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Testemunha reconhece integrantes do Cimi

03 Dez 2015 - 09h40
Ramão Cristaldo, que gerencia a fazenda Brasília do Sul, foi ouvido pela CPI do Cimi na última segunda-feira. - Crédito: Foto: Wagner Guimarães/ALMSRamão Cristaldo, que gerencia a fazenda Brasília do Sul, foi ouvido pela CPI do Cimi na última segunda-feira. - Crédito: Foto: Wagner Guimarães/ALMS
O administrador rural Ramão Aparecido Evangelista Cristaldo, que gerencia a fazenda Brasília do Sul, em Juti, reconheceu integrantes do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em imagens exibidas durante a oitiva de terça-feira (1º) da CPI que investiga o órgão. Ele também confirmou que a instituição incita invasões de terras particulares na região.


Após ver imagens de vários integrantes do Cimi em um telão instalado no plenário da Assembleia Legislativa, Ramão reconheceu as figuras de Dom Erwin Kräutler (ex- presidente do Cimi), Cleber César Buzatto (secretário executivo), missionária Irmã Joana Ortiz (religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida e ativista do Cimi), Henrique Eloy (advogado Terena ligado ao órgão), Matias Benno e Rogério Batalha. Todos foram vistos pelo administrador rural em situações conturbadas na fazenda, que é invadida desde 1999.


Ramão relatou que além dessas pessoas, estrangeiros de vários países como Estados Unidos, Alemanha e Turquia, visitam os indígenas frequentemente. Quando eles aparecem, os índios ficam nervosos e agressivos, depredando patrimônio e apavorando as famílias que vivem na propriedade.


O próprio administrador rural já foi feito refém pelos indígenas em uma situação como essa. Ele foi amarrado e torturado durante um dos confrontos. De acordo com ele, os integrantes do Cimi, da Funai (Fundação Nacional do Índio) e os estrangeiros indigenistas se pintam como os indígenas e fazem com que eles avancem cada vez mais próximo à sede da fazenda.


“Os índios vão pra cima da gente e, em vez de acalmar, eles incentivam. É só chegar esse pessoal lá na fazenda que eles ficam violentos”, relatou.


No início, quando houve invasão e o proprietário da fazenda entrou com o pedido de reintegração de posse, a Justiça determinou que os índios esperassem o trâmite do processo em 97,8 hectares, mas hoje eles ocupam 1400 hectares.


Ainda segundo Ramão Cristaldo, há divisão clara de grupos entre os indígenas que moram na fazenda invadida. Os que apóiam as ações do Cimi são assistidos e viajam com os membros da instituição a Brasília, de avião, para eventos de interesse. Enquanto isso, outro grupo, formado por indígenas mais humildes, vai de ônibus, passando fome e sede durante as viagens.


Ele conta que esse grupo mais humilde é manipulado pelo Cimi, pois coloca suas vidas em risco durante os confrontos, “mas na hora do vamos ver” precisam pedir favores aos trabalhadores da fazenda.


“Eles passam muitas necessidades. Tenho muita pena dos índios. A gente tem que ajudar comprando carcaça de frango, pucheiro, pois as crianças são desnutridas. Na hora de ir para o enfrentamento, o Cimi está lá, mandando invadir, mas na hora do vamos ver eles ficam desamparados”, detalhou.


Segundo o administrador rural, há um grupo formado por 10 ou 12 índios que “toma a frente dos confrontos e que nos faz ameaças”. Entre os integrantes desse grupo, ele citou nomes como Araldo Veron, Ernesto Veron e Francisco.


No local da invasão, vivem 54 famílias, que totalizam cerca de 200 indígenas. Segundo Ramão Cristaldo, não havia aldeias no local quando a fazenda foi comprada, em 1928. Conforme relatos de pessoas antigas, que habitam as redondezas há muitos anos, os 9.972 hectares da fazenda Brasília do Sul nunca foram terra indígena.


Ramão Cristaldo apresentou à CPI boletins de ocorrência e documentos que confirmam suas declarações. Ele também forneceu, em sigilo, nome de alguns indígenas que podem confirmar a participação do Cimi no que diz respeito à incitação e financiamento de invasões de terras particulares na região.

Morte de Marcos Vero


Durante a oitiva, foi citado o nome do cacique Marcos Veron, morto em 2003. De acordo com o depoente, o cacique liderou a primeira invasão à fazenda, em 1999, e revelou que já havia tentado invadir outras propriedades, sem sucesso, tudo com apoio do Cimi.


Outra revelação feita pelo administrador rural é que Marcos Veron era paraguaio, casado com Júlia, uma indígena de Juti. Todos os documentos que comprovam suas declarações foram entregues aos membros da CPI.


De acordo com Ramão Cristaldo, Veron era seu amigo e admitiu, em uma gravação de áudio (que ele entregará posteriormente aos membros da comissão), que a fazenda Brasília do Sul não é terra indígena.


O depoente disse que os próprios filhos de Marcos Veron acusam o Cimi por sua morte, pois incentivavam seu pai a liderar conflitos por terras. Ainda segundo o administrador rural, houve “queima de arquivo”, ou seja, pessoas morreram antes de esclarecer as verdadeiras circunstâncias da morte do cacique.


A presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PTdoB), disse que o depoimento de Ramão Cristaldo foi esclarecedor e de extrema importância para os trabalhos.

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