sociedade e da parceria dos Poderes Públicos, buscar uma equação para situações dramáticas enfrentadas por crianças que são retiradas do convivo familiar por conta da dependência química, do alcoolismo, da vulnerabilidade social, da violência doméstica, do abandono e outras situações detectadas pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e da Adolescência.
    

Histórias como a das seis crianças que foram acolhidas no mesmo dia, por determinação judicial, por conta da dependência química do pais. Ou das crianças com autismo e outros transtornos mentais, que são tratados por equipe multidisciplinar formada por profissionais que doam seu conhecimento médico para assegurá-las melhor qualidade de vida. Ou ainda das crianças indígenas, notadamente as vítimas de estupro. Em um caso que chocou a cidade, uma criança lá abrigada foi enviada de volta ao convívio familiar e, violentada por vários familiares, não resistiu ao tratamento e faleceu. Estas e outras histórias foram contadas à reportagem, de forma emocionada, pela diretora da instituição, Mônica Roberta de Medeiros. “Há situações que nos fazem repensar até a condição de ser humano, mas fazemos o que podemos para que as crianças se recuperem tanto física como psicologicamente, graças à colaboração de diversos profissionais e da comunidade como um todo”, declarou a diretora.
    

O Lar acolhe crianças na modalidade CASA-LAR. Atualmente, possui 04 (quatro) casas lares, todas com estrutura de uma residência privada, cujo modelo recebe toda supervisão técnica adequada para estimular o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente familiar, promovendo hábitos e atitudes de autonomia e de interação social com as pessoas da comunidade. Possui também, fruto de um convênio com a Prefeitura, um Centro de Educação Infantil (CEI) que atende 400 crianças, inclusive da Reserva Indígena. O custo mensal de cerca de80 mil provem de convênios, doações, promoções e um bazar permanente de roupas usadas.
     

Sobre a adoção, que seria o desfecho ideal para a história de vida das crianças, a diretora pondera que um dos “nós” é a dificuldade para a chamada “adoção tardia”, que é que do se trata de crianças de 02 a 14 anos. “O perfil mais buscado é uma criança de até 02 anos, menina e branca”, informou Mônica.  Para viabilizar a adoção, o Lar conta com uma “mão na roda”: o Grupo de Apoio à Adoção de Dourados- Acolher (GAAD).


O que é e como funciona o GAAD

O Grupo de Apoio à Adoção de Dourados - GAAD Acolher, que foi criado em fevereiro de 2011, por iniciativa da Vara da Infância e Juventude da Comarca, juntamente com um grupo de pais adotivos e pretendentes à adoção. Os Grupos de Apoio à Adoção são formados por pessoas voluntárias, na maioria pais por adoção, filhos e pessoas que defendem a causa e que realizam trabalhos educativos e de conscientização, fomentando uma nova cultura da adoção.
    

O grupo realiza desde 2011 encontros mensais na forma presencial, sempre na última quarta-feira de cada mês, às 19h30, nas dependências do Lar Santa Rita. Nestes encontros, são realizados debates sobre temas relacionados à adoção, tanto para elucidar dúvidas a respeito da legislação, como para buscar informações e reflexões referente a adoção como: as expectativas e a realidade na adoção, o filho imaginado e o filho real, a desconstrução dos preconceitos, tabus, mitos e medos que permeiam à adoção, principalmente envolvendo as adoções necessárias (crianças maiores/adolescentes, interracial, grupos de irmãos, portadoras de necessidades especiais, doenças, dentre outras).
    

“Este grupo é muito importante para a solidificação da adoção no município e região tanto no preparo dos pretendentes à adoção (participação obrigatória para quem deseja adotar), como no acompanhamento na pós-adoção para solidificar o vínculo familiar”, avalia Lourdes Missio, presidente e co-fundadora do GAAD.
   

“No decorrer desses 13 anos de existência do grupo, temos observado a cada ano um aumento considerável de pessoas (casais ou pai e mãe solo) que buscam a adoção. Atualmente, na Comarca de Dourados temos 27 cadastros de pretendentes à adoção esperando o filho tão sonhado e, um grande número de pessoas que estão no processo de preparo para a habilitação.  Por outro lado, temos em torno de 10 crianças e adolescentes, a maioria na idade de 12 a 17 anos, esperando ansiosamente por uma família”, detalhou a presidente do GAAD. “Com as ações realizadas pelo GAAD Acolher, espera-se que a sociedade veja a adoção como uma forma legal e segura de filiação, livre de tabus e preconceitos, tornando possível a formação de famílias adotivas permeadas de êxito”, concluiu Lourdes Missio.
  

Se há histórias tristes, há também a fundamental contribuição que o Lar Santa Rita vem dando à sociedade nestes 58 anos de atividade. Crianças que cresceram ali hoje são professores, empresários e profissionais liberais e participam ativamente da vida da cidade. Há também casos como o de Maristela Missio, mãe “solo” que está muito feliz com a filha que chegou à sua família com 11 anos de idade, há 14 anos atrás. “A princípio foi um processo complexo pela falta de preparo e conhecimento sobre à adoção interracial de adolescente. As dificuldades foram sendo superadas e o vínculo de filiação foi sendo construído e fortalecido aos poucos.

Hoje, formamos uma família com vínculos sólidos”, declarou a mãe adotiva, para em seguida dar um conselho à quem pretende adotar: “Acredito na construção de uma verdadeira família quando estamos abertos a aprender a amar o outro incondicionalmente e, independente de suas origens, de forma que um possa completar o outro na busca da evolução enquanto seres humanos. O que importa é estarmos de braços abertos para amar e simplesmente amar.”

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