Legenda 2 - Com os vidros fechados, o único som externo é o do atrito dos pneus com o asfalto
Fotos: Divulgação -
DOURADOS - Bem-vindo ao futuro. Se o Fusion Hybrid falasse, certamente essas seriam suas primeiras palavras. A versão híbrida do sedã médio-grande da Ford acaba de desembarcar no Brasil para dar início a uma nova era em que os veículos (automóveis e utilitários) não bebem apenas gasolina, álcool ou diesel – eles também se alimentam de eletrici-dade. E jogam muito menos fumaça no ar. Realidade nos países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, o Fusi-on Hybrid chega com o status de ser o primeiro automóvel 100% híbrido à venda no País. Por aqui, onde os carros nacio-nais amargam um atraso frente aos modelos oferecidos em mercados mais maduros, a tecnologia híbrida praticamente inexiste.Justamente por isso, a Ford passa a oferecer o modelo por aqui pelo preço fixo de R$ 133.900 – sim, é um valor elevado. Mas ao optar por trazer a versão de apelo verde, a montadora do oval azul está de olho não nas vendas, que de-vem ser magras, mas no potencial publicitário que o sedã “ecologicamente correto” oferece. Confira abaixo como é e como funciona o Fusion Hybrid!
Uma das principais características dos carros híbridos é o sistema de propulsão, que combina dois motores, um a combustão e outro elétrico, alimentado por bateria. No Fusion Hybrid, funciona exatamente assim: o bloco a gasolina 2.5 Duratec de 158 cv e 18,8 kgfm de torque está associado a outro bloco que usa apenas eletricidade para gerar 107 cv e 23 kgfm. A potência combinada dos dois motores é de 193 cv (não é a soma das potências geradas pelos dois motores). As-sim como em outros híbridos, os dois motores do Fusion ecológico podem funcionar sozinhos ou simultaneamente, de acordo com a situação de rodagem. Em velocidades inferiores a 75 km/h, por exemplo, o motor elétrico trabalha boa parte do tempo sozinho, enquanto o bloco a gasolina é ligado em ladeiras ou quando o pedal do acelerador é pressionado até mais embaixo.
Já em velocidades superiores a 75 km/h, o motor a gasolina faz o serviço, cabendo ao bloco elétrico gerar energia ex-tra em retomadas, para facilitar ultrapassagens, por exemplo. No Fusion híbrido, o motor movido a eletricidade é ali-mentado por uma bateria de níquel-metal que não precisa ser recarregada. Há um sistema de regeneração da energia de frenagem. Em poucas palavras, cada vez que o condutor pisa no pedal do freio, a energia produzida é enviada e armaze-nada na bateria, tornando desnecessária a recarga. Esse, aliás, é um dos aspectos mais relevantes dos sistemas de propul-são híbrida. Diferente dos carros 100% elétricos, os híbridos – como a nova versão do Fusion – não tem uma autonomia pré-determinada.
CONSUMO - Mas, afinal, qual a vantagem de se ter dois motores? Essa é uma pergunta que, provavelmente, deve surgir na cabeça de um tanto de brasileiros. Para que serve a tal tecnologia híbrida? A resposta é sustentabilidade. Com os dois motores trabalhando ora juntos, ora separados, o Fusion Hybrid entrega uma média de consumo equivalente a dos carros equipados com motores 1.0 litro. De acordo com a Ford, o sedã médio-grande é capaz de rodar 16,4 quilômetros com um litro de gasolina na cidade e 18,4 km/l na estrada. Em trajeto misto, a montadora informa média de 12,8 km/l de combustível. São números impressionantes para um carro de quase 1,7 tonelada e encorpados 4,84 metros de compri-mento por 1,83 metro de largura. Os valores são 9% superiores ao do subcompacto Ka com motor 1.000 cm³.
Quer dizer, o Fusion Hybrid é mais eficiente que um Ka e entrega um desempenho consideravelmente superior. Mas esqueça a esportividade. A aceleração de 0 (zero) a 100 km/h em 9,1 segundos é até boa, mas o que está em jogo na ver-são híbrida do sedã é a redução do consumo e da emissão de poluentes. O modelo despeja 92% menos gases poluentes que o previsto no Proconve L6, legislação de emissões nacional que entra em vigor no País em 2015. Se comparado à versão de entrada, também equipada com o motor 2.5 Duratec, só que com 173 cv, o Fusion híbrido é expressivos 52% mais eficiente em consumo.
O único problema da tecnologia é o preço. Enquanto o Hybrid custa R$ 133,9 mil, a versão convencional básica sai por R$ 82.160 – são mais de R$ 50 mil de diferença no preço final. Daí a conclusão de que a configuração verde vale mais pela imagem.
O Fusion híbrido, definitivamente, é um carro à frente do nosso tempo – ou melhor, do atual cenário da indústria au-tomobilística brasileira. O modelo tem como principal apelo algo ainda fora do imaginário popular: a preocupação com o meio ambiente. Mas mesmo sendo um carro com perspectivas limitadas de vendas no momento, o modelo da Ford traz sofisticação. E em grande estilo. Dirigir um carro híbrido, na prática, não é diferente de guiar um carro empurrado por um motor à combustão. A diferença está basicamente no barulho e na vibração que se sente ao volante.
Com o motor 2.5 Duratec desligado, praticamente não se ouve ruídos ou se sente alguma vibração no volante e nos pedais. Com os vidros fechados, o único som além da barulheira externa é o do atrito dos pneus com o asfalto.
O silêncio é tão profundo a bordo que o motorista e o passageiro logo percebem quando o bloco a gasolina é aciona-do. Só aí se escuta um ronco abafado vindo da frente do carro e alguma vibração. Em movimento, o que mais impressio-na é como o sistema híbrido da Ford alterna o funcionamento dos motores de forma sutil. Em questão de segundos o blo-co a combustão é acionado ou desligado. Durante o test-drive, realizado por avenidas da capital paulista, a maior parte do tempo o modelo ficou preso em congestionamentos. Por conta disso, também a maior parte do tempo o motor elétrico trabalhou mais, requisitando o bloco Duratec apenas em trechos de subida – em que era necessário maior torque. O câm-bio automático do tipo CVT (continuamente variável) foi caprichosamente preciso.
Com subidas de giro bastante lineares e sem sinal de delays nas trocas, o Fusion Hybrid permaneceu o tempo inteiro sereno e eficiente nas acelerações e retomadas. O modelo não demonstrou qualquer cansaço e, ao mesmo tempo, ofere-ceu um nível de conforto excepcional – talvez até superior às outras versões em termos de ruídos. Já dinamicamente, não há diferença em relação aos outros Fusion (o 2.5 e o 3.0 V6). Um outro aspecto interessante da versão híbrida é a quanti-dade de informações reunidas no sofisticado quadro de instrumentos SmartGauge, que traz o velocímetro ao centro en-volvido por duas telas de alta resolução. Ali o motorista pode ler quase tudo sobre o carro. O sistema informa, por exem-plo, se o carro está no modo elétrico ou com os dois motores ligados e se a condução está privilegiando o menor consu-mo.