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Editorial

Ambiente Prejudicado

05 Abr 2016 - 10h10Por Do Progresso
Ambiente Prejudicado -
Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento, mantido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revelam que a destruição da Amazônia Legal, bioma formado pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, além de parte dos territórios do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, atingiu a impressionante marca de 42 quilômetros quadrados em fevereiro de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado. Significa dizer que a destruição da Floresta Amazônica em fevereiro aumentou em 282% em relação ao mesmo mês de 2015, quando foram devastados 11 quilômetros quadrados de vegetação, ou seja, as políticas preservacionistas do governo federal e dos governos estaduais que formam o bioma amazônico não estão funcionando da forma como deveriam para proteger a área que se estende por mais de 5 milhões de quilômetros quadrados em nove Estados. Independente da crise política, financeira e moral que se instalou no país, o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) precisam se mobilizar para preservar o que resta do bioma.


Enquanto o governo federal não colocar sua força coercitiva em campo, a floresta amazônica seguirá em ameaça, tanto que somente o Estado de Mato Grosso respondeu por 37% do desmatamento em fevereiro, enquanto Roraima ficou com 28% dos registros de destruição e o Amazonas foi responsável por 16%, seguido pelo Pará com 14% e Rondônia com 5%. Os municípios mais desmatados foram Porto dos Gaúchos, no Mato Grosso, e Vitória do Xingu, no Pará, com 79% da destruição ocorrendo em áreas privadas e o restante em assentamentos de reforma agrária. Parece mentira, mas do total de 42 quilômetros quadrados de florestas destruídas em fevereiro de 2016, exatos 18% foram desmatamentos em áreas que estão sob a tutela do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de forma que o próprio governo federal contribui, ainda que de forma indireta, com a devastação da floresta. Outros 2% de desmatamento foram identificados pelos satélites Imazon em unidades de conservação e 1% restante foi em terras indígenas localizadas na Amazônica Legal.


Os números revelam que a devastação acumulada nos sete primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015, chegou a 1.702 quilômetros quadrados, o que significa um aumento de 215% na comparação com o período anterior quando foram desmatados 540 quilômetros quadrados de florestas. Entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015 somente o Estado de Mato Grosso desmatou 595 quilômetros quadrados, o que corresponde a 35% de toda a área devastada na Amazônia Legal, seguido pelo Pará com 433 quilômetros quadrados de florestas destruídas e por Rondônia, que respondeu por 342 quilômetros quadrados, o que corresponde, respectivamente, a 25% e 20% da área florestal derrubada. Grande parte da área desmatada foi destinada à agricultura, tanto que as lavouras de soja em terras de novos desmatamentos na Amazônia Legal já passa de 80 mil hectares. Em apenas um ciclo agrícola, a área cultivada com soja em terras abertas por desmatamento ilegal aumentou 78%, revelando, mais uma vez, a falta de habilidade do governo federal na fiscalização contra a destruição da floresta.


O que ninguém consegue explicar é porque a soja segue avançando sobre a floresta amazônica se pelas regras da Moratória da Soja nenhuma das 24 principais empresas comercializadoras do grão e que representam 90% do mercado de soja no país, pode comprar o produto de fornecedores na Amazônia que tenham desmatado a área após 2006. O fato é que a ação nefasta do homem está comprometendo todo ecossistema, tanto que o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas alerta que, até o final do século, o volume de chuvas no Brasil deve oscilar entre 5% e 20%, com a temperatura ficando até 5 graus Celsius mais quente, resultado direto do aquecimento global e da emissão de gases de efeito estufa. As previsões para as próximas décadas não são nada animadoras, pelo contrário, são catastróficas: haverá alta nas temperaturas do país no decorrer do século; diminuição das chuvas no Norte e Nordeste; aumento de chuva no Sul; elevação dos gases do efeito estufa em todas as regiões, com maior volume no Sudeste e, por consequência, elevação do aquecimento global.

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