Militantes contrários e favoráveis a Lula entraram em confronto em São Bernardo do Campo. - Crédito: Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã de ontem (4) a 24ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Aletheia. O objetivo é dar "continuidade às investigações de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminoso revelado e relacionado à Petrobras", segundo a nota da PF.A PF informou ainda que cerca de 200 policiais federais e 30 auditores da Receita Federal saíram às ruas para cumprir 44 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para a delegacia a fim de prestar depoimento e depois é liberada. As medidas foram cumpridas nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia. A operação também inclui buscas em Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri e Atibaia.
A casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, e o Instituto Lula foram alvos da operação.
A operação recebeu o nome de Aletheia em referência a uma expressão grega que significa busca da verdade.
Confrontos
Militantes contrários e favoráveis ao ex-presidente Lula entraram em confronto na cidade de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, em frente ao prédio do ex-presidente, onde a Polícia Federal fez buscas desde o início da manhã de hoje (4). Três pessoas foram detidas pela Polícia Militar: uma por tentativa de lesão, outra por resistência e uma terceira por xingamento de racismo. Elas foram levadas para o 1º Departamento de Polícia. Ao menos um homem foi ferido, na cabeça.
A Avenida Francisco Prestes Maia, endereço de Lula, foi interditada em ambos os sentidos. PM montou um cordão para separar os grupos rivais, que trocam insultos e provocações. Manifestantes contrários a Lula gritam palavras de ordem como "Cadeia". Os militantes pró-Lula revidam com gritos de "Não vai ter golpe".
Em diversos momentos, militantes que conseguiam furar o bloqueio partiam para a agressão física. A polícia usava golpes de cassetete para apartar a confusão.
Aeroporto
Manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente Lula também entraram em confronto no final da manhã de ontem (4) em frente ao escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, zona sul paulistana, onde Lula prestou depoimento, ao longo da manhã, no âmbito da 24ª fase da Operação Lava Jato.
O mandado de condução coercitiva atendeu a um pedido do Ministério Público Federal que acusa o ex-presidente de ter recebido vantagens de empreiteiras investigadas por participar de um esquema de corrupção na Petrobras.
No local, militantes do PT e da Central de Movimentos Populares trocaram agressões e ofensas com manifestantes que protestavam contra o ex-presidente. Houve xingamentos, agressões verbais e empurrões, mas ninguém ficou ferido. Também houve tumulto no saguão do aeroporto e, depois da confusão, a Polícia Militar procurou manter afastados os grupos contrários.
Segundo o procurador da República, Carlos Fernando Lima, que integra a equipe de investigação da Operação Lava Jato, Lula recebeu vantagens – seja em dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis – das maiores empreiteiras investigadas na operação policial. Foram, de acordo com o procurador, cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um triplex no Guarujá. Além da condução coercitiva, foram expedidos mandados de busca em endereços do ex-presidente.
Para o Instituto Lula, a ação da Polícia Federal deflagrada ontem foi uma ação "violenta", com o objetivo de provocar "constrangimento público" ao ex-presidente. "A violência praticada hoje contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal", diz trecho da extensa nota. "É uma violência contra a cidadania e contra o povo brasileiro, que reconhece em Lula o líder que uniu o Brasil e promoveu a maior ascensão social de nossa história", diz a nota do instituto.