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José Alberto Vasconcellos

A Igreja Católica Apostólica Romana tinha razão!

16 Dez 2017 - 08h30
A Igreja Católica Apostólica Romana tinha razão! -
A Igreja Católica Apostólica Romana, sempre relutou em traduzir o conteúdo da Bíblia Sagrada para o vernáculo popular, texto que detinha em Latim (a Vulgata) feita dos originais (Hebráico e Aramaiso) por São Jerônimo, no século IV, duzentos anos após a adoção oficial da língua pela Igreja romana. Em 1943, o Papa Pio XII, com a encíclica Divino Affante Spiritu, incentivava a tradução a partir das línguas originais, sem o filtro da Vulgata. O Latim chegou até nossos dias, com a celebração das missas. A relutância em autorizar a tradução, justifica-se hoje, quando vemos uma seita estabelecida em cada esquina, explorando o nome de Deus em vão, impulsionada pelos donativos.

A tradução feita do Latim (Vulgata) para o Alemão, por Martinho Lutero (1483-1546), padre católico, que fora pároco na Igreja de Wittenberg, na Alemanha, publicada em 1522, ensejou a Reforma Protestante, que teve maciço apoio dos príncipes alemães do Império Germânico, que tiveram suas terras liberadas do controle de Roma. A Reforma forçou a Igreja Católica a corrigir algumas distorções, inclusive eliminar a venda de indulgências.

A relutância de Roma em autorizar a tradução da Bíblia, previa a banalização da religião, o que de fato aconteceu. Hoje, em cada esquina, há uma seita estabelecida, sob a tutela de leigos, desprovidos de formação em Filosofia e Teologia. São oportunistas, usurpando, usando e abusando do Santo Nome de Deus, para tirar vantagens pecuniárias de pessoas crédulas, desesperadas. O supremo objetivo dessas seitas é coletar o donativo, que o crente desavisado possui!

J.R.Guzzo escreveu na revista Veja, ed. 04.10.17, às págs. 78/79, verbis" "Trata-se da "fé evangélica", como se chama, para simplificar, a vasta constelação de igrejas, seitas e cultos de origem protestante que nas estatísticas já reúnem um terço da população brasileira."

Continua o articulista, na mesma revista Veja: "Pastores, bispos e outros peixes graúdos tomam dinheiro dos fiéis, sob a forma de donativos, em troca de ofertas a que obviamente não podem atender: desaparecimento de dívidas, expulsão de demônios, cura de doenças, enriquecimento rápido, eliminação do alcoolismo, dependência de drogas e outros vícios — enfim, qualquer milagre que possa ser negociado. Diversas igrejas se transformaram em organizações milionárias... (...) há tanto joio nas igrejas evangélicas que fica difícil, muitas vezes, achar o trigo".

Hoje — ressalvadas, as Igrejas Protestantes com pregação religiosa irretocável, como a Presbiteriana, a Batista, a Luterana, a Metodista e algumas outras, ministradas por pastores de boa formação, oriundas da Reforma, com o intuito sério de ministrar a religião cristã — temos nas sombras, evangélicos que vendem, acintosamente, curas de doenças incuráveis, riquezas, empregos, até a salvação da alma, com "salvo-conduto", chamado indulgência. Tudo, claro, mediante o recolhimento do donativo, afrontando o Protesto de Lutero e a conseqüente Reforma, que veio para moralizar a forma de se ministrar religião, junta com a tradução da Bíblia.

Alguns "pregadores" que se intitulam bispos, profetas e até apóstolos, já "venderam terrenos no céu", onde o irmão evangélico poderia morar, depois de "esticar as canelas".

Constroem templos — verdadeiros palácios — estranhos ao cristianismo, que surgiu quase um milênio depois, misturando a religiosidade dos israelitas com a fé cristã ministrada por Jesus. Utilizam-se de quase todas as estações de TV para "exibir" curas milagrosas, exorcismos e outras encenações, com o objetivo de aliciar neófitos e engrossar a coleta dos donativos. Prometem tudo aos que neles acreditam e ameaçam os relutantes. Amealham fortunas, sonegam tributos, elegem políticos e moram em mansões, tudo nesta Terra de Santa Cruz.

Agem, acintosamente, contrários aos princípios defendidos por Lutero no seu PROTESTO, consubstanciado nos 95 artigos afixado na porta da Igreja de Wittenberg; e ignoram as premissas da Reforma. Interpretam, temerariamente, textos bíblicos para beneficiarem-se com o engodo. Esse deplorável procedimento têm sido o combustível, que os falsos profetas usam para enganar os fiéis e arrebatarem o dinheiro que tanto amam!

Pode o feiticeiro desfrutar do próprio feitiço?

Membro da Academia Douradense de Letras. ([email protected])

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