A primeira sensação ao analisar os percentuais é que o volume é baixo, afinal, 2,38% parece quase nada numa escala que pode chegar a 100%, mas o fato é que esse pequeno percentual significa que cerca de 10 milhões de cheques foram devolvidos nos primeiros cinco meses de 2016 por falta de fundos. No acumulado do ano, o volume de cheques devolvidos está levemente acima do registrado no mesmo período de 2015, de forma que a tendência é que 2016 seja um ano difícil para o comércio e, mais preocupante, os varejistas e atacadistas ficarão cada vez mais reticentes em aceitar pagamento por meio de cheque. Ainda que o aumento no volume de cheques sem fundo possa estar relacionado com a sazonalidade de abril e maio, período em que os consumidores estão envolvidos com o aumento nas taxas de juros e maior índice de desemprego, é preocupante constatar que o consumidor não está conseguindo honrar seus compromissos. A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que o percentual de famílias endividadas no país chegou a 68,7% no mês de maio.
Este é o maior patamar desde julho de 2011, de acordo com o estudo que avalia dívidas de cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro. O percentual de famílias inadimplentes também aumentou entre março e maio, com 34,6% das famílias entrevistadas confessando ter dívidas e contas em atraso e 12,34% disseram não ter condições de pagar contas em atraso. Por tudo isso, os números revelados pelo indicador Serasa Experian servem de alerta tanto para as famílias quanto para o mercado, uma vez que o aumento no volume de cheques devolvidos por falta de fundos foi apurados em todas as Unidades da Federação. Roraima, por exemplo, foi o Estado com maior percentual de cheques sem fundos, onde 15 para cada 100 cheques emitidos foram devolvidos. Em segundo lugar aparece o Acre, com 11,4 devolução para cada grupo de 100 cheques emitidos. Sergipe aparece na terceira colocação com 10,7% devoluções para cada grupo de 100 cheques colocados no mercado. Os menores percentuais de devolução foram apurados em São Paulo, com 3,5%; Amazonas, com 2,55%; e Rio de Janeiro com 2,57%.
A Serasa Experian revela ainda que a Região Norte lidera o ranking de devolução de cheques com 4,42%, com o Nordeste ficando com média de 3,96% e Centro-Oeste com média de 3,01%. A Região Sul registrou 2,09% de devolução e o Sudeste ficou em 1,64%. Fica claro, portanto, que por mais que o governo federal e sua equipe econômica tentem vender a imagem de otimismo, garantindo que o pior momento já passou e que o Brasil está pronto para retomar o crescimento, os indicadores apontam o contrário. Essa realidade derruba por terra o discurso de recuperação da economia, ou seja, se o número de cheques sem fundos ficou maior não é porque o consumidor gosta de calote e sim porque o dinheiro simplesmente saiu de circulação diante do cenário negativo que o mercado financeiro vislumbrou para o primeiro semestre de 2016. Em outra frente, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que o endividamento das famílias, em maio, chegou a 65,2%, ou seja, para cada grupo de 100 famílias, mais de 65 estão endividadas.