LEVANTAMENTO

Mais da metade dos douradenses aderiram ao isolamento social

Levantamento revela que 54,6% da população está adotando principal medida de prevenção ao contágio do coronavírus

3 ABR 2020 • POR O Progresso • 14h28
Avenida Guaicurus dá acesso a universidades, aeroporto e ao Exército de Dourados. - Franz Mendes

O isolamento social está sendo cumprido por 54,6% da população douradense. Pelo menos é o que revela o sistema de monitoramento InLoco, disponibilizado de forma gratuita ao Governo do Estado para medir o índice de adesão à principal medida de prevenção ao contágio do novo coronavírus. 

Segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), o sistema verifica a movimentação de pessoas através do georreferenciamento dos celulares. “Se a pessoa permanece em casa, existe um algoritmo que mensura a movimentação dentro de um mesmo espaço", explica Julio Croda.

A análise revela que o percentual computado em Dourados coloca a cidade numa zona de segurança intermediária em relação à movimentação de pessoas pelas ruas.

Isso ocorre principalmente devido às medidas adotadas para contingenciar essa circulação popular. O comércio está fechado, com permissão para funcionar apenas os estabelecimento com caráter essencial como supermercados e farmácias. Restaurantes e lanchonetes precisaram investir no sistema delivery. A cidade segue esse modelo já há duas semanas e contra isso, houve até uma mobilização popular encabeçada por empresários no sábado (28/3), mas não suficiente para fazer a prefeita Délia Razuk (PTB) voltar atrás nos decretos de restrição.

Cultos religiosos, eventos com aglomerações e aulas nas redes pública e privada também foram suspensos.

A estratégia de isolamento social tem gerado debates em todo o País, especialmente porque o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), é contrário à restrição aplicada à toda população. Em pronunciamentos em rede nacional, ele pede que as prefeituras e governos estaduais permitam o funcionamento regular do comércio, observando apenas os cuidados mais expressivos aos idosos -- principal grupo de risco. 

Mas a ideia não foi bem aceita pela classe política e científica, inclusive dentro do próprio governo. O ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, tem sido um duro defensor das restrições conforme orienta a Organização Mundial da Saúde. 

Mandetta chegou até ser criticado pelo presidente, que em entrevista à Rádio Jovem Pan, disse que “falta humildade” ao médico sul-mato-grossense e garantiu que eles andam tendo divergências dentro do Planalto. Mas, apesar do racha, não há possibilidade de que o ministro seja retirado do cargo “no meio da batalha”. Sobre isso o ministro afirmou que seguirá trabalhando como tem feito. À Folha de São Paulo, Mandetta ressaltou que “quem tem mandato fala, quem não tem trabalha”. 

EFICÁCIA DO ISOLAMENTO

Em Mato Grosso do Sul, o isolamento social teve adesão de 54,3% da população até 02/4, conforme mostra o aplicativo Inloco. No ranking entre os 26 estados da federação, mais o distrito federal, MS ocupa a 24ª posição. O líder na lista é o estado de Goiás, que possui 65% da população dentro de casa. Já São Paulo, epicentro do coronavírus no Brasil, segue na 10ª colocação com 59,1% do paulistanos distanciados.

O secretário Geraldo Resende considera que apesar dos números em Mato Grosso do Sul não serem tão positivos quanto o esperado, ter a metade da população reclusa já está impactando positivamente no achatamento da curva de contágio. Quanto mais achatar, maior a possibilidade do sistema público de saúde em suprir a demanda de atendimentos. 

Até esta sexta-feira (3/04), 60 casos já foram confirmados no Estado, sendo que seis deles em Dourados. Até o momento MS registrou apenas um óbito pela Covid-19, sendo a paciente uma idosa de 64 anos residente em Batayporã. Ela foi infectada ao ter contato com pessoa que viajou recentemente à Bélgica.