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Luís Fernando Veríssimo lança nova coletânea

23 Nov 2015 - 08h50
Luís Fernando Veríssimo lança seu novo livro de crônicas. - Crédito: Foto: DivulgaçãoLuís Fernando Veríssimo lança seu novo livro de crônicas. - Crédito: Foto: Divulgação
A mulher que tem 34 anos mas diz ter 52 (“completos”) para ser elogiada por parecer quase 20 anos mais jovem. A que atravessa a cidade disfarçada para trair o marido, usando cachecol em pleno verão, mas acaba refém de um bandido numa fuga transmitida em rede nacional. A que tenta convencer a neta de que teve um longo currículo de conquistas amorosas, do ator mexicano Gilbert Roland ao rei Juan Carlos da Espanha. Essas são algumas das protagonistas da nova coletânea de Luis Fernando Veríssimo, “As Mentiras Que as Mulheres Contam”, que chega às livrarias pela editora Objetiva, com o humor que é marca registrada do escritor e colunista do O Globo.

O livro é a continuação de um dos maiores best-sellers do autor, “As Mentiras Que os Homens Contam”, lançado pela mesma editora em 2000. Depois de retratar as falsidades do universo masculino naquela obra, Veríssimo reuniu textos antigos e recentes no novo volume para atender uma demanda de seus leitores.

Quando saiu “As mentiras que os Homens Contam” me perguntavam muito quando viria um livro sobre as mentiras das mulheres, e eu respondia que nunca, porque seria um livro grande demais. Mas, no fim, ele saiu do mesmo tamanho do outro. Acho que empatamos — diz o escritor, de 79 anos, que enxerga uma diferença entre o modo de mentir masculino e o feminino: — Gosto das mentiras improváveis, sustentadas heroicamente contra todas as evidências em contrário. O homem faz mais isso do que a mulher.

As histórias do novo livro trazem algumas “mentiras improváveis”. Algumas terminam em tragédia, como em “Isabel”, raro texto sombrio na obra solar de Veríssimo, com uma protagonista que finge ser outra pessoa para conquistar um homem cego. Outras flertam com o absurdo, como na história da mulher-fantasma que assombra os bailes semanais do Clube dos Subgerentes, na Barra da Tijuca, em busca de um par de dança.

A maior parte do livro, porém, é composta pelas observações concisas e irônicas sobre o cotidiano que os leitores de Verissimo aprenderam a admirar desde 1969, quando ele começou a publicar crônicas no jornal gaúcho “Zero Hora”. São aquelas mentiras prosaicas, que passam quase despercebidas, como o uso da expressão “um minutinho” para enrolar alguém indefinidamente ou o sorriso amarelo para o presente de mau gosto.

“A mentira tem uma função social importante. A gente mente para não magoar, para evitar conflitos, para salvar casamentos e principalmente para não se incomodar. A sinceridade é uma virtude supervalorizada — brinca o escritor.

Para o autor, o debate público brasileiro hoje está dominado pela hipocrisia e pela falta de diálogo entre lados opostos. Numa crônica de setembro, ele escreveu que, na história do país, “nunca as ‘verdades’ de cada um foram tão antagônicas, e nunca os antagonistas se xingaram tanto”.

“Há uma falta de civilidade assustadora e crescente no debate político brasileiro. E aí entra raiva, entra insulto, entra intolerância, e a mentira acaba nem sendo o pior dos efeitos do clima ruim“, diz Veríssimo.

Um dos mestres da crônica no Brasil, admirador e herdeiro de grandes cronistas como Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e Antônio Maria, Veríssimo já disse que o gênero pode ser definido como “a liberdade absoluta”, pois permite tudo, do comentário político à ficção. Com personagens, diálogos e tramas ágeis, os textos de “As mentiras que as mulheres contam” brincam com o formato do conto. Filho do autor de alguns dos mais populares romances brasileiros do século XX, Érico Veríssimo, o cronista também já se aventurou pela narrativa longa, em livros como “Os espiões” (2009) e “O clube dos anjos” (1998), ambos pela Objetiva.

“A ficção é sempre uma invenção, o que não significa que seja sempre uma invenção mentirosa. Há autores que inventam grandes verdades”, define o escritor. Nos últimos anos, Veríssimo se acostumou a ver outro tipo de invenção: os textos apócrifos que circulam pela Internet com sua assinatura. Mas não demonstra incômodo com as imitações — e até brinca com a possibilidade de cometer uma também.

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