Atacante Giuliano foi considerado o trevo de quatro folhas do Inter na Libertadores
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SÃO PAULO - Foi fechado, mas todo mundo viu. Retirar a imprensa do estádio Sultan Bin Zayed após 20 minutos de trabalho ontem foi mera formalidade do Inter. Do lado de fora, a tela azul que reveste o campo de treinamentos oferece visão quase perfeita do campo. Não haveria segredo que o técnico Celso Roth pudesse esconder ali. Mas o objetivo nem era esse. O treinador, pouco adepto de treinos fechados, queria mais era ter privacidade para orientar o time da maneira que bem entendesse, sem se preocupar com os olhares da imprensa e de torcedores sobre ele.
O time, na prática, está formado há tempos para o Mundial. Não haverá novidades. Ontem, a imprensa assistiu apenas à conversa do técnico com os 11 titulares e ao aquecimento dos jogadores. Quando ia começar a parte tática, os jornalis-tas tiveram que se retirar. A novidade do dia foi a presença de outra árabe, Khaled Mabkhot, no treino. É mais um joga-dor cedido por Abel Braga, técnico do Al-Jazira, ao Inter.
Ele é o substituto de Sultan. A troca não tem nada a ver com os visíveis atropelos técnicos do primeiro árabe. É que o novo “reforço” é zagueiro, o que permite a Roth escalar Juan na lateral esquerda. Ele só havia treinado na zaga em Abu Dhabi.
Exatos 13 anos depois de enfrentar justamente no Beira-Rio o desafio de comandar pela primeira vez um clube gran-de, o técnico Celso Roth percebeu a proporção que a carreira dele tomou no instante em que entrou no estádio Mo-hammad Bin Zayed, em Abu Dhabi, para assistir ao jogo entre Mazembe e Pachuca. Ao ver a mistura de africanos, mexi-canos e árabes, o treinador balançou.
Ele revelou seu sentimento à imprensa ao comentar como fica o comportamento de um elenco diante de uma estreia – a do Inter é na terça-feira, contra o Mazembe, vencedor da partida. “Vou te dar um sentimento meu, que acho que foi dos jogadores também: chegar naquele estádio arrepia.
Estamos em um campeonato mundial... Aquele clima, aquela sensa-ção, o jogo disputado, dois continentes diferentes, levamos tudo isso em conta. Se isso vai determinar o ganhador da competição, não sei dizer. Mas a estreia é difícil em qualquer campeonato”, disse o treinador.
O Mundial é o ponto mais alto da carreira de Roth até o momento. Ele tem a perfeita noção do que um título repre-sentará na trajetória dele. E já se diz orgulhoso de ter essa chance. “Estar aqui é uma vitória, é um privilégio. Estamos trabalhando para conquistar esse título junto com os jogadores, que são as estrelas disso tudo. Participar é uma satisfa-ção, uma honra, um reconhecimento que veio com o trabalho. Isso é o mais importante: somar junto com os grupos. O treinador sempre tem que somar. Tomara que eu consiga realizar o objetivo”, afirmou Roth.
#####TALISMÃ
- O talismã também tem seus talismãs. Giuliano, o trevo de quatro folhas do Inter na Libertadores, tem certeza de que outros atletas colorados podem ser decisivos no Mundial do mesmo jeito que ele foi no torneio continen-tal. Os seis gols marcados na Libertadores fizeram com que o meia fosse eleito o melhor jogador do torneio. Mesmo as-sim, ele será suplente em Abu Dhabi.
O jogador elencou atletas que, na visão dele, pode ser decisivos no Mundial. A lista inclui titulares e reservas. “Temos jogadores que decidem partidas. Temos o Tinga, o D’Alessandro, o Alecsandro, que faz gol sempre, o Rafael Sobis, o próprio Andrezinho, que é decisivo quando entra, o Damião, que fez gol na final da Libertadores. O Inter não se resume a um ou a outro. É forte por todos”, disse Giuliano.
O talismã da Libertadores espera ser talismã também no Mundial. Giuliano ainda sonha ser titular, mas sabe que difi-cilmente acontecerá. “Espero ser talismã, sim. Vou trabalhar para isso. Temos mais alguns dias de treinamentos. Ainda tenho esperança de ser titular, mesmo que isso, em teoria, esteja definido. Tenho o pensamento positivo e quero ajudar. Espero que, quando for solicitado, tenha a oportunidade e corresponda”.
Giuliano gosta do apelido que carrega desde a Libertadores. Ele vê o termo como um sinal de reconhecimento. ‘É um apelido que pegou. Fico feliz com isso. Foi algo positivo, algo que me deu evidência, me deu moral. Espero poder cor-responder nos jogos e na sequência da minha carreira”. Para Giuliano, ter o reconhecimento pelo trabalho realizado é uma espécie de consolo para a reserva no Mundial. “É algo que me consola.
Não fico chateado por não começar, mas sempre tenho o pensamento de jogar, de ser titular. Quando não acontece, a gente compensa de outra forma. É uma moti-vação que vem de fora por ser considerado talismã e ajudar a equipe”, finaliza.