Para muitos, não há diferença entre um e outro. Ledo engano para quem assim pensa. É evidente que encontramos alguns professores que sobre sua lide como professor, exerce gloriosamente a função de educador.
Depois de exercer minha profissão, tenho certeza de que, o que mais ficou impregnado na mente e coração de meus alunos foi o papel de educador. Fazia esta função por necessidade, pois em muitos de meus alunos, estava estampado em seus olhos a ausência de pais presentes. O fascínio da vocação como educador, e digo vocação, por não entender esse trabalho como uma profissão. Fazemos aquilo que gostamos e nem por isso acrescentamos centavos a nossa labor.
Lembro-me com muito carinho dos bons tempos como professor em Campo Grande, Quando reencontro alguns de meus ex-alunos, e vejo em seus olhos o fitar de alguém que para eles é muito bem visto, sinto que mergulhei como queria nessa profissão e, com ela, busquei o melhor, como educador.
O educador não se limita a ser um “auleiro” ou um cumpridor de horários. É tornar-se um com seu aluno e olhar mais profundamente em sua vida, tentando descobrir o que fala sua alma, não apenas sua boca.
Não posso me queixar. Exerci uma profissão que é fundamental na hora de perceber que estamos presentes na formação de todas as outras profissões. É a única que pode se dar ao luxo de ser indispensável na formação de todos os outros profissionais e, inclusive, na própria formação de outros professores.
O professor “reclamão”, aquele que nunca está contente com nada, os encontramos em todo tipo de Escola, Não nasceu para ser o que parece ser. Tudo é motivo de desavença. Alegria ou contentamento, parece não estar no vocabulário de alguns. Sai de casa para estar presente em sua primeira aula do dia, encurralado em pensamentos que mais lhe faria feliz se não estivesse indo. Pobres alunos. Comportam-se como aquela doce e servil senhora que espera o esposo com uma janta toda arrumadinha, como ela mesmo, ataviada num bom perfume, não vendo a hora do marido chegar. Quando chega, o estúpido tem a coragem de perguntar se foi ela quem fez a janta. Quebrando o mais profundo sentimento de solidariedade.
O encontro com um educador não se resume ao simples horário que tem a cumprir. É aquele que, em meio a vivência da aula, sabe olhar e despertar em seus alunos o gosto por dividir com quem tem experiência, os dissabores da vida. É aquele que torce pelo sucesso do aluno ainda que seja num conteúdo ou numa façanha bem simples. É, também, aquele que cobra com eficácia e sem medo de ser feliz, o bom desempenho de seus alunos. É aquele que os anos, por mais que tenham passado, não conseguiram desfigurar a lembrança do “amigo” que lhe estendeu a mão.
Nunca, em meus 41 anos de magistério, encontrei um professor que não estando contente e realizado em sua profissão, fosse uma pessoa feliz. Pelo contrário, amargo e vociferando fel para todo lado.
Em todas as profissões, há uma voz geral, que mesmo errada e mal conceituada, diz: “A realização se mede pelo quanto se ganha”. Posso garantir, sem medo de errar, que aquele que veio para o magistério porque era mais fácil ou por qualquer outra razão que não seja o amor pelo ensinar e pelo doar-se, pode estar ganhando muito e, ainda assim, não se demonstrará nem feliz e nem vocacionado.
Não é fácil dizer tudo isso num país como o nosso, mas é salutar que saibamos sempre, valorizar muito, aqueles que são diferentes.
Reiniciando as atividades neste 2016, torço e faço fé que nossos alunos encontrem cada vez mais, aqueles que podemos chamar de Educadores.
Bom dia e melhores tempos para todos nossos colegas. Amém.
Professor e Campista. e-mail: [email protected]