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Editorial

Preço dos Alimentos

07 Jun 2011 - 06h28
Preço dos Alimentos -
07.06.2011 - Preço dos Alimentos


Os esforços da equipe econômica do governo federal para conter o avanço da inflação não estão surtindo os efeitos esperados pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, tanto que a última pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que no mês de maio a cesta básica de alimentos ficou mais cara em 12 das 17 capitais pesquisadas.

Dessa forma, o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide nas transações de empréstimo, de câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários, bem como a elevação da taxa básica de juros, revelaram-se incapazes de reduzir o aumento no custo de vida do brasileiro. Os números do Dieese apontam que os maiores aumentos de preço ocorreram em Recife, com alta de 2,79%, em Fortaleza, com elevação de 2,54%, no Rio de Janeiro, com majoração de 1,90%, em Vitória, com alta de 1,75% e em São Paulo, com reajuste de 1,66%.

O mais impressionante nessa matemática que, para o governo nunca é exata, está no fato de o Palácio do Planalto seguir afirmando que a inflação está sob controle e os preços dos alimentos estão pesando menos no orçamento familiar. Das duas uma: ou o pessoal do governo federal não tem hábito de entrar nos supermercados para fazer a compra mensal ou não costumam dar atenção para as pesquisas realizadas mensalmente Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

Ora, como os preços podem estar sob controle se na capital paulista o conjunto de itens que formam a cesta básica do brasileiro custa R$ 272,98, o maior valor entre as localidades pesquisadas? Da mesma forma, cabe ao governo federal explicar aos moradores de São Paulo porque a mesma cesta que custa R$ 272,98 para eles, é vendida por apenas R$ 186,67 em Aracaju, capital brasileira que tem o menor custo de vida entre todas as pesquisadas. Ora, diferença de 10%, 20% e até 30% no preço poderia até ser justificado, mas uma diferença de quase 60% é inexplicável, mesmo porque em valores reais são quase R$ 100 a menos.

Outro fator apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos e que desmonta os argumentos do governo federal sobre controle da inflação é que no acumulado dos primeiros cinco meses de 2011, as 16 cidades pesquisadas apresentaram elevação nos valores cobrados pela cesta básica.

Pela ordem, o custo de vida ficou mais caro nas seguintes capitais: Vitória, com 7,68% na comparação com o último semestre de 2010; no Rio de Janeiro, com aumento acumulado de 7,14%; em Florianópolis, com 7,13%; em Brasília, com 6,53%; em Aracaju, com acúmulo de 6,13% e em Fortaleza, onde a cesta básica ficou 6,01% nos primeiros cinco meses deste ano. Estranhamente, a única capital pesquisa em que ocorreu queda de preços nos primeiros cinco meses de 2011 foi Manaus, onde a cesta básica ficou 2,59% mais barato na comparação com o último semestre do ano passado. Quem explica essa equação, já que, em tese, a capital do Amazonas deveria não apenas ter a cesta mais cara, mas também o maior aumento acumulado, uma vez que a cidade está distante de tudo.

Como sempre existe um vilão para o aumento do custo de vida, dessa vez o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos apontou o tomate como responsável pela majoração da cesta básica em 12 das 17 capitais pesquisadas. Em 13 capitais, houve aumento do preço do tomate, com as maiores altas ocorrendo em Fortaleza, onde o preço ficou 27,80% maior; em Vitória, com alta de 24,06%; no Rio de Janeiro, com reajuste de 19,03%) e em Goiânia, onde o preço do tomate subiu 16,44% em maio.

Diante desse quadro, o ministro Guido Mantega já trabalha com a possi-bilidade de o governo adotar novas medidas contra a inflação, mesmo porque ainda existe a possibilidade de novas pres-sões inflacionárias, principalmente no segundo semestre, relacionadas aos preços das commodities composta por produtos básicos, como grãos e metais, cotados internacionalmente. Pelo jeito, o brasileiro terá que conviver com novas medi-das restritivas de crédito no segundo semestre, sem que isso signifique qualquer garantia de redução da inflação.

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