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Paralisação

Pais buscam alternativas para filhos durante greve

04 Jul 2016 - 19h06
Márcia está aliviada este ano com a greve pois está de licença-maternidade e pode cuidar dos filhos. - Crédito: Foto: Hedio FazanMárcia está aliviada este ano com a greve pois está de licença-maternidade e pode cuidar dos filhos. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
A greve dos educadores da rede municipal de educação de Dourados, iniciada na quinta-feira retrasada, trouxe transtornos para muitos pais que dependem do funcionamento das unidades para deixar os filhos e poder trabalhar. Como boa parte das escolas estão fechadas, eles tiveram que buscar alternativas.


A doméstica Rosana Siqueira, 38 anos, tem duas filhas na escola Avani Cargnelutti e teve que recorrer a vizinhos. "Minhas meninas de 6 e 8 anos estão com uma vizinha que gentilmente aceitou ficar com elas no período da tarde. Como sou diarista tive que deixar de fazer uma faxina para organizar o meu tempo. O problema é que passo a ganhar menos", disse ela.


Márcia Mendes dos Santos também tem dois filhos, de 8 e 9 anos, na escola Avani. Grávida de 8 meses, ela está numa situação mais confortável, pois já está de licença médica. "Como estou em casa, eles ficam comigo; mas em greves anteriores tive que pagar babás ou recorrer a conhecidos", explica a mãe.


A greve na rede municipal não atinge os Centros de Educação Infantil (Ceims), porém alguns professores destas unidades paralisaram as atividades e estagiários mantêm as salas de aulas. A auxiliar de limpeza Josiane Pereira Mendes tem uma filha de 3 anos que frequenta o Ceim no bairro Guaicurus. Ela disse que foi orientada a não levar a menina para a escola. "Não tenho com quem deixar minha filha, por isso ainda levo ela ao Ceim, porém estou ciente que no período da manhã não há aula e as crianças da sala da minha filha; apenas passam o dia no local, como se fossem cuidadas por babás", disse a auxiliar de limpeza. A menina fica no Ceim em tempo integral e a professora do período da tarde não aderiu à paralisação.


A greve é uma grande polêmica em qualquer profissão. Por mais que seja regulamentada e protegida por Lei, a ação muitas vezes prejudica o cotidiano de muitas pessoas. "Eu entendo os professores que encontram na greve uma forma de chamar a atenção do governo; é direito deles. Mas meu filho, como aluno, perde o direito de estudar", reclama a secretária Priscila Freitas. O menino de 6 anos que já fica com a avó meio período, agora está em tempo integral.


O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Simted) diz que 70% das escolas estão em greve. Por outro lado, a Secretaria de Educação Municipal estima que não passa de 15%. Algumas unidades paralisaram as atividades 100%, enquanto outras parcialmente. Não há previsão de a greve encerrar, já que a prefeitura não adiantou, até o momento, quando fará o cumprimento das leis do piso e a reposição ao grupo administrativo.


O principal argumento da prefeitura para não atender os educadores é a falta de dinheiro em caixa. Porém, o Simted com o apoio de um dirigente sindical de Sergipe e secretário de formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) analisou o diário oficial e portais de transparência da prefeitura do último quadrimestre, sobre orçamentos públicos na aplicação de gastos em educação envolvendo recursos dos municípios, estados e União, e constatou que o município não estaria aplicando os 25% de investimento em receita na educação, conforme determina a lei. A prefeitura refuta e alega investir 28%.


Ainda segundo o Simted, algumas receitas aparecem zeradas no relatório como, por exemplo, o Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), arrecadação que não poderia ser renunciada para que parte do tributo seja destinada à educação. O Sindicato descobriu várias irregularidades, todas elas entregues na Câmara Municipal, para que os vereadores apurem os investimentos aplicados na educação. Para os grevistas, a prefeitura tem condições de reajustar o salário da categoria, mas não faz por falta de interesse.

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