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Editorial

Protesto nas Rodovias

16 Abr 2016 - 06h00
Protesto nas Rodovias -
Para marcar posição contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Movimento Popular de Moradia, da Frente Brasil Popular, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) mobilizaram suas massas de manobrar para bloquear rodovias em diversos Estados brasileiros, violando o direito de ir e vir daqueles que nada tem a ver com o crime de responsabilidade praticado pela chefe do Palácio do Planalto. Ora, cometer uma ilegalidade para defender outra ilegalidade deveria ser enquadrado como crime passível de prisão, mesmo porque esses movimentos devem focar seus esforços nas suas bandeiras de luta e não no uso político em defesa de um governo marcado pela corrupção, pelos escândalos, pelo desvio do dinheiro do contribuinte. As pessoas que estão trafegando pelas rodovias brasileiras não podem ter violado seu direito constitucional de ir e vir, de forma que os protestos levados a efeito ontem afrontam não apenas o direito individual, mas, sobretudo, a autoridade do próprio Estado de Direito.


Em Mato Grosso do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra bloqueou ontem as principais rodovias federais, mobilizando parte do efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para controlar o tráfego no quilômetro 403 da BR-262, em Terenos e no quilômetro 29 da BR-163, em Mundo Novo, além de mobilização da massa de manobra do MST no quilômetro 411 da BR-163, em Anhanduí, e no quilômetro 136, da BR-267, em Nova Andradina. O contraditório é que sob a alegação que está defendendo a democracia nacional, esse movimento impede o direito democrático que as pessoas têm de trafegar, ou seja, para os líderes do MST aprovar o impeachment de uma governante que fraudou o país é antidemocrático, ainda que exista previsão constitucional para tal, mas bloquear rodovias e violar o direito de terceiros é democrático. O fato é que não existe nada de democrático em bloquear rodovias, invadir prédios públicos ou violar o direito de terceiros, pelo contrário, existe muito de baderna nesses atos e cabe às autoridades constituídas a missão de restabelecer a ordem, ainda que, para isso, precise recorrer à força.


Enquanto parte da massa de manobra do MST bloqueava rodovias federais em Mato Grosso do Sul, outra parte manipulada pela Frente Brasil Popular realizava seis bloqueios de rodovias federais no Estado Paraná, também em defesa da presidente Dilma Rousseff. Durante parte do dia de ontem, o quilômetro 100 da BR-277, que liga Curitiba a Ponta Grossa, foi fechado por cerca de cem manifestantes do Movimento Popular de Moradia, que interromperam os dois sentidos da rodovia e provocaram congestionamento de cerca de dez quilômetros. De forma articulada, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra bloquearam outros cinco pontos de rodovias federais, com o ponto crítico do protesto ocorrendo em Nova Laranjeiras, no oeste paranaense, na altura do quilômetro 476 da BR-277, quando cerca de mil pessoas manobradas pelo MST ocuparam as estradas. No quilômetro 568 da BR-277, em Cascavel, cerca de 500 pessoas fecharam a rodovia e no quilômetro 704, em São Miguel do Iguaçu, também no oeste do Estado, outros 150 manifestantes do MST violaram o direito que as pessoas têm de ir e vir.


Como violação de direito pouca é bobagem, parte da massa manipulada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) interditou totalmente, no início da manhã de ontem, a Rodovia dos Imigrantes, na altura do quilômetro 16, próximo à cidade de Diadema. Se quisessem prestar algum serviço aos seus representados, esses movimentos deveriam cobrar explicações do governo federal que não investe em reforma agrária nem mesmo o orçamento aprovado pelo Congresso Nacional. No ano passado, por exemplo, de um total de R$ 2,5 bilhões autorizados para programas de assentamento de famílias sem terra, o Palácio do Planalto aplicou apenas R$ 338,6 milhões, ou seja, o Ministério do Desenvolvimento Agrário conseguiu investir apenas 13,6%, incluindo, neste percentual, os restos a pagar. Um exemplo da inoperância do governo federal está na ação Desapropriação de Imóveis Rurais para Criação de Assentamento da Reforma Agrária, que destina-se a pagar indenizações aos desapropriados das terras, teve orçamento de R$ 720,5 milhões para 2015, mas foram gastos apenas R$ 171 milhões, ou 23,7% do total liberado. Sobre isso, o MST nada fala!

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