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Abandono de animais aumenta na pandemia e bichos não encontram lares

Centenas de cães e gatos foram resgatados nesse período por grupos de defesa dos animais

30 Jan 2021 - 10h25Por Gracindo Ramos
Abandono de animais aumenta na pandemia e bichos não encontram lares - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

A última campanha de vacinação antirrábica em Dourados atingiu cerca de 36 mil cães e 8 mil gatos. Mas a população desses animais é muito maior e crescente. É o que observam ativistas que trabalham no resgate, acolhimento e adoção de cães e gatos. E isso tem tirado o sono desses grupos. Para tirar os animais da rua, não é um trabalho fácil. Denúncias diárias de abandono ou maus-tratos são atendidas. Também há procura por abrigos ou lares temporários, até encontrarem uma pessoa ou família que ampare definitivamente esses bichos de estimação. Para tanto, os grupos contam com colaborações, doações e também buscam um trabalho mais efetivo por parte do poder público. 

Gisele Pizzini Velloso, do abrigo Abana Rabo, disse ao jornal O PROGRESSO que aproximadamente 200 cachorros foram resgatados pelo grupo no ano passado, um aumento significativo durante o período de pandemia. “Em março veio a pandemia e as coisas só foram piorando. Não pudemos mais fazer feira de adoção. Caiu o poder aquisitivo das pessoas e elas começaram a abandonar, soltar na rua o animal que ficou doente. Também apareceu muita gente querendo deixar cachorro e gato no abrigo. A pessoa não tem condições de manter o cachorro em casa e, mesmo assim, pega para criar. Não castra, não vacina e liga para a gente”, conta.

Segundo Thais Kanieski, da Associação Refúgio dos Bichos, nesses 10 meses foram resgatados mais de 100 cachorros e gatos. Muitos dos animais acabam tendo filhotes, aumentando esse número. Ela diz que antes da pandemia a média de animais recolhidos era menor. “Nós fomos sentir o impacto da pandemia agora, nos três últimos meses do ano de 2020. Teve muito abandono e os pedidos de ajuda quadruplicaram. Não temos como ajudar a todos. Havia também muitos tutores querendo ajuda, mas o nosso objetivo é ajudar animais de rua”, explica. Thais relata que a maior dificuldade é conseguir lares temporários ou definitivos, “porque a dificuldade financeira nessa pandemia pegou muitos de surpresa. Financeiramente, a gente teve que reduzir muito os trabalhos”.

As adoções também diminuíram, de acordo com o Gisele. “Muito mais resgate do que adoção”, afirma ela sobre o trabalho durante a pandemia que realizou a adoção de cerca de 50 cães. “Você anda aí pelos bairros e fica chocada. Você vê que os cachorros estão com fome mesmo. A gente tem que escolher qual resgatar, e é muito difícil”, complementa. O Abana Rabo também passa por dificuldades para manter os cães. “Antes, a gente ganhava rações das lojas. E, com a pandemia, faltou insumo, faltou material. Nem amostra grátis, que eles doavam, está vindo mais para as lojas veterinárias. Então, eu saio pedindo tudo, para ver se a gente consegue o mínimo”, diz. Mas ela pondera que, “na contramão disso, tem outras pessoas que adotam justamente porque estão sozinhas na pandemia e o animal faz companhia, principalmente para as crianças que estão sem aula”.

Ausência do poder público

Para Gisele Pizzini, a castração seria solução de muitos dos problemas para evitar a superpopulação. Kanieski considera essencial, mas pondera que “temos que ter também a conscientização, pois tem muita gente contra a castração”. Velloso também cobra mais empenho do poder público para a questão, citando a necessidade de parcerias com as universidades, hospital público, reforma do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) entre outras ações. 

Ela conta que a gestão passada pouco fez sobre a questão animal. “Eu espero que o Alan Guedes tenha uma outra visão a respeito disso. Que olhe para isso como algo importante para nossa sociedade. E faça acontecer as políticas públicas para os animais. O trabalho que a gente faz é uma prestação de serviço à sociedade. Eu estou tirando das ruas os animais que a prefeitura teria que tirar. Mas não para sacrificar. Eu estou dando lar, eu estou abrigando, eu estou cuidando. Esse trabalho que o poder público não faz. Dourados está muito aquém de outros municípios. Aqui ainda continua usando carroça, tração com cavalo, explorando os animais”, afirma a ativista.

Thais explica que a associação Refúgio dos Bichos recebe denúncia de maus-tratos todos os dias “Duas ou três todo dia. Não tem como ajudar todos os casos”, disse. Sobre os resgates, ela considera que falta a aplicação da lei para quem maltrata animal. “Descaso total, temos que fazer valer a lei de nosso município sobre os maus-tratos. Os tutores não são multados. Muitas vezes, fecham os olhos para as denúncias que fazemos”, afirma.

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