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Editorial

Exército na Fronteira

24 Jun 2016 - 06h00
Exército na Fronteira -
A 11ª edição da Operação Ágata, coordenada pelo Exército Brasileiro, está vigiando quase 3 mil quilômetros de fronteira em Mato Grosso do Sul com o objetivo de combater o narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpo ilegais, ou seja, o Estado estará presente nas áreas de risco e, com isso, o país ficará um pouco menos vulnerável. Em Mato Grosso do Sul a força verde oliva conta com o apoio de agências federais e de órgãos estaduais de segurança como a Polícia Militar e Civil, Gabinete de Gestão Integrada de Fronteiras, Agência Estadual de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal, do Estado de MS (Iagro), Secretaria de Fazenda Estadual, Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), numa grande cruzada contra o crime organizado. A pergunta que não quer calar é uma só: por que essa integração não ocorre em todos os meses do ano ao invés de ações esporádicas, uma vez que a vulnerabilidade das fronteiras é a maior culpada pela violência nos grandes centros urbanos?


No geral, a Operação Ágata 11 está atuando de Roraima ao Rio Grande do Sul, envolvendo os 16.886 quilômetros de fronteira, em 11 Estados e com a mobilização de 11.244 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além da atuação de 450 profissionais de agências governamentais e órgãos federais, estaduais e municipais. A esse gigantesco efetivo somam-se as forças auxiliares de segurança dos 11 Estados envolvidos, sobretudo as polícias Civil e Militar, além da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ibama, Funai e Receita Federal. Um total de 33 agências governamentais estão atuando nas ações de fiscalização e inspeção nas estradas, patrulhamento terrestre, motorizado, fluvial e marítimo com o comando das operações ocorrendo simultaneamente nas áreas dos Comandos Militares da Amazônia (CMA), sediado em Manaus (AM); do Oeste (CMO), localizado em Campo Grande (MS); e do Sul (CMS), em Porto Alegre (RS). São 710 municípios impactados diretamente pela Operação Ágata, sendo que 122 deles estão localizados em áreas limítrofes com outros países.


Ao mesmo tempo em que aplica um duro golpe no crime organizado, a Operação Ágata também desenvolve um importante atendimento social à população através das chamadas ações cívico-sociais ao longo da faixa de fronteira, oferecendo desde atendimentos médicos e odontológicos até atividades culturais e a distribuição de medicamentos. Essa presença efetiva das Forças Armadas nas áreas de fronteira tranquiliza as pessoas de bem e apavora os marginais que têm seus negócios ilícitos inviabilizados ou dificultados pelas operações militares, mas bom seria se o governo federal abrisse os cofres para assegurar uma presença mais constante do Exército, da Marinha e da Aeronáutica nas áreas fronteiriças. Sabendo que a faixa de fronteira compreende 27% do território nacional, onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes, ou seja, de fronteira seca, as Forças Armadas deveriam desempenhar um papel mais efetivo nessas regiões, mas os cortes no orçamento do Ministério da Defesa têm impedido a realização de operações mais constantes nessas áreas.


Uma área de fronteira com 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais, que é atendida por 23.415 quilômetros de rodovias federais cortando os Estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, não pode ser fiscalizada de forma efetiva apenas durante as operações esporádicas do Ministério da Defesa. Ademais, os 16.886 quilômetros de fronteira separam o território brasileiro de cidades problemáticas localizadas em países como a Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai, que deveriam ser dotadas de forças de segurança permanente não apenas por parte do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mas, também, pela Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Receita Federal (RF), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Militar (PM) e Polícia Civil (PC). Por tudo isso, bom seria se ao invés de operações esporádicas o Exército e as forças auxiliares de segurança pudessem estar presente nas rodovias e estradas vicinais de forma mais efetiva.

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