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Caarapó

Índios fazem policiais reféns e apreendem armamento

14 Jun 2016 - 18h30
Helicóptero do Bope fez a visualização aérea da região. Foto: Sidney Lemos - Bronka - Helicóptero do Bope fez a visualização aérea da região. Foto: Sidney Lemos - Bronka -
A ocupação de uma fazenda em Caarapó, no fim de semana, precedeu um confronto entre índios e agricultores ontem, dia 14, que resultou na morte de uma pessoa e deixou outras 8 feridas, incluindo três policiais que acabaram reféns de índios. Morreu atingido por disparos de arma de fogo o índio Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos. Outro índio atingido teria morrido já no hospital em Dourados, mas a informação não foi confirmada até o fechamento desta edição. O comando da Polícia Militar em Caarapó teria acionado um grupo de 150 policiais militares que estavam de folga para seguir até a área e tentar mediar o conflito.


O confronto teria iniciado quando um grupo de fazendeiros tentou aproximação do local tomado por centenas de índios da aldeia Tey Kue, vizinha à propriedade. A fazenda faria parte do território indígena, estando em fase de homologação. Os índios alegam que foram ao local pacificamente, apesar de armados com arco e flecha, e ontem foram alvejados a tiros por fazendeiros.


Segundo o proprietário da fazenda, de 59 anos, o caseiro, a mulher dele e uma criança de oito meses estariam como reféns dos índios e motivaram a retomada do local.
O sindicato rural do município informou que o presidente da entidade foi para a região do conflito em busca de mais informações. A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) também apura o que aconteceu.


Lorivaldo Nantes, cacique da aldeia, informou á imprensa da Capital que o grupo espera que a Polícia Federal resolva o conflito e não descarta novos confrontos. Segundo ele, 7 mil indígenas se organizam para manifestar contra a morte do agente de saúde. "Vamos enterrar ele na fazenda onde foi morto", disse ao site.
Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Federal foram acionadas para socorro às vítimas e tentativa de contenção do conflito.


A Polícia Militar esteve no local e, após auxiliar o Corpo de Bombeiros no resgate das vítimas, três policiais militares acabaram reféns dos índios e foram, segundo a polícia, espancados, despidos e tiveram os corpos encharcados com gasolina. Depois de intervenção de um pastor da aldeia, eles teriam sido soltos, mas perderam as armas.


O cacique da aldeia disse que os militares foram feitos reféns depois da confirmação da morte do agente de saúde. Um pneu da viatura teria furado. Batalhão de Choque da Polícia Militar de Campo Grande acompanha o caso e está de prontidão para intervenção, caso necessário. A Polícia Federal é responsável pela investigação.



Índios entrevistados por sites da Capital relataram que agricultores teriam ‘chegado atirando’ ao local do confronto. Duas crianças acabaram feridas com queimaduras. A prefeitura de Caarapó realizou reunião ontem na busca de soluções para os conflitos. O deputado federal Zeca do PT emitiu nota lamentando a morte do índio que trabalha como agente de saúde. Nenhum agricultor falou sobre o ocorrido.


Na segunda-feira, dia 13, a ocupação da Fazenda Ivu foi veiculada em noticiários do Mato Grosso do Sul. Os índios da aldeia Tey Kue teriam ido ao local no domingo, formando um grupo de centenas de pessoas. Conforme informou o Caarapo News, um boletim de ocorrência de preservação de direito teria sido registrado na manhã de segunda-feira na Delegacia de Polícia Civil de Caarapó pelo proprietário da Fazenda Ivu depois que um funcionário da fazenda foi impedido por um grupo de índios de entrar na propriedade. Os invasores estariam próximo à sede.


O Caarapó News informou ainda na segunda-feira, que na manhã de ontem, um grupo de produtores rurais de Caarapó "tentaria se aproximar do local para saber a real situação". A partir de então surgiram as informações do confronto.


Por meio de nota, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) lamentou a morte do agente de saúde indígena. "O jovem agente foi morto covardemente, por homens armados que atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território próximo a aldeia, quando foram surpreendidos por homens armados, em aproximadamente 60 veículos (caminhonetes). Que Deus proteja e conforte todos os povos indígenas e familiares neste momento de dor", afirmou o secretário especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, Rodrigo Rodrigues.

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