#Você já apertou bolinha?
#####Ivone Macieski*
Ontem encontrei Déo, ele trabalha no mesmo prédio que eu, quando entrei na portaria ela estava na recepção cabeça baixa compenetrada, ao chegar ele sorriu desenchavido porque o peguei distraido, então me perguntou: você ja apertou bolinha? Imediata-mente recordei das tantas vezes que fiz isso, como era bom, minhas amigas e eu ficávamos horas apertando bolinha, acabava virando disputa de quem apertava mais; então olhei para ele e respondi: é claro, quem já não apertou? E rimos muito recordando desse fato tão corriqueiro na vida da maioria das pessoas.
Você mesmo que está lendo agora tenho certeza que já apertou o plastico-bolha, recorda agora? Já não é? Eu sabia que sim! O plastico-bolha para quem não sabe é um tipo de plástico que serve para proteger os produtos ou objetos em transporte, como também alimentos, para-brisa de carros, criar efeito de textura na parede, etc. Foi criado por dois engenheiros, Alfred Fielding e Marc Chavannes, em 1957.
É um produto que proporciona excelente proteção aos materiais nele embalados, além de poder ser utilizado no revestimento de pisos antes da aplicação de carpetes de madeira, proporcionando uma ótima isolação acústica. A explicação é simples: elas atuam como o isopor, criando um espaço oco em que o som e a temperatura não se propagam.
Sabia disso Déo? Mas bom mesmo é estourar as bolinhas, é a melhor terapia inventada, dentro de cada bolha de ar vem um pouco de paz, de alívio, de alegria, de felicidade e quando a gente estoura essa sensação boa volta para gente, ha pessoas que não acham graça nenhuma de ficar vendo fazermos isso, mas penso que é por inveja, no fundo bem que gostaria de um pedaço de plástico com algumas bolhas para apertar e aliviar o stresse...
Quem nunca teve um plástico-bolha em sua vida? Ele foi feito pra estourar e pronto, que se danem quem não sabe aproveitar isso, pois é a melhor coisa do mundo. Naquele dia com Déo estourei algumas bolinhas num desses plásticos que faz relaxar sem fazer força, rimos muito, saí de lá feliz e satisfeita foi um momento só mas que valeu pela semana toda, dividimos algo em comum, uma coisa que gostamos de fazer e nem sabíamos porque nunca paramos pela falta de tempo da correria do dia-a-dia, foi um instante mágico e de paz; todos nós temos uma ou outra historia para contar de um plástico-bolha, e sei que são apenas historias de boas recordações.
Este utensílio que passa despercebido tem na verdade uma grande importância social, ele aproxima pessoas, traz conforto, paz, alegria, até quem nunca se viu antes conversam como velhos amigos ao dividir um pedaço de plástico desses, filho, pai, mãe, avós, vizinho, colega de escola, professor de faculdade, padre, pastor, médico, dentista, costureira, vendedor, entregador (principal-mente os entregadores, estes de fartam com as bolinhas), o padeiro, o entregador de pizza, o açougueiro, todos sem exceção já fizeram uso das bolinhas mágicas do plástico-bolha, ninguém foge à regra, é encontrar e pronto já começa a brincadeira e quando acaba é comum ficarmos procurando se não ficou alguma para trás sem estourar, é desestressante apertar as bolhas uma a uma ouvindo o barulho que cada uma faz, acalma e distrai, o tempo passa sem que percebemos, perdemos a vergonha, deixamos vir a tona a criança que nos habita, tudo tem mais poesia; e a vida, ah a vida fica mais bonita ainda. E você já apertou bolinha?
#####* Ivone Macieski é licenciada em letras, poetisa, corretora de imóveis, membro da academia Douradense de Letras, membro fundador e presidente de Grupo Ser de Poesia, ministra Oficinas de Poesias nas escolas municipais, estaduais e particulares